REPROVADO EM PSICOTÉCNICO? VEM PARA O GALO!

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Esse é um texto carregado de hipocrisia, desses que vão contra tudo o que pedimos no dia a dia. Semana passada, um leitor me mandou um tuíte do final de 2017 em que eu não concordava com a vinda de Róger Guedes por ser bad boy demais. Logo eu, que travei uma guerra em 2012, no extinto Golasô, para que a torcida aceitasse um dentuço com a 49 no corpo e uma breja na mão.

Tudo o que eu disser a seguir será usado contra minha pessoa no futuro, principalmente quando reclamar dos baladeiros nas fases ruins. A verdade é que não existe clube que se identifique com os bad boys mais do que o Atlético. Aliás, a nova geração ainda utiliza essa gíria? Certa vez, um torcedor rival me disse que Atleticano tem que ter cicatriz e que nenhum passa em psicotécnico. Isso é verdade! Tenho cicatriz de bomba de foguete do dia 25 de novembro de 2006 e fui reprovado em dois psicotécnicos para o concurso da polícia militar. É essa loucura de arquibancada que me fez ser Atleticano, mesmo com pai azul.

O fato é que a gente sempre se identificou muito mais com os malucos dentro das quatro linhas. Olha lá nosso primeiro Brasileiro, foi com gol do Dario que corria da polícia pouco antes de calar parte do Maracanã. O Reinaldo peitou a ditadura, maluco. O Éder tinha total condições de jogar como ponta esquerda até sexta e ser pugilista nos finais de semana. O Taffarel era o genro santinho desejado por todas as sogras até pisar em Minas. Aqui ele fincou o pé em jogador da Caldense, partiu para cima de sócio do clube e xingou o Paulo Cury perto das câmeras. O Taffa bicampeão da Conmebol

Adiantemos o relógio e vamos analisar a atual década. Qual foi a primeira frase dita pelo Ronaldinho quando o Réver ergueu a taça de campeão? “Disseram que era um time de renegados. Fala agora…” – desabafou o rei da noite. Acha que tudo é boato naquele time? Pega a fala do Kalil em entrevistas concedidas à emissoras de tv a cabo a respeito dos atletas. Davam um trabalhão para o turco.

Eu soube que o Jô havia fechado com o Galo quando embarcava para Campinas. Era a estreia do Brasileiro daquele ano e o problemático jogador do Inter iria se juntar a Réver, Leandro Donizete, além de Ronaldinho, que chegaria dias depois. Misericórdia! Quando o Tardelli reforçou o time, o Cuca deve ter sentido um arrepio na coluna. Para não falar que foram só flores, tivemos o Jobson, mas esse é um caso atípico, impossível de ser avaliado, já que estamos falando de um atleta que encerrou a carreira de tornozeleira eletrônica.

Fui criado em igreja, filho de missionário e passando as noites de sábado à noite no sapatinho de fogo. Não estou aqui para dizer que a turma dos cultos nas concentrações está errada ou que não contribuem como os demais. Pelo contrário, muitos desses deram a volta por cima ao encontrar esse equilíbrio espiritual. Só que às vezes falta no elenco um cara que seria reprovado no psicotécnico da PM. Em Minas é assim e o melhor retrato disso é a treta entre Donizete e Dagoberto na final da Copa do Brasil. O penteadinho se borrava todo quando via que o general se aproximava em campo.

Quando o Magno Alves perdeu aquele gol cara a cara com o Fábio na final do Mineiro 2011, a impressão é que ele estava com dó de fuzilar o goleiro. A gente olhava para o lado e via o Renan Oliveira com cara de escoteiro, além do Soutto com a roupa absurdamente bem passada. Não dá! Com eles, a frase seria “caiu no horto, seja bem-vindo”. Quer um exemplo do atual time? O Edilson, lateral do rival, cai fazendo cera, simula uma agressão alvinegra e o Gabriel vai lá pedir desculpa. PQP, Gabriel. Grita na cara do Zé Mané e xinga até a quinta geração dele.

Lembra do recado do internauta sugerindo o Róger Guedes? Ele me fez lembrar de que não há clube nesse país que recupere um bad boy como o Clube Atlético Mineiro. E isso acontece desde os tempos em que se usava a gíria bad boy.

FOTO DE CAPA: BRUNO CANTINI/ATLÉTICO

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