FOTO: PEDRO SOUZA / ATLÉTICO
O Atlético teve uma temporada muito puxada esse ano. O time chegou na reta final das quatro competições que disputou, e fez 75 jogos na temporada. E mesmo assim, chegou inteiro, com o preparado físico se destacando em relação aos seus adversários.
Um dos grandes responsáveis por isso, foi o preparador físico do time, Cristiano Nunes, que chegou ao Atlético no início de março, e desde então, chamou muita atenção pela sua metodologia de trabalho, e também pelas suas preleções motivacionais com o time, no vestiários antes dos jogos. Em entrevista exclusiva ao portal, Cristiano falou sobre os momentos mais complicados do time na temporada, sobre o convívio no dia a dia com os jogadores, e sobre a situação física de Diego Costa.
Cristiano destaca dois momentos, como sendo predominantes, para que o Galo pudesse se firmar, e brigar pelos títulos.
Tiveram dois momentos importantes ao longo da temporada, para que pudéssemos buscar os títulos, ou pelo menos brigar pelos títulos. O primeiro, foi logo após a final do Campeonato Mineiro, contra o América. Foram dois jogos, dois empates de 0 x 0, onde levantaram muitas dúvidas em relação ao rendimento da equipe. Eu me recordo muito bem, de uma entrevista do Cuca, pedindo dez dias, para que a equipe conseguisse dar uma resposta à altura do elenco que nós tínhamos. Aquele momento, era um momento importante para a gente. Um momento que nós estávamos entrando na Libertadores, buscando a classificação, precisávamos dar uma resposta, e conseguimos. E, após a eliminação da Libertadores. A equipe vinha muito bem, já havíamos eliminado o River Plate, vínhamos bem no Campeonato Brasileiro, e ali, também era um momento de definição para a gente. A gente precisava dar uma resposta rápida, para buscar o Campeonato Brasileiro, haja visto que estávamos eliminados da Libertadores. Então, esses foram os dois momentos mais difíceis, ao longo da temporada, e equipe respondeu de forma imediata, conseguindo as vitórias necessárias, para buscar o título do Brasileiro, e da Copa do Brasil.
Para o preparador físico, o grande segredo, para o Galo chegar até o final da temporada voando dentro de campo, foi a conscientização do grupo, em relação ao calendário longo que teriam pela frente, e também a questão mental, onde o time não perdeu o foco, nem a concentração nos seus objetivos, ao longo do ano.
Primeiro fator, foi a conscientização do calendário que teríamos pela frente. Nós sabíamos que teríamos um grande número de partidas, num espaço reduzido, numa temporada que duraria nove meses, um pouco mais. Nós jogaríamos duas vezes por semana, ao longo de todo ano. Estávamos conscientes disso. E a necessidade de estarmos em forma, e nos mantermos em forma, ao longo de toda a temporada, era muito importante, para que conseguíssemos chegar ao final em boas condições. A questão mental, foi algo que a gente bateu muito, ao longo da temporada. Manter o foco, manter a concentração, não abaixar a guarda em nenhum momento, não achar que estava ganho, em nenhum momento. A necessidade de você manter o grupo todo, mentalmente muito forte. Sabendo que a partida seguinte era a mais importante. Cada partida seria uma decisão, e nós precisaríamos vencer, precisaríamos passar por isso, para conquistar os títulos que o torcedor do Galo esperava. E nós sabíamos que tínhamos condição. Mas, manter essa questão mental, era muito importante.
Cristiano também destaca, a metodologia de trabalho utilizada, que fez com que tanto os jogadores que foram muito utilizados, e aqueles que nem tanto, chegasse de maneira homogênea ao final da temporada.
Tem também, a questão da situação dos atletas. É você ter duas vertentes ao longo da temporada. Os atletas que vem jogando com mais frequência, você cuida mais da parte muscular, e da questão de recuperação. Em contrapartida, os outros, treinam em uma intensidade muito alta, terminando o jogo, trabalhando forte ao longo da semana, nas secções de treinos que nós tínhamos. Aproveitamos da melhor forma possível, para que o grupo mantivesse uma forma homogênea. E a medida que você pudesse rodar a equipe, por uma razão ou por outra, a equipe se mantivesse numa situação regular.
O preparador físico também salientou o comprometimento dos jogadores, que trabalharam muito forte, e isso para ele, foi decisivo na reta final da temporada, para a conquista dos títulos.
Os atletas se comprometeram muito, em relação a isso. Trabalharam muito forte, ao longo de todo ano, tanto na questão física, quanto na questão técnica e tática. Todos os treinos eram aproveitados da melhor forma possível. Dificilmente, você tinha uma situação mais lúdica, ao longo da semana. Era treino com objetivo, com propósito, durante toda a semana, durante toda preparação. E isso, fez com que os atletas chegassem no final, em boas condições. Haja visto, o nosso maior percentual de aproveitamento, aconteceram nos últimos três meses, outubro, novembro e dezembro. Então, essa compenetração dos atletas, em relação aos objetivos que nós tínhamos durante a temporada, ela foi muito importante, para a gente chegar em boas condições no momento decisivo, tanto na Libertadores, quanto no Brasileiro, e na Copa do Brasil.
Como em todos os clubes, em todos os grupos de jogadores, sempre existem alguns que reclamam, dos tipos de treinos, principalmente os físicos. E no Atlético não foi diferente, ao longo do ano, Porém, Cristiano afirma, que com o passar do tempo, e como os resultados foram sendo alcançados, os jogadores acataram melhor a situação e passaram até a pedir um complemento de atividades, para se manterem em forma.
Eu fui muito bem recebido no clube. Já conhecia alguns atletas, já tinha trabalhado com alguns deles, e de uma forma geral, os atletas me receberam muito bem. Evidentemente, que a confiança, ela é um processo. A medida que os dias vão passando, e os trabalhos vão acontecendo, e as próprias respostas dos jogadores, elas passam a ser satisfatórias, essa confiança ela vai sendo adquirida. Aí, essa relação, passa a ser cada vez mais forte, com uma reciprocidade muito grande. Tanto na parte de comando para com os atletas, e também essa resposta dos atletas, para com a metodologia de treino aplicada. No início, eles trabalharam muito forte. Claro, que houveram alguns questionamentos, da necessidade de trabalhar, principalmente no momento de evolução, no momento de aquisição, de desenvolvimento. Havia alguns questionamentos sim. Sempre houveram, principalmente no início do trabalho. Mas, de uma forma bastante clara, isso era passado para os jogadores, da necessidade de muitas vezes, complementarmos as suas atividades técnicas. De você passar, antes de fazer os trabalhos com bola, para fazer os pré-treinos, os trabalhos de força, porque isso os ajudaria muito a suportar bem a temporada. Reforço que, a medida que a resposta foi sendo positiva, os atletas se sentindo bem dentro do campo, correspondendo bem durante os jogos, aí sim, essa necessidade de algumas atividades, estritamente físicas, elas tiveram até mesmo, uma participação dos jogadores. Eles solicitaram alguns trabalhos complementares, que eles se sentiam muito bem realizando.
Cristiano destacou também, o convívio no dia a dia com os jogadores, e salientou que o ambiente formado no clube, foi primordial para as conquistas alcançadas pelo Atlético na temporada.
Então, o convívio foi muito legal, com respeito muito grande, por parte os jogadores. E também, evidentemente, da nossa parte com eles, entendendo as individualidades, entendendo que as respostas não seriam da mesma forma. Que haveriam diferenças entre eles, e que essas diferenças precisariam ser respeitadas. Mas, de uma forma geral, todos trabalhando em alto nível. Todos trabalhando com uma intensidade muito alta. O convívio foi espetacular. E tenho certeza absoluta, que o nosso ambiente de trabalho, nossa união, esse respeito, essa rotina diária que nós tivemos, foi um grande fator, um grande aliado, para que nós conseguíssemos os títulos. Esse ambiente de trabalho profissional, de muito respeito, e de muita dedicação, foi um grande aliado, um grande fator, para que conquistássemos o título do Brasileiro e da Copa do Brasil.
Em relação a forma física de Diego Costa, Cristiano confirma que o jogador não conseguiu alcançar sua melhor forma, nessa temporada. Mas destaca, que mesmo assim, o atacante ajudou muito a equipe.
Realmente, o Diego chegou ao clube, após sete meses sem jogo oficiais. No último mês, que antecedeu, ele fez algumas atividades paralelas, com um personal que o acompanhava. Mas, atividades simplesmente, como retorno, para colocar o corpo em movimento, em uma determinada atividade. Porém, longe de uma situação ideal. Evidente, que um atleta como o Diego, com toda sua qualidade, e todo seu potencial, exige uma urgência, para que ele jogue. Mesmo não estando na sua melhor forma física. Mesmo não estando na sua melhor forma técnica, também, a sua qualidade é muito alta. Ao ponto que, no pouco tempo que você tinha o Diego em campo, mesmo não estando nas suas melhores condições, ele fez muita diferença, contribuiu demais para que conquistássemos os títulos. Ele realmente não atingiu seu melhor momento físico e técnico. Nós sabemos que o Diego tem um potencial muito maior do que aquilo que ele apresentou. Porém, ele foi extremamente eficiente, extremamente comprometido. Ciente que não estava nas suas melhores condições, mas, queria estar em campo, e contribuir da melhor forma possível.
Cristiano acredita, que na próxima temporada, Diego Costa estará em melhores condições, e conseguirá ajudar, ainda mais, ao Galo.
Acredito, que Diego na próxima temporada, as suas condições serão melhores, tanto no ponto de vista físico, como do ponto de vista técnico. E ele poderá ajudar, ainda mais, a nossa equipe, a fazer grandes jogos, a continuar nessa busca incessante pelos títulos. Diego tem mais para dar. Ele mesmo sabe disso, está ciente disso. Porém, é importante ressaltar que, mesmo não estando nas suas melhores condições, ele contribuiu demais, para que conseguíssemos as vitórias, as classificações, os títulos. Tenho certeza, que na temporada que vem, ele vai poder ter um rendimento ainda melhor, principalmente pelo fato de participar desde o início do processo. Não precisar atropelar, com relação aos jogos, e aí sim, uma reposta à altura da sua qualidade. É um atleta extraordinário. Um atleta extremamente qualificado, e também muito dedicado, nas atividades diárias, que foram destinadas a ele.