RODRIGO SANTHANOS

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FOTO: BRUNO CANTINI/ATLÉTICO

Lá estava o treinador para mais um treino da categoria sub-20 na Cidade do Galo. Disseram que o chefe aguardava por ele na sala da presidência e o treinador caminhou a passos largos sem imaginar que estava a segundos de ouvir que assumiria o time principal. Não se sabe se foi uma ordem ou um convite, uma oportunidade ou uma furada na carreira do jovem de cabelos grisalhos.

O time praticamente eliminado da Libertadores e a poucas horas da final do estadual faziam Rodrigo Santana balançar no cargo antes mesmo de assumir. O melhor a se fazer era segurar a batata quente até a diretoria anunciar um nome conhecido no mercado e depois voltar para a segurança do cargo na base. Seria loucura assumir aquela herança desorganizada de Levir Culpi e repetir o filme de Thiago Larghi, quando tudo caiu nas costas do treinador. Para piorar, Adilson encerrou a carreira de maneira precoce e as poucas cifras da conta bancária do clube não poderiam ajudar na chegada de reforços.

Rodrigo Santana decidiu qual seria a primeira mexida no time, mas faltava coragem para fazê-la. O jovem lateral direito era o novo xodó da torcida e voltar justo com o jogador mais vaiado do elenco seria suicídio. Guga foi convocado para a Seleção olímpica e Patric voltou ao time titular para ficar, qualquer coisa, era só botar na conta da CBF. Patricão deu maior segurança ao sistema defensivo por entregar o que o treinador pedia, vibrou, contagiou o time, aceitou atuar improvisado quando foi preciso e reconquistou a arquibancada.

Não fosse o tratamento da tendinite de Victor, Rodrigo teria coragem de sacar o santo do time principal para escalar uma promessa da base? Não duvido! Estamos falando do comandante que colocou o ídolo Luan no banco de reservas e deixou o medalhão Ricardo Oliveira de fora para dar as primeiras chances ao jovem artilheiro Alerrandro. Tomar decisões pouco populares no elenco ou na torcida não tem sido problema para Santana.

E não é só ao definir quem sai do time titular. Quando optou por Jair, seria mais fácil repetir o básico e escalar Zé Welison como primeiro volante ou dar chances ao novo contratado vindo do Paraguai e ganhar uns pontinhos com o diretor de futebol que o anunciou. Jair mudou o meio-campo do Galo e contribuiu para que os companheiros de time passassem a render mais. Vina confirmado como titular em um clássico era para internar esse senhor no hospício mais próximo e não deixar que ele comandasse nem mesmo treino da base. Aí o cara do cabelo platinado marca o quarto gol em seis jogos, comanda a vitória contra o Cruzeiro e comemora com toda a turma do banco de reservas. Os mesmos que perderam as posições, para mostrar que o treinador tomou as decisões necessárias, mas não perdeu o vestiário.

Impossível viajar no tempo sem aquelas cápsulas dos Vingadores, por isso não dá para cravar que continuaremos rasgando elogios ao jovem treinador. Vez ou outra, esse cabeçudo falha em determinados jogos, seja pelo excesso de retrancada ou naquela substituição tarde demais. Só que a balança do futebol nos mostra que Rodrigo Santana merece aplausos por tudo o que fez até o momento no Atlético. Sete jogos sem derrota, quatro jogos sem sofrer gols, grandes resultados como visitante, classificado para as quartas de final da Copa Sul-Americana e entre os primeiros do Brasileiro sem um reforço sequer vindo da listinha do treinador. Garotos da base se destacando, justificando as contratações da temporada e trazendo paz para a Cidade do Galo. Rodrigo Marques de Santana ganhou novos cabelos brancos para que eu não aumente os meus.

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