O FURACÃO PASSOU, MAS ALGUMAS VÍTIMAS PRECISAM SER RESGATADAS

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FOTO: BRUNO CANTINI/ATLÉTICO

Quando Alerrandro nasceu em janeiro do ano 2000, Ricardo Oliveira estava perto de completar vinte aninhos, vestindo a linda camisa da Portuguesa. O garoto Alerrandro chegou para reforçar o sub-14 do Galo em 2014, quatro anos antes do filho de Ricardo Oliveira estrear na mesma categoria do clube. A lista de curiosidades proporcionadas pela diferença de idade entre a dupla é fantástica, o passado mostra o potencial de Alerrandro para o futuro e justifica uma possível falha na memória de Oliveira ao listar tantos títulos e artilharias da carreira.

Uma das principais heranças da carreira de Ricardo é a experiência para superar as adversidades e essa experiência foi exposta mais uma vez em coletiva na Cidade do Galo. Mesmo que as palavras calmas irritem os que gostam de discursos acalorados, o atleta faz uma leitura interessante do cenário coletivo da equipe de Rodrigo Santana. Sem usar palavras ligadas à religião, mesmo que a fé seja uma característica marcante do jogador, o atacante tentou explicar aos jornalistas o que está acontecendo e porque está acontecendo, na prática, incluindo uma superdose de autocrítica. Respostas mais produtivas, que fogem do tradicional “vamos tentar trazer os três pontos para subir na tabela”.

Enquanto Ricardo falava, pensei nos concorrentes da vaga. Alerrandro já marcou treze gols em 2019, mas passou em branco na Copa do Brasil e o a tonelada que carregava nas costas quando subiu para a equipe profissional parece ter voltado. Rafael Elias, o Papagaio, ainda não balançou as redes em Minas e a terceira opção do ataque pode ter menos chances na reta final de 2019 após a chegada de Franco Di Santo. Certamente, um roteiro muito diferente do que planejou ao se apresentar no clube.

Papagaio e Alerrandro sabem da qualidade demonstrada nas categorias de base do Palmeiras e do Atlético, o que levou ambos a seguidas convocações para as seleções de base. No Galo, a arquibancada não se importa com o passado, quer gols no presente e a dupla não possui a mesma casca de Ricardo para os momentos de turbulência. É um efeito dominó, quanto maior o jejum de gols, maior a pressão, quanto maior a pressão, mais difícil parece ser para voltar a marcar os gols.

Nos microfones, repetir que está pronto para superar o período de crise se tornou comportamento comum, mesmo que internamente o sentimento seja outro. “Tem que estar pronto para vestir uma camisa tão pesada” é uma frase dita pelos ídolos da molecada e repetida de forma robótica desde que Charles Miller trouxe o esporte para o Brasil.

Na prática é diferente, temos dois garotos transpirando ansiedade pela fase ruim e pelas críticas vindas da torcida e imprensa.  Somadas as idades de Alerrandro e Papagaio, temos exatamente a idade de Ricardo Oliveira. Se voltássemos no tempo, encontraríamos um Ricardo angustiado pela incerteza ao se transferir para o Santos, o travesseiro passa a ser inimigo nas noites em claro. Essa voz que conversa sozinha na mente pergunta aos artilheiros o tempo todo – “O que está acontecendo? O que vai acontecer?”

Até a parada para a Copa América, Jair e Vinícius não serviam para vestir nosso Manto e hoje são os xodós da Massa. O mundo também pode dar voltas (ou não) para os atacantes do Atlético. Minha preocupação é a maneira como nós, clube, imprensa e torcida, estamos contribuindo para que essa pedra enorme saia das chuteiras dos artilheiros para que eles façam a arquibancada explodir novamente. Como diria o meu pai, Ricardo é grandinho, sabe se virar, mas Alerrandro e Papagaio precisam de mais do que um puxão de orelhas no momento. É hora de abraçá-los.

 

AGENDA DO FINAL DE SEMANA

10/08 Sábado, às 10h, o Sub-20 enfrenta o Coimbra, no CT do Coimbra, em Contagem, pelo Mineiro Sub-20.

10/08 Sábado, às 15h, o Galo Futebol Americano enfrenta o Challengers FA, no Campus do Centro Universitário Moura Lacerda, em Riberão Preto,

10/08 Sábado, às 21h, o Atlético enfrenta o Fluminense, no Independência, pelo Brasileiro.

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