Previsão de orçamento para 2023 coloca Atlético como SAF e possível deficit de R$212 milhões

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FOTO: BRUNO SOUSA / FLICKR / ATLÉTICO

O Atlético encaminhou nos últimos dias, aos seus conselheiros, um documento que contém as previsões orçamentárias do clube para a temporada de 2023. Nossa reportagem teve acesso ao documento que mostra como a atual diretoria alvinegra vem trabalhando e detalha abaixo os principais pontos do que foi apresentado.

Antes mesmo de chegar aos números, uma das coisas que chama a atenção é a utilização da abreviação SAF ao se referir aos gastos com futebol. Sem nem ainda ter passado por debate e votação dentro do conselho deliberativo, a ideia de que o clube vai transferir o ativo “futebol” para o modelo de Sociedade Anônima do Futebol aponta o caminho principal pelo qual o clube vai trabalhar para sanar uma dívida que, hoje, econtra-se na casa de R$1,5 bilhão.

O clube ainda explica, dentro do documento, como funcionará a destinação de recursos da SAF para o pagamento de dívidas, conforme determina a legislação e conta com um incremento na receita do clube a partir da inauguração da Arena MRV e a venda dos direitos de uma possível “Liga de Clubes”, que ainda está sendo discutida entre grupos distintos.

Sem levar em conta a chegada de um possível investidor para adquirir ações da SAF atleticana – que ainda não se tornou algo real e depende de um movimento político das pessoas que estão no comando do clube – a previsão orçamentária chama a atenção pelo possível deficit acima de R$212 milhões.

Dentre todos os valores descritos na atividade da SAF, o que mais se destaca é o valor do custo do futebol, direito de imagem e premiações. O montante supera os R$250 milhões.

No orçamento deste ano, o Atlético previa receber R$163,6 milhões. Entretanto, esse valor não foi alcançado. A arrecadação com premiação ficou bastante abaixo da esperada, chegando a apenas R$69,6 milhões, número muito inferior aos R$151,6 milhões de 2021.

A expectativa de arrecadação com a Arena MRV também chama a atenção. O clube aumentou em quase R$20 milhões de um ano para o outro. Para 2022, a expectativa era que o clube chegasse ao total de R$53 milhões de arrecadação com os jogos que disputou. Para 2023, essa expectativa passa dos R$70 milhões conforme o descrito. Isso representa uma média de arrecadação superior a R$2 milhões por jogo.

Vale ressaltar que todo o documento apresentado, ainda será votado pelo conselho deliberativo do Atlético, que terá que aprovar, ou não, a forma como o orçamento foi apresentado. Ainda não há datas marcadas para a reunião do conselho que irá definir se e quando o clube de fato se tornará uma Sociedade Anônima do Futebol, embora o desejo dos atuais diretores e dos principais investidores – o grupo conhecido como “4R’s”, composto por Rubens e Rafael Menin, Ricardo Guimarães e Renato Salvador – seja que toda a parte burocrática seja resolvida ainda no início do próximo ano.

A chegada de um investidor após a composição da SAF e da aquisição de parte das ações do clube, bem como uma nova composição administrativa, pode alterar tudo o que foi estabelecido no orçamento apresentado.

*reportagem feita em colaboração com o jornalista Luiz Felipe Costa

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