QUAL É A FÓRMULA, SÉRGIO SETTE CÂMARA?

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Sabe aquelas propagandas de produtos “incríveis e revolucionários” no programa do Ratinho? O Marquito passava dançando e o bailarino atravessava o estúdio como Wolverine, enquanto o Ratinho mostrava máquina de gravar CD, estampar camisa etc. Pois é, minha família comprava tudo aquilo para complementar a renda da casa. E no dia a dia, era eu quem administrava a parada.

Se o Sette Câmara questionar minha experiência administrando empresas, vai encontrar os produtos do Ratinho, balcão de locadora e sorveteria, no máximo. Tudo que eu posso fazer é abaixar a cabeça e assumir que o cara tem experiência de sobra na área, enquanto eu só poderia comentar sobre as roupas do Marquito.

É por isso que eu queria sentar em uma mesa com ele para aprender. Eu já xinguei demais naquela eliminação da Sul-Americana, na eliminação da Copa do Brasil e fiquei puto da vida nos pontos perdidos no Brasileiro. Agora eu só quero aprender mesmo.

Sei que o Kalil e o Daniel Nepomuceno deixaram muitas contas para trás e que uma hora ou outra alguém teria que bater no peito para colocar tudo isso em dia. Só não entendo como o Sette chegou à conclusão de que a atual fórmula é a melhor saída para que o Atlético seja mais uma instituição que ele contribuiu para sanar as dívidas.

Conhecemos a primeira etapa do plano em janeiro. A quantidade de jogadores emprestados impressionou a todos. Dos oito atletas emprestados, Samuel Xavier já foi repassado a outro clube, Juninho ainda não entrou em campo e Iago Maidana, Arouca, Tomas Andrade, Galdezani e Erik pouco acrescentaram ao elenco até o momento. Não dá para dizer que o elenco foi fortalecido e que as peças apresentadas para a temporada 2018 contribuíram para a organização do time e para o crescimento dos que já estavam aqui. Tudo o que fizemos foi aliviar a folha salarial de outros clubes e inchar a nossa.

Então ouvirei que dezenas de atletas deixaram a Cidade do Galo de forma amigável e que isso diminuiu os gastos com o futebol. Será que todos os anúncios de rescisão amigável não geraram custo algum à instituição? Difícil falar sem o contrato em mãos.

 A segunda etapa dos prejuízos veio em maio aos sermos eliminados da Copa do Brasil e Sul-Americana. O sorteio nos ajudou ao enfrentarmos Ferroviário e Chapecoense, mas o time fraco ficou pelo caminho em uma competição milionária. Milhões de reais que certamente seriam importantíssimos para o orçamento anual.

Bora para a terceira etapa. Assim como acontece na Europa, a Copa do Mundo pode representar o fim da temporada para os atleticanos. Existe a chance de ficarmos naquele meio de tabela, sem nos preocuparmos com a parte de baixo, tampouco sonhando com as primeiras colocações do Brasileiro. Sem outras competições para disputar e sem emoção no campeonato, despencam as rendas e o público das partidas, cai o número de sócios torcedores. É $$$ a menos nos cofres do Atlético.

A quarta etapa mostra que a torneira do dinheiro está aberta e que trocamos a caixa d’água por uma menor. Sem um time organizado, sem reforços que contribuem para a evolução do futebol na temporada, a tendência é desvalorizar as peças que já temos. Bremer, Gabriel, Blanco, Cazares e outros atletas que o clube encara como possibilidade de boas negociações no futuro certamente chamariam mais a atenção do mercado se estivéssemos apresentando um futebol convincente em todas as competições disputadas.

Folha inchada com jogadores emprestados que pouco contribuem, eliminações e premiações a menos nos cofres, menos renda, todos os fatores para frear o aumento de sócios torcedores, atletas desvalorizados, vítimas de um time desorganizado.

Sérgio Sette Câmara não chegou ontem na Sede de Lourdes. Ele estava lá em outras administrações, corrigiu contratos, distribuiu conselhos, viu de perto erros e acertos e agora é o dono da caneta. Se esse é o plano certo para colocar o Clube Atlético Mineiro nos trilhos, eu só queria entender onde eu me perdi na fórmula.

Eu nunca torci tanto para que eu estivesse errado. Se eu estiver errado realmente, Sette, pode escolher no final do mandato se eu me visto de Marquito ou Bailarino do Ratinho para atravessar a avenida Olegário Maciel.

FOTO DE CAPA: BRUNO CANTINI/ATLÉTICO

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