O PRÓXIMO TÉCNICO DO ATLÉTICO

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FOTO: SITE DA CBF

Chegou a hora de contratar o novo treinador do Atlético, decisão fundamental para alcançar o sucesso ou trilhar para o fracasso na temporada 2020. A lista de boas opções no mercado nacional nunca esteve tão pobre e importar “teacher” do exterior tem se tornado rotina entre os principais clubes do país. Em solo brazuca é possível encontrar todo tipo de profissional nas prateleiras, os ultrapassados, caros, apostas e os promissores. O Atlético já tentou de tudo, quem tinha identificação com o clube (Marcelo Oliveira), promissor (Roger Machado), gringo (Diego Aguirre), solução caseira (Thiago Larghi), buscou no sub-20 (Rodrigo Santana), velho conhecido (Levir Culpi), ressuscitou nomes (Oswaldo de Oliveira), confiou no que era rejeitado em todo o país (Vagner Mancini), partiu para o desespero (Micale), mas nada adiantou.

Então qual é o perfil ideal para 2020? Escolher não é tarefa fácil, já que a decisão não está nas nossas mãos e só avaliamos a obra pronta, depois que a vaca foi para o brejo. A fórmula para dar certo ou errado não é exata, mas, quase sempre, o caminho do fracasso é mais nítido no futebol. Acertar na escolha aumentam as chances de iniciar um efeito dominó positivo e é esse empurrão na primeira peça que falta ao Galo nos últimos anos. As contratações passam a render mais, mesmo os escambos improvisados, a transição de peças das categorias de formação não acontece de forma desordenada e você consegue criar um padrão de jogo que permanece, mesmo quando é necessária a utilização de um time alternativo ou na troca do profissional à frente do time quando o ciclo se encerra.

Vamos à nossa realidade para 2020. É provável que tenhamos a maior reformulação de elenco da década, fruto de contratações sem critério, erros nas avaliações de atletas disponíveis no mercado e elenco desequilibrado, principalmente pelo alto número de atletas veteranos. Fora da disputa da Copa Libertadores da América e mantendo o discurso de baixo investimento na aquisição de jogadores, não adianta sonhar com técnico que já tem em mãos uma extensa lista de nomes de confiança e que vai colocar o presidente contra a parede pedindo um reforço por semana. É o que queremos, mas não é o que teremos, então não seremos Alice no país das maravilhas.

Rogério Ceni passou duas temporadas com o modesto elenco do Fortaleza nas mãos, subiu de divisão, ganhou a Copa do Nordeste, o cearense, passou uns dias descansando em Minas Gerais e terminou o Brasileiro na nossa frente. Se tivesse poder de decisão quando encontrou maçãs podres do lado azul de BH, poderia ter salvado o clube do rebaixamento. Deveria ser o primeiro nome na agenda de Rui Costa. Mesmo que já tenha dito ‘não’ no passado, vale inspirar-se naquela música do Gabriel, o Pensador, e seguir o lema – já levou um fora do alfabeto inteiro, o que é que tem ouvir MAIS um não dele também. Se Rogério optar por Fortaleza ou Curitiba, paciência. Não dá para julgar alguém que recuse o clube que se tornou referência no país pela baderna na maneira como (não) planeja o departamento de futebol.

Sondado no Atlético após a demissão de Levir Culpi, Odair Hellman também trabalhou em situações adversas no Internacional após o retorno para a série A. Vice-campeão da Copa do Brasil, foi vítima de um desgaste comum em profissionais com muito tempo de casa. Vale sentar e conversar com o tio da maionese para entender como ele trabalharia a renovação necessária na Cidade do Galo e quanto isso custaria aos nossos cofres.

Ainda é caro demais, Sette? Sabe quando você chama o dono do comércio e pergunta se não tem nada mais em conta? Ele pega uma escada, sobe na prateleira abandonada, tira a poeira de algo estranho e oferece como o produto mais barato? Você leva por estar hipnotizado pelo número baixo na etiqueta, apesar da sensação de não ser o que procurava e com a possibilidade de uma manutenção antes da utilização. Esse seria o Enderson Moreira, Jair Ventura, Lisca Doido etc. Pode durar um ano ou um mês. Vai arriscar?

Carille é segundo assunto mais comentado nas mesas de bar das Minas Gerais. Perde apenas para a série B azul. O problema é que ele não sabe o que quer, se vai ficar no Brasil, Ásia ou futebol árabe. Não existe diálogo entre um clube que não sabe o que procura com o treinador que não sabe para onde vai. Só nas canções de Renato Russo temos todo o tempo do mundo. O mês de dezembro é mais cruel e já temos muito tempo perdido. Segue o baile. Buscar no exterior? Quem? Por qual motivo? Apenas por ser gringo, baseado no sucesso de Jesus e Sampaoli? Cuidado com a síndrome de Terans, citada por aqui (clique para ler).

Também não dá para viver à sombra eterna de Cuca sem sabermos todos os detalhes da relação entre ele e o Atlético/dirigentes do clube. Dívida, stress na saída em 2013, exigências para uma possível volta, não importa nada disso. Se não vai voltar, obrigado pelo passado e seguimos em frente. Mano conta com imensa rejeição em Minas Gerais, Abel Braga e Felipão parecem caminhar para o estilo de vida de Levir Culpi, cansados das décadas na rotina futebolística. O funil vai ficando cada vez mais estreito e o relógio não para, enquanto o mercado de transferências segue intenso, enquanto nós não sabemos qual é o perfil de atleta que se encaixa com o estilo de jogo do treinador da próxima temporada. Não é ansiedade, é trauma com o passado.

Precisamos responder logo a essa série de perguntas:

– O que nós queremos?

– Onde o presidente e o diretor de futebol querem chegar?

– Quanto podemos pagar?

– Quando iremos anunciar?

– Quem nosso futuro técnico quer e quem ele não quer?

– Qual é o único time de Minas Gerais na série A em 2020?

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