O MINEIRÃO É NOSSO, TEM QUE RESPEITAR

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Dia desses, estava eu na bancada do Alterosa Esporte, quando meu amigo Hugão disse que o Cruzeiro sempre levou mais torcedores ao Mineirão. Mesmo que o Leopoldo Siqueira fizesse sinal de que não havia tempo para comentários e desse três piruetas invertidas no ar preocupado com o relógio, eu tinha que responder essa.

Prometi pesquisar números da história e comprovar que o Hugão tinha blasfemado na TV. Foi fácil, mas não foi prazeroso, pelo menos metade dele. Graças ao bom trabalho da Cruzeiropedia, visitei a ficha técnica de centenas de jogos do rival para não levar informação errada ao público. Aliás, abro parênteses para lamentar que o site tenha editado a ficha do 9 a 2 recentemente e acrescentado um texto recheado de mentiras. Existem jornais da época sobre a goleada, basta boa vontade dos olhos de quem procura. A outra parte da pesquisa foi possível através do site Galo Digital e do livro “Galo – Uma paixão centenária”. De 2007 a 2010, quando peguei ficha por ficha dos dois times, ignorei clássicos entre as duas equipes, independente do mandante.

Voltemos ao Mineirão. A eterna casa do atleticano começou logo na década de 60, quando o clube de azul montou um bom time. Só que nas arquibancadas de Minas, clássico das multidões era Atlético e América, com as demais torcidas correndo por fora, por isso não me preocupei. Aliás, o Mineirão foi construído pela necessidade de um estádio que coubesse o público alvinegro em BH. Fomos melhores nas catracas em quatro temporadas e o rival em uma.

Tivemos o melhor público do Mineirão em oito temporadas, enquanto o Cruzeiro alcançou o feito duas vezes. De 1980 a 1989, a torcida azul deixou os americanos para trás, mas permaneciam atrás dos flamenguistas no estado. Mais uma vitória tranquila da Massa alvinegra, outro 8 a 2.

A conquista da Libertadores (97) e de seis estaduais (90, 92, 94, 96, 97, 98) pelo Cruzeiro, na década de 90, era a chance de lotar o Mineirão e surpreender o Atlético. Até que foi apertado dessa vez, 6 a 4 no placar de melhores públicos do Mineirão. Porém, o país via novamente o apoio dos atleticanos nas conquistas da Conmebol de (1992 e 1997), vice da Conmebol (95), Mineiro (91, 95 e 99), além das boas campanhas em Brasileiro, sendo finalista (99) e semifinalista em quatro ocasiões (91, 94, 96 e 97). No centenário de BH, campeão enfrentando Milan, América, Corinthians e o freguês azul na final.

Em 1997, em uma final do Mineiro entre Cruzeiro e Villa Nova, houve promoção que mulheres e crianças não pagavam. A gratuidade e a proximidade do título deu a chance para o cruzeirense falar sobre torcida por anos. Afinal de contas, não importa encher estádio sempre; se alcançar o feito uma vez, tem que ser comemorado o feito raro.

Novamente semifinalista do Brasileiro em 2001, o atleticano previa uma década abençoada. Foram sete anos sem levantar taça, um rebaixamento, campanhas ruins no Mineiro, no Brasileiro e o ano do centenário apagado. Trágico! A única coisa que não mudou foi a festa da Massa no Minera. O outro lado da lagoa conquistou o Brasileiro e foi figurinha frequente na Libertadores. Vai, cruzeiro, se consagra, mostra a força da sua torcida, gira essa catraca. Que nada! Supremacia atleticana novamente com oito temporadas levando mais público no Mineirão contra dois anos do Cruzeiro. Desisto!

Em 2006, com O Galo na série B, recorde de público de todas as divisões. Os jornais dos países foram obrigados a falar sobre a competição diante do show do povo na arquibancada. Em 2010, antes da despedida do gigante para a reforma da Copa do Mundo, melhor média alvinegra novamente. Para não deixar o ano sozinho, vamos somar os 8 a 2 da década anterior. Olha outro 9 a 2.

Cruzeirense, se quiser debater, recomendo que falem dos títulos, já que realmente existem. Só não fale sobre arquibancada, apoio e torcida, pois o amor do atleticano não é de lata, não enferruja com o tempo. Sempre fomos os donos do gigante da Pampulha, usamos o Horto para aterrorizar a América e agora preparamos a Arena MRV para escrevermos novas páginas na nossa história. Infelizmente não será possível prosseguir com a lavada na comparação dos públicos, pois vocês continuam com o pagamento (mesmo que na justiça) do aluguel para a Minas Arena.
Fica a dúvida. Desde 2013 jogando praticamente sozinho no Mineirão, será que já conseguiram tirar essa diferença de dois milhões? Desde 1965, o Mineirão é nosso. Tem que respeitar!

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