QUERO MEU TERREIRO LIMPO

Compartilhe

FOTO: BRUNO CANTINI/ATLÉTICO

Tombos são normais nos primeiros passos de uma criança. Um dia ela estará andando e correndo, frutos da evolução nos passinhos, mesmo com os tombos nos intervalos. Vivemos uma página histórica no futebol, o início do árbitro de vídeo deixando claro que finalmente a FIFA abriu as portas para a tecnologia no futebol. Estamos engatinhando no uso das câmeras associadas ao apito, certamente não veremos o funcionamento correto em todas as vezes. E agora? Deixa a criança no berço para sempre ou ensina a andar?

Passei anos imaginando o dia em que o Galo poderia usufruir de alguma ideia que reduzisse a quantidade de erros no apito. Mesmo com falhas, se o VAR existisse no passado, não haveria discurso emocionado de C. Eugênio S. dizendo que tomou a decisão errada em uma fração de segundo. Se M. Rezende de F. dissesse que estava encoberto, a tecnologia mostraria a mãozinha amiga do Corinthians de vários ângulos. Eles poderiam insistir na interpretação errada, mas a verdadeira intenção seria escancarada, sem roteiro de assessoria para garantir emprego de comentarista no futuro.

Pelos inúmeros episódios do passado, me entristeceu ver o voto contrário do Atlético à implantação do árbitro de vídeo, em 2018. Ao ouvir as justificativas, entendi que a CBF poderia esclarecer o motivo dos gastos e dividir a conta com os clubes. Na primeira experiência, pelo Campeonato Mineiro 2019, atletas, técnico e dirigente do Galo dispararam críticas à forma como o VAR foi utilizado. E o pior, parte da torcida compra uma briga contra a única esperança de que não veremos nunca mais toda a sujeira que a arbitragem brasileira aprontou contra nosso alvinegro.

Assim como nos tornamos o time mais prejudicado pelo apito, desde que o futebol desembarcou nesse país, a balança sempre pesou a nosso favor contra clubes do interior do estado. Como é bom bater de frente com o BOA sabendo que não estamos levando a mesma vantagem que São Paulo, Coxa, Flamengo, Corinthians, Botafogo, entre outros, levaram em confrontos decisivos contra o Atlético. Quero sair de campo de cabeça erguida, sem vergonha de deixar a faixa de campeão no peito, caso ela venha.

Que o tempo mostre ao Luan que o futebol raiz foi prejudicial à camisa que ele veste, que Levir Culpi entenda que se houver dez lances para expulsão, gol ou demais irregularidades, dez vezes teremos pausas para avaliação. Os japoneses adoram tecnologia e justiça, Levir. Quanto à diretoria, acredito que o presidente Sérgio Sette Câmara, ou o vice, Lásaro Cunha, passaram noites em claro com os Arnaldos, Wrights e Aragões decidindo partidas. Que esse sentimento esteja vivo dentro deles ao decidirem o posicionamento do clube quanto à essa bênção do futebol moderno. Que o futebol raiz queime no inferno ao lado dos Marcelo’s de L. H. e L. Carlos Félix!

No meio da semana, achei justa a expulsão de Bruno Henrique, do Flamengo, após deixar o pé na dividida. Como acharia injusta a expulsão de Zé Welison? Se o BOA tivesse dois gols anulados, estaríamos à procura de teorias de linha torta na imagem oficial? Empates amargos ou derrotas indigestas misturam diferentes emoções nos nossos corações apaixonados, levando a metralhadora dos motivos à loucura. Infelizmente, os que questionam, são taxados como pessoas que perseguem dirigente, treinador ou pessimistas quanto ao dia a dia do clube. Pelo contrário, é pelo futuro do Galo que defendo o árbitro de vídeo com unhas e dentes. Elogio quando acerta, critico quando erra e em Varginha foi ótimo termos o árbitro de vídeo para que a nossa classificação para a final seja de maneira correta. Meio centímetro para lá, meio milímetro para cá, vamos engatinhando até aprendermos a andar. Minas é nosso terreiro, e eu quero meu terreiro limpo.

Compartilhe