O GALO DO LEVIR EM 2014, 2015 E 2019

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FOTO: BRUNO CANTINI/ATLÉTICO

Não havia muito o que fazer em 2018. Após a demissão de dois treinadores, Levir assumiu o Atlético em queda livre de rendimento, um time recheado de atletas que não conhecia e um clube administrando crise externa com a iminente demissão do diretor de futebol. Passada a tempestade, garantiu vaga na Libertadores e pôde começar o trabalho quase da estaca zero, dando nova cara ao time durante a pré-temporada.

Já estávamos acostumados ao estilo de jogo dos últimos treinadores, com excessiva troca de passes, valorizando a posse de bola, mas que apresentava dificuldade de concluir em chances de gol. Na goleada sobre o BOA, a impressão é que Levir volta com a proposta de aproveitar a velocidade de Chará e Luan, além da precisão do passe de Cazares, para chegar mais rápido à área adversária. Réver também chegou a tentar ligação direta no estilo de jogo que terá outros nomes à disposição, como Blanco e Maicon.

As características das peças ofensivas citadas lembram o time montado por Levir em 2014 com Dátolo, Luan, e Carlos, que, apesar de questionado pela torcida, atendia o que era proposto pelo comandante. Caso a troca de Luan por Romero se concretize, o paraguaio ainda conseguiria manter o estilo Galo Doido de Levir, amado pela torcida e questionado pelos atletas, como Fábio Santos, em entrevista à rádio 98FM.

Maicon pode ser o décimo segundo jogador, como foi Maicosuel, e Vinicius, rei das assistências no Bahia de 2018, seria o “cara” do passe no banco de reservas, como Guilherme seria em 2014, não fosse a carteirinha de sócio do departamento médico. Se Rafael Carioca garantia qualidade na saída de bola dos volantes, Elias e Blanco receberão a missão em 2019. Apenas as laterais destoariam, já que Marcos Rocha e Douglas Santos vinham em momentos melhores que os atuais nomes.

Em 2015, a fórmula fez milagre com Giovanni Augusto e Thiago Ribeiro como novidades. O banco de reservas limitava mudanças na maneira de jogar, já que Maicosuel e Guilherme deixaram o clube em uma temporada de poucas contratações. Cárdenas e Dodô não emplacaram e mesmo com todas as dificuldades, Levir terminou o Brasileiro na segunda colocação e com o segundo melhor ataque da competição.

Se a pressão arterial não sofre alteração ao dizer que o time atual (no papel) é superior ao de 2015, o coração dói ao afirmar que o grupo de 2019 também é superior (no papel) àquele colecionador de viradas históricas na temporada 2014. O estilo de jogo ofensivo costuma prolongar a vida dos treinadores por ganhar o carinho do torcedor viciado em adrenalina. Como o próprio Levir disse na primeira coletiva após o retorno ao Galo – “Vai ter emoção”!

A partida contra o Boa também deixou isso claro. Mesmo com a goleada e a vulnerabilidade do adversário, Victor fez boas defesas para garantir a tranquilidade do placar. Fosse contra um time mais qualificado, teríamos problemas semelhantes aos de 2014 e 2015, com ótimos números no ataque, mas sofrendo muitos gols.

A fórmula mágica do burro com sorte deu certo em 2014 e bateu na trave em 2015. O perfil dos ingredientes pouco mudou e a receita é idêntica. Pés no chão, mesmo com a goleada, sem empolgação exagerada e bora para o Mundial de clubes.

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