O PIOR MOMENTO PARA SE VIVER UMA BOA FASE

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FOTO: BRUNO CANTINI/ATLÉTICO

Existe momento ruim para se viver boa fase no futebol? A frase pode parecer confusa, mas as temporadas de 2018 e 2019 do Atlético têm a resposta para esse questionamento. Durante a pausa para a Copa do Mundo de 2018, a equipe de Thiago Larghi era vice-líder do Brasileiro e as eliminações vexatórias do primeiro semestre foram esquecidas graças à boa campanha nas rodadas iniciais. O técnico recém-efetivado ouvia dos dirigentes nos microfones que havia um elenco qualificado e que a tabela do campeonato comprovava isso. Não havia momento pior para Larghi brigar na ponta do campeonato. Enquanto fazíamos planos de carreata pela cidade em dezembro, o técnico recebeu peças que pouco contribuíram para o restante do ano. A ilusão chegou ao fim na décima terceira rodada, quando conquistamos quatro pontos em quinze jogos, incluindo tropeço com o Bahia e derrota para o Internacional no Horto. Lembre-se que estamos falando de 2018.

Qualquer semelhança com o presente não é mera coincidência. Rui Costa disse em entrevista coletiva durante a pausa para a Copa América que o elenco era qualificadíssimo, desde então, anunciou peças que Rodrigo Santana não pediu e o treinador recém-efetivado viu o clube despencar na tabela. Nosso elenco sempre foi para o meio da tabela e a empolgação por um bom início de competição tirou nossos pés do chão. Chegou a hora de aterrissar!

Em 27 de junho de 2019, publiquei nesse espaço a crônica ‘Não deu liga antes, vai dar liga agora’? Nela, cito o trecho a seguir – “Caso o pior aconteça (tá amarrado em nome de Jesus), parte da torcida colocará a culpa na inexperiência do treinador em grandes competições, talvez vejamos dirigentes em coletivas culpando a arbitragem e no fim de tudo não teremos aprendido nada novamente”.

O pior aconteceu na Copa do Brasil e tem acontecido no Brasileiro com placares e atuações inaceitáveis. Culpamos juízes e foi dada a largada de questionamento ao trabalho de Rodrigo Santana. Chega a ser entediante de tão previsível. Já não monitoro os compromissos de Palmeiras e Flamengo, agora é hora de olhar para trás na tabela e nos preocuparmos com Botafogo, Vasco, Ceará e Fortaleza.

Caso não vença a Sul-Americana, ficaremos na torcida por uma arrancada nas últimas rodadas para comemorarmos vaga nas fases preliminares da Libertadores 2020. Em 2018, Levir Culpi alcançou quatro vitórias nas últimas cinco rodadas, nos levou para a competição continental e, apesar de absurdo, ouvimos que aquele cenário comprovava que não era preciso grandes mudanças no elenco para o ano seguinte. Por isso o texto de hoje não é sobre outubro ou novembro, apenas um alerta de que estamos repetindo todo o roteiro da temporada 2018. Precisamos de uma renovação gigante no elenco triturador de técnicos. Temo pelo perfil de reforços anunciados nos últimos dezenove meses, mas oxigenar o atual grupo é necessário.  Uma possível derrota na Sul-Americana e sequência ruim no Brasileiro é o atalho para fritarmos mais um treinador.

Acha que estamos vacinados e não esquecemos tão facilmente dos períodos ruins? Então esquece os exemplos de 2018 e veja apenas o que vivemos em 2019. Perda do título do estadual pelo segundo ano seguido e festa dias depois pela arrancada no Brasileiro, eliminação da Libertadores e alívio ao conseguir classificação “sufrida” para a Sul-Americana, eliminados pelo rival na Copa do Brasil e calculadora na mão para imaginar as chances de título no Brasileiro após oito jogos de invencibilidade. O arroz com feijão continua enchendo nossa barriga. É que, em janeiro, os microfones nos convencem de que é lasanha, o prato não fica bom, a gente demite o cozinheiro, mas o dono do restaurante continua achando que arroz com feijão é o suficiente.

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