O GALO NÃO É DO SÉRGIO. LUTE!

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FOTO: BRUNO CANTINI/ATLÉTICO

Hoje é uma daquelas noites em que o atleticano tem comportamento padrão, seja em Minas Gerais ou no subúrbio da China. Procuramos qualquer distração positiva para não pensar na situação que que estamos passando e no que está por vir. Seu corpo está no jantar da família ou no rolê com a gata, mas a cabeça não para de remoer o sentimento que aperta o peito. Mexer com o Galo é mexer com a gente, não tem como separar. Você se pergunta como foi que voltamos a esse cenário, um remake dos nossos piores pesadelos, agora em HD.

Não é difícil saber quais são os sentimentos e reações do atleticano, de uma maneira geral. Aliás, uma característica que sempre me encantou na nossa torcida é a capacidade de ficar de pé, de cabeça erguida, mesmo nas adversidades, e exigirmos dos companheiros que fizessem o mesmo, com ou sem tempestade. Levanta a cabeça nesse túnel, Belleti, nós fomos valentes. Seca as lágrimas, Belmiro, olha para a arquibancada cantando o hino na queda. Esse Mineirão é testemunha de que o Galo é o melhor time do país em 1977, então deixaremos o gramado abraçados. Atualmente, sinto que já não conseguimos repetir esses gestos. A tirania venceu.

Os protestos são cada vez menores, nos convenceram de que não adianta gritar em frente à Sede de Lourdes, pois o revestimento acústico do orgulho é resistente aos anseios do povo. Demonstrar insatisfação na arquibancada é colocar em risco a permanência no estádio, tudo pode acabar em boletim de ocorrência na delegacia. E pensar que eu comprei a briga de que nós ainda somos o verdadeiro time do povo… O povo não se sente representado pelo presidente, não se orgulha dos que vestem a camisa atualmente e se entristece pelos profissionais que colocaram o clube na atual situação. O povo precisa reerguer a cabeça, tomar o que sempre foi dele, precisamos humanizar o Atlético novamente, como ouvi há alguns dias de um símbolo da nossa arquibancada.

Já não temos a imagem do salvador da pátria, o salvador da Massa. Quem ocupou esse posto no passado, agora caminha pela política. É preciso encontrar algo que nos motive, nos faça entrar de verdade nessa briga, largar o discurso de “eu desisto” por “eu ainda acredito”. Tentam associar o ‘eu acredito’ a resultados, vitórias ou derrotas, quando, na verdade, ele é o símbolo de que o atleticano pode mudar o impossível quando deseja do fundo da alma.

O Galo não é do Sérgio e, se necessário, eu acredito que nós conseguiremos tirá-lo de lá. Em pouco tempo ele será apenas uma foto cinza na parede fria do Conselho Deliberativo, ao lado de Paulinos, Curys e outros, mas nós continuaremos na arquibancada. Tenho fé de que nosso povo retomará suas principais características, pois fomos colocados contra a parede nesse momento.

Não é a gente quem tem que perder o doce sabor de acompanhar o futebol, são eles quem tem que sentir o gosto ácido por deixarem o Galo nessa situação. Seremos espinho na carne, ainda que venham nove vitórias seguidas, cuspiremos no arroz com feijão que nos oferecerem. Lutar, lutar, lutar, como sempre fizemos, como faremos agora. O Galo não é do Sérgio.

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