O HORTO VOLTOU A SER DUCARALHO

Compartilhe

FOTO: PEDRO SOUZA/ATLÉTICO

É provável que ao ler esse texto, seu cérebro fique repetindo o tempo todo – “Mineirão, Mineirão, Mineirão”! Esse não é um texto sobre o gigante da Pampulha, então não citarei aqui a saudade do salão de festas, como seria o público lá com a nossa atual campanha e qual seria nossa melhor opção até a inauguração da Arena MRV. Você abriu a porta para falarmos sobre o Independência, então puxe uma cadeira, abra uma garrafa e vamos conversar.

A admiração de outros torcedores, atletas e treinadores pela nossa torcida nunca foi segredo para ninguém. Você viaja com o manto alvinegro por outros estados e pessoas puxam assunto para falar da Massa alvinegra. Jogadores e técnicos chegam por aqui ou participam de programas esportivos e citam momentos em que enfrentaram o Atlético e testemunharam muito apoio e barulho nas arquibancadas.

Só que, desde 2012, o Independência passou a ser complemento nos comentários dos adversários. Wagner, ex-jogador do Vasco e fã da Massa desde a época em que vestia azul em Minas, citou em entrevista ao SporTV que a arbitragem entra pressionada e que é um inferno até mesmo para aquecer com atleticanos xingando os adversários todo o tempo. Juvenal Juvêncio comparou o Horto a uma arapuca, Abel Braga disse que sequer conseguia conversar com o time, entre tantas outras declarações sobre a pressão vivida no estádio.

Veio 2017 e a desorganização fora dos gramados refletiu em diversas áreas do clube, inclusive no aproveitamento como mandante. Passamos a entrar derrotados e de cabeça baixa na nossa própria casa, culpamos o presidente, o treinador, os jogadores e, obviamente, o Independência. A relação entre o caldeirão e o atleticano foi enfraquecida, mas começamos a recuperar a arapuca na atual temporada.

Desde a reinauguração, em 2012, dos dez melhores públicos do Horto, cinco são de 2018. Mesmo com seis partidas por fazer até o final do campeonato, já giramos a catraca mais do que nas temporadas 2012, 2015 e 2016, estamos a 4 mil da marca de 2014 e, provavelmente, bateremos as marcas de 2013 e 2017 até dezembro. No Brasileiro, o Atlético é o único clube com ocupação acima de 70% da capacidade do estádio. Conquistamos 29 pontos como mandante, um aproveitamento de 74,36%.

Ok, eu prometi não falar sobre o Mineirão, mas nesse caso é preciso citá-lo. Nossa paixão pelo Minera e a vontade em voltar para casa distorce a forma como vemos o Independência; basta uma derrota para nos perguntarmos se acabou a mística do Horto. Com todos os empecilhos nos bastidores que impedem um retorno ao Mineirão, deveríamos focar em ações que potencializem a capacidade que temos de fazer do Horto o estádio mais temido da América do Sul. Exagero? Pergunte aos treinadores que desembarcam em Belo Horizonte dando a vida por um pontinho, independentemente da posição na tabela.

Temos duas opções – passamos os próximos anos lamentando o fato de estarmos em um estádio com capacidade menor ou encaramos que será assim e usamos os pontos positivos do Independência a nosso favor até a inauguração da Arena MRV. Existe a injustiça do número limitado de pessoas em jogos decisivos, visibilidade ruim em alguns setores e um clube pequeno que barra nossos planos de ampliação para fechar a ferradura, podemos listar pontos negativos em diversas áreas. A maioria deles sem o poder de interferência do Atlético. Por ser uma casa temporária, deixemos de lado as reclamações e que possamos focar e gastar nossa energia em apoio, festa e pressão nos rivais.

E se a Massa joga junto, é preciso que a instituição jogue junto também. Como? Além de estimular a sintonia entre jogadores e torcida, continuar praticando preços justos até a reta final do Brasileiro, congelando valores, mesmo que alcancemos as primeiras posições, dando suporte às torcidas em todas as ações planejadas, pensar grande, fugir do óbvio. Quando esbarrarmos no ‘isso é proibido’, que possamos buscar soluções, como foi em um mar de sinalizadores contra o Santos, no Mineirão, pela Copa do Brasil 2010.

O departamento de marketing precisa encarar o Horto como caldeirão para pensar em ações que envolvam até mesmo os pequenos detalhes, como antecipar a entrada do torcedor. Temos o hábito de curtir o pré-jogo com os amigos do lado de fora até o último minuto, mas estar na cadeira quando as equipes entrarem em campo faz toda a diferença, não só nos dias em que houver mosaico. A cobertura da TV Galou com imagens do vestiário, informações da escalação e entrevistas com o torcedor é um bom exemplo disso. No portão 6, a Galoucura tem feito um aquecimento com a bateria no corredor, o que já é um fator a mais para que o Atleticano antecipe a entrada.

Decisões simples, como a volta das faixas e músicas no telão, dão nova vida ao estádio. Aliás, ainda não temos A MÚSICA do campeonato, aquela novidade que levanta o astral, mesmo nos momentos de tensão das partidas. São detalhes que parecem inúteis, mas que se unem para transformar o gramado em território hostil a quem nos visita.

Se a torcida já estava legal em 2018, após a declaração de Ricardo Oliveira, pregando que time e torcida devem estar unidos no EU A ACREDITO, a energia ficou dez vezes melhor contra São Paulo e Atlético Paraguaiense. Os adversários sabem que o Horto é um caldeirão e nós, time e torcida, começamos a nos lembrar disso.

Compartilhe