PRECISAMOS LEVAR O PATRIC A SÉRIO

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FOTO: BRUNO CANTINI/ATLÉTICO

Antes de começarmos a falar sobre o Patric, preciso lembrar que esse espaço é meu divã onde sou um confesso paciente de caso psiquiátrico. Assim como acontece na vida, tudo que analiso como uma atitude errada, certamente foi repetida por diversas vezes pela minha pessoa.

No auge da cachaça e da empolgação pela estreia na Libertadores, atleticanos no Uruguai gritaram “Patric seleção” na arquibancada. Confesso que também já gritei em outras ocasiões com aquela ideia de “já que está no inferno, abraça o capeta”.

O futebol é recheado de figuras exóticas em sua história, como o Íbis, que se autoproclama o pior time do mundo, o que nos garante boas risadas com resultados e lances dos “craques”. No Atlético, já arremessamos cascas de mexerica em campo, enquanto gritávamos “ah, é Mixirica”, em alusão ao atacante contratado para vestir a camisa alvinegra, tão usada por craques no passado. Caminhávamos a passos largos para a segunda divisão e o desespero era maquiado pelas brincadeiras com Márcio Mandinga “Mixirica”.

Atualmente, vivemos um caso parecido com Patric Cabral Lalau. Assim como o Márcio Mandinga, o nome completo já arranca um sorriso no canto do rosto. Contratado em 2011, Patric não agradou a Dorival Júnior, nem a torcida, nem a Cuca, que o criticou e concordou com o empréstimo para a Ponte Preta. Em um clássico contra o América, o lateral pediu silêncio à Massa alvinegra ao marcar um dos gols da Vitória. Meses depois, ao ser substituído após sofrermos uma virada para o Corinthians, deixou o gramado andando e a atitude foi a gota d’água para Cuca. Vimos que contratá-lo por R$2,2 milhões fora um erro, o primeiro de uma série.

Marcos Rocha voltou em 2012 e o atleticano viveu anos de paz na lateral-direita. Taças, gols, assistências e vitórias em um longo período sem Patric nas temporadas de 2012, 2013 e 2014. Se tivéssemos corrigido o erro cometido em 2011 e não renovássemos o contrato que ia até o final de 2014, nunca mais veríamos essa página na nossa história. Primeira renovação, segundo erro.

Patric voltou em 2015 após passar por Ponte Preta, Avaí, Náutico, Coritiba e Sport, locais onde nunca deixou saudade, para cumprir o último ano de contrato. Trazê-lo de volta, o terceiro erro. Em julho de 2015, mais uma oportunidade de permitir que ele seguisse por outros caminhos. Sem o conhecimento do diretor Eduardo Maluf, assinou um pré-contrato com o Osmanlispor, da Turquia,  dando início a uma briga judicial. Maluf alegou que o atleta havia sido aliciado e cometeu o quarto erro ao renovar com o lateral até dezembro de 2018.

Não bastasse as más atuações na lateral, foi improvisado em outras posições, sempre querido pelos treinadores, como uma técnica de hipnose. Insistimos no erro até 2017, quando Patric foi emprestado ao Vitória, 16º no Brasileiro daquele ano, com time limitado e sem saudades do xodó dos treinadores.

Portas abertas para o retorno do lateral na Cidade do Galo na temporada 2018. Quinto erro! Dessa vez não havia Marcos Rocha para nos salvar e Samuel Xavier mostrou ser tão imitado quanto o rei da hipnose. O São Paulo teria demonstrado interesse em levá-lo para o Morumbi, motivo que talvez aliviasse a raiva pelo Brasileiro de 1977. Cobrimos a oferta, aumentamos o salário e prorrogamos o contrato. PUTA QUE PARIU! Mais um erro na lista. Emerson chegou, falhou, mas a paciência não é a mesma com todos do elenco. Emerson no banco, Patric de volta ao time e mais futebol de série D em campo. Já não tenho ideia de quantos erros temos até aqui.

Começa a temporada 2019 e… Contrato renovado com Patric até dezembro de 2020. Parece jogo dos 77 erros, mas é a relação Galo-Patric. Paciência com erros, improvisações, renovações de contrato, diversos treinadores, diretores, presidente, dinheiro pelo ralo e a nossa velha mania de transformar tragédia em piada. Em qualquer empresa com centenas de milhões de orçamento por ano, funcionário limitado não fica uma década colecionando aumentos por ser um cara legal e bom de grupo. Funcionário erra, paga por isso e se compromete o desempenho da equipe é RUA.

O desempenho do atleta talvez tenha sido mais prejudicial para a instituição que processos na justiça de jogadores que pouco entraram em campo. Esse entrou mais do que deveria e o prejuízo é enorme, mas ele continua, afinal de contas, o futebol no século 21 só precisa de pessoas legais, qualidade é só um detalhe.

Chega de “mito”, “seleção” e memes com dribles errados, lances bizarros e futebol de quinta categoria. Chega de mixiricas e bagaços.

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