O TIME NESSA SITUAÇÃO E OS CARAS JANTANDO

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FOTO: BRUNO CANTINI/ATLÉTICO

No último texto publicado nesse espaço, abordei a lucidez necessária em momentos de crise para que sejamos capazes de detectar que nós, torcedores, repetimos as mesmas ações de outros períodos de turbulência do passado. Diante da seca de gols no ataque, pontos perdidos desde a pausa para a Copa do Mundo e distanciamento dos líderes na tabela, episódios da mesma novela voltaram ao NÃO VALE A PENA VER DE NOVO.

Vivemos um período no Brasil de ofensas pesadas a quem não pensa como o outro. Se ele não vota no meu político, se ele não curte meu estilo musical, se não frequenta a mesma igreja que eu, então essa pessoa não presta e vou deixar isso claro na internet com o máximo de palavrões que os caracteres permitirem. Sendo assim, certamente serei taxado como puxa-saco de dirigente e alguém que quer tapar o sol com a peneira ao expressar o que penso. Não tenho amizade com atletas, descobri nos últimos dias que fui bloqueado por dirigente e tive que me afastar de grandes amigos no clube por críticas feitas na TV e internet.

Jamais deixarei de utilizar os meios de comunicação para fazer as cobranças necessárias quando entender que são críticas pertinentes, independente do setor, da portaria à sala do presidente. Mas é preciso encontrar tranquilidade ao deitar sobre o travesseiro, ter a certeza de que não ofendi pessoas que prestam serviços ao Atlético, que eu realmente acredito naquilo que foi publicado e que não tenha sido apenas uma postagem para aparecer na timeline ou participar de um grupo específico. A crítica e cobrança também são válidas nos momentos bons, desde que bem embasadas e que a avaliação não mude quando a bola não entrar na casinha.

Depois da derrota para o Vitória, descansar o grupo passou a ser um absurdo. Volta o papo de que um pedreiro trabalha todos os dias sem descanso e que fulano bate duas peladas no final de semana e não tem lesão. Se tivéssemos voltado com os três pontos da Bahia, certamente ninguém estaria avaliando a areia da praia ou o valor do hotel onde estava a delegação. Dezenas de exames são feitos no centro de treinamento, a folha salarial conta com médicos, fisiologistas, nutricionistas e fisioterapeutas para tomarem decisões conjuntas e nós criamos a certeza de que ninguém merece descanso simplesmente pelo fato de outras equipes estarem disputando mais competições.

Levir Culpi aboliu a concentração na Cidade do Galo e quase foi queimado em praça pública diante dos resultados ruins, porém ninguém citou a decisão do comandante quando a taça da Copa do Brasil foi erguida. Ainda sobre Levir Culpi, quantas vezes o grito de “burro” ecoou no Horto com substituições que NÓS não concordamos? O burro com sorte descansou a equipe após a eliminação na Libertadores de 2014 e perdemos para o Goiás em casa. Que absurdo! Apenas um estagiário sem comando aceitaria essa “ordem da diretoria”. Lá não cabia esse comentário, né? É que adaptamos nossa avaliação de cada cenário nos momentos de raiva.

Já ouviu a frase “o time nessa situação e os caras jantando”? Acontece mais do que você imagina. Postagens dos atletas em redes sociais que renderiam boas risadas em outros momentos também recebem pedradas diariamente pelo clima de alegria após os resultados das últimas semanas. Se estivessem de cara fechada, estariam deixando claro o descontentamento no clube. Para encerrar a conta, a cereja do bolo. Áudios que, supostamente, seriam da oposição no conselho com a fórmula ideal de como administrar o Atlético. Provavelmente o Whatsapp fica fora do ar quando estamos em boa fase, pois não surge áudio algum.

Ricardo Oliveira marcou apenas em dois dos últimos onze jogos. Claramente, a fase não é boa. Se ele aparecer na igreja, não é a religião que tem atrapalhado o foco como atleta. Por diversas vezes, Tiago Larghi erra em substituições, nos nomes e no tempo de jogo que opta por elas. Quando escolhe alguém que NÓS não concordamos, não significa que ele seguiu ordens do diretor por ser jovem e ceder a pressões.

Não é o fim das cobranças no futebol do Atlético, pelo contrário, se trata de cobrar da maneira correta para sermos efetivos. Ricardo Oliveira vem mal por questões táticas? A tabela ajudou Larghi nas primeiras rodadas ou ele realmente só tem encontrado dificuldade em montar um time após as peças perdidas? O Presidente foi infeliz ao desvalorizar a Sul-Americana e a decisão não foi tomada enquanto assistia a mais uma corrida do filho na Fórmula 2, NÓS só usamos isso para ofendê-lo mesmo. No fundo, bem lá no fundo, a gente sabe, mas não tenta corrigir. Cazares atua melhor próximo dos atacantes ou buscando a bola na defesa? Então o joguinho viciante dele no Instagram não altera o rendimento em campo? Hmm… Interessante.

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