O INTOCÁVEL RICARDO

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FOTO: BRUNO CANTINI/ATLÉTICO

Apesar de ser dono do sexto melhor ataque do Brasileiro, o Atlético enfrenta um problema crônico no setor ofensivo. Em dezoito rodadas do primeiro turno, apenas cinco gols marcados pelos homens de área, o que proporcionou um intenso roteiro de trocas na posição. Da ascensão de um garoto da casa a pequenos testes com quem veio por empréstimo, fechando com o anúncio de gringo para o setor, tudo para voltarmos à primeira opção, o intocável Ricardo Oliveira.

A crise se agravou após a intertemporada, com apenas dois gols anotados, desde então, pelos principais responsáveis por balançar as redes. Franco Di Santo precisou de cinquenta e dois minutos em campo para comemorar o primeiro gol com a camisa alvinegra. Alerrandro chegou a brigar pela artilharia do Mineiro, fez dois gols na Libertadores que garantiram a classificação para a Sul-Americana, voltou a marcar contra o La Calera, levando a partida para os pênaltis, e fez outros dois no Brasileiro. Ricardo Oliveira marcou na estreia, contra o Avaí, e voltou a balançar as redes na 14ª rodada, contra o Fluminense, o mesmo número de gols que Alerrandro, mesmo jogando o dobro de minutos na competição (985 x 515).

Em coletiva na Cidade do Galo, ao falar sobre a utilização de Bruninho no meio, Rodrigo Santana afirmou que dá oportunidades para quem vem no momento com um pouquinho mais de confiança. Com certeza o critério não vale para Ricardo Oliveira, que se apoia no fantástico currículo construído no passado para se manter entre os titulares. Se a expectativa ao optar pelo camisa 9 era o peso da experiência para os momentos decisivos, o que se viu em campo foi um atacante apagado e sem brilho. Dois gols no Brasileiro, um gol na fase de grupos da Libertadores, passando em branco na Sul-Americana e na Copa do Brasil.

Aos trinta e nove anos, o gás parece ter acabado ainda no estadual e nas fases preliminares da Libertadores, quando garantiu onze gols. Deixando de lado o estadual, são sete gols em trinta jogos e a pífia média de 0,23 gol marcado por partida. O prêmio pela péssima fase foi a braçadeira de capitão contra o La Equidad, graças ao espanhol aprendido após longo período na Espanha. Hablar com os hermanos foi o grande momento de Oliveira nos últimos meses. Com contrato até dezembro de 2020, os belos discursos nas coletivas também contribuem para que haja mais paciência com o atacante. Enquanto a fase ruim não passa, dependemos dos gols de zagueiros, meio-campistas e de quem atua pelos lados do campo.

Papagaio conta os segundos se apresentar em outro clube, Alerrandro é o retrato de uma base desmotivada no clube que tem medo de usar o que está no próprio terreiro e Di Santo já percebeu que desbancar Ricardo Oliveira é missão impossível na Cidade do Galo. Nos microfones, Ricardo insiste que a idade ainda não interfere no desempenho em campo. Restando apenas três jogos para a conquista da Sul-Americana e com o returno inteiro do Brasileiro pela frente, chegou a hora de comprovar em campo que ainda há lenha para queimar. E por mais que ele consiga atuações melhores nos meses que restam em 2019, fica a lição para a janela de transferências que insistir no pastor em 2020, ano em que assopra 40 velinhas, é aposta arriscada. E apostar é pecado.

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