OS ÚLTIMOS SEGUNDOS DE UM 24 DE MARÇO

Compartilhe

IMAGEM: REPRODUÇÃO TWITTER DO ATLÉTICO

Não dá para dizer que é como o momento em que o relógio marca 23h59 do dia 31 de dezembro. Tudo que a gente quer no réveillon é ficar livre do passado logo e seguir a vida. Tampouco poderia comparar aos segundos que antecedem meu aniversário, pois naturalmente surge um sentimento egoísta, de pensar no individual e não no coletivo.

O calendário do atleticano é diferente! A virada do ponteiro indicando que o dia 24 de março ficou para trás dá início a uma sensação única. Por mais que haja a ansiedade pelo futuro e o desejo de saber logo como serão as páginas históricas que viveremos, é natural no nosso réveillon particular que todo atleticano reviva o passado. De 1908 aos dias atuais, como em uma prece, agradecemos aos estudantes do Parque Municipal, ao Zé do Monte, ao Zé das Camisas, ao Miquica e ao Guará por contribuírem para que o Galo fosse, desde sempre, o mais popular das Minas Gerais. Nossa certeza é que, ano após ano, jamais nos esqueceremos do nosso passado. Nunca foi preciso editá-lo, entregar na mão de publicitários ou marqueteiros para que encontrassem uma hashtag perfeita. A história mostra que a essência do Atlético é ser do povo, do preto e do branco.

Fugindo do sentimento egoísta que reina nos demais aniversários, Vicente Motta compôs nosso hino dando destaque ao coletivo, quis que a paixão estivesse no plural. NÓS SOMOS do Clube Atlético Mineiro. JOGAMOS, VIBRAMOS, HONRAMOS, por isso o NOSSO time é imortal. Imagine que triste seria afirmar que eu jogo, eu vibro, isso é coisa de arquibancada vazia, característica jamais associada ao alvinegro em Belo Horizonte. Eu vibro, eu honro, seriam versos para quem vive cheio de vaidade e Vicente Motta percebeu que a Massa fazia o Mineirão balançar cantando todos em uma só voz.

Já perceberam que não existe no planeta torcida que se curte tanto como a Massa do Galo? Constantemente perdemos o foco do que acontece no gramado para admirar o mar de camisas girando na arquibancada. Elas giraram no topo do pódio e no fundo do poço, quando foi preciso subir e quando tivemos que acreditar. Crença que ergueu o pé esquerdo na medida certa, que deixou Luan no local ideal para anotar o quarto, que derrubou Ferreyra contra o Olimpia, que explica o milagre de Dadá parar no ar por treze minutos em pleno Maracanã.

Quando nos sentimos injustiçados e abaixamos a cabeça, um punho foi erguido no Mineirão. Resistência é uma tatuagem marcada na pele do atleticano e jamais deixaremos essa bandeira. Um Rei pode perder a guerra, mas nunca perderá o respeito dos súditos enquanto lutar contra a covardia de quem administra o futebol e apitos enlameados. Nem sempre serão flores, nem sempre serão vitórias, a única certeza é que o atleticano não deixa o campo de batalha enquanto houver uma camisa preta e branca no varal.

Tempestades virão e nós estaremos sempre torcendo contra o vento. A gente ergue a cabeça, ergue o punho, ergue a crista e afia a espora. Um simples grito de ‘Galo’ na janela é o suficiente para fazer adversários tremerem. Parabéns, Atlético pelos 112 anos de vida repletos de luta, fé, glórias, honra e por contar com a torcida mais perfeita do planeta. NÓS estaremos sempre ansiosos nesses segundos finais do dia 24 de março, quando confirmamos que o NOSSO time é imortal.

Compartilhe