FOTO: BRUNO CANTINI
Calma que não vou usar aquele argumento de que utilizar o time reserva é a melhor decisão para focarmos na Copa Sul-Americana por estarmos na reta final e enfrentando times modestos. Deixo de lado também o clichê de “faltou raça, amor à camisa, sede de ganhar”, já que a desorganização quase sempre é confundida com falta de raça em campo.
Ao escalar nove reservas contra o Bahia, além dos três que deixaram o banco durante o jogo, Rodrigo Santana escancara uma característica do Atlético no mercado de transferências durante a atual gestão. Trocamos seis por meia dúzia constantemente, mudamos os nomes que integram o elenco, mas continuamos a deixar uma batata quente nas mãos dos treinadores. Denilson se despede, chega Papagaio, o atacante emprestado pelo Palmeiras não emplaca e apostamos em um jogador livre no mercado, sem sucesso na Europa e com poucos gols no currículo. Pode ser que seja uma corneta precoce em relação a alguns nomes citados aqui, como Di Santo ou Hernández, mas até que provem o contrário, inchamos a folha salarial com jogadores do mesmo nível ou abaixo do que já estavam na Cidade do Galo.
Vamos aos clubes que brigam por título no país. Não que o elenco do Palmeiras precisasse se reforçar, mas o alviverde anunciou Ramires, Vitor Hugo, Luiz Adriano e Dourado. No Flamengo, Rafinha, Gerson, Filipe Luís e Pablo Marí desembarcaram no Rio. O São Paulo ganhou manchetes mundiais com Dani Alvez e Juan Fran, além de buscar Raniel no Cruzeiro. Até o Corinthians, outro com escorpião no bolso, trouxe de volta o ídolo Gil, zagueiro que estava na China. É fácil citar apenas clubes do eixo? Então vamos para outros estados; perdemos Tardelli e Luciano para o Grêmio, Pedro Rocha e Rodriguinho foram para o outro lado da lagoa.
Treinadores que indicaram atletas que se encaixavam no estilo de jogo proposto e receberam peças para aumentar a qualidade do elenco. Santana ainda não teve esse mimo, o diretor fala quem está chegando e o técnico que se vire para pensar como vai utilizar cada um. Fábio Santos fez um péssimo primeiro semestre, pedimos uma sombra e as primeiras atuações de Lucas Hernández fazem a torcida agradecer por Fábio Santos voltar na próxima partida. O Santos buscou Jorge, citado pelo presidente Sette Câmara como um jogador caro que estava sem jogar. Semanas após desembarcar no Brasil, Jorge foi convocado por Tite para os amistosos contra Colômbia e Peru.
Questionamos a ausência de um substituto para os dias ruins de Cazares e Chará e fomos obrigados a comemorar a volta de Otero, candidato a perder vaga no time B e migrar para a terceira equipe. Alguns gols de falta fizeram com que nós colocássemos Otero em uma prateleira que ele não está. Contra o Bahia, Otero foi substituído e Maicon entrou em campo sem conseguir mudar a cara do time de Rodrigo Santana. Maicon veio para ocupar a lacuna deixada por Edinho, emprestado para o Fortaleza e em breve emprestaremos Maicon para buscarmos outra opção para o setor. Quantos jogos Terans incendiou desde a sua chegada? Sair dos onze titulares é dar uma árdua missão a Santana para escalar o time B, com exceção de Alerrandro, encontramos meio-campistas e atacantes que pouco contribuíram nas oportunidades que tiveram em 2019.
Maicon, David Terans, Leandrinho, Edinho, Denílson, Papagaio, Galdezani, Tomás Andrade, Juninho, Hernández, Arouca, Samuel Xavier, Rea. Usar o time reserva evidencia que atual administração apresenta muito e reforça pouco. O treinador arca com as consequências quando não consegue fazer mágica e os gritos de burro ecoam pela arquibancada.
Precisamos de uma grande renovação de elenco no final da atual temporada e temo pelo que podemos vivenciar em janeiro de 2020. O maior desafio agora é fazer a linha do gráfico de qualidade subir ou teremos sempre que optar por uma competição, deixando de lado o Brasileiro e aumentando o jejum de títulos nacionais. Quando optarmos pelo Brasileiro, encontraremos elencos fortes ou clubes que contratam pontualmente, deixando sempre aquele gostinho de quase para o atleticano.