SAMPAOLI, ARENA MRV E A ELEIÇÃO MAIS IMPORTANTE DA HISTÓRIA

Compartilhe

FOTO: REPRODUÇÃO ARENA MRV

Minas Gerais parou para acompanhar a negociação entre Sampaoli e Atlético. A plateia ficou lotada e tivemos uma grande atuação entre as duas partes no palco do mercado de transferências. Sampa exigindo cifras impossíveis para clubes brasileiros e o Atlético sonhando alto, mas agindo corretamente ao saber qual era o limite desse desejo quase impossível. Por trás do espetáculo, antes mesmo das cortinas se abrirem, a possibilidade de um enredo que vai muito além das regalias do argentino careca.

Após dois anos de economias e improvisos no cargo, por que cogitar um investimento tão alto para a função de técnico? A resposta pode estar nas eleições que definem o presidente do clube em 2020. O próximo mandatário será o homem que cortará a faixa de inauguração da Arena MRV, imagem que estará para sempre como uma das mais marcantes da história. Sendo assim, é interessante para a MRV, detentora dos naming rights, e para o BMG, por ter adquirido 60% das cadeiras cativas, que seja alguém que se comunica bem com as empresas.

Há alguns anos, as famílias Menin (MRV) e Guimarães (BMG) possuem grande influência no Conselho Deliberativo do clube. Rafael Menin, presidente da MRV, foi eleito vice-presidente do Conselho na chapa que contou também com Castellar Filho. A dupla substituiu Gropen, homem de confiança de Alexandre Kalil, quando Sérgio e Alexandre estariam afastados. Caso Sette Câmara não tente a reeleição, especula-se nos bastidores que o nome do candidato saia da chapa Castellar e Menin.

A grande dúvida na política do clube é se a panela estará rachada na disputa das urnas. Tendo que dividir a atenção com a reeleição para prefeito, Kalil estaria disposto a dar um passo para trás no poder e influência que possui sobre o Atlético? Duvido! Quando Ronaldinho chegou atrasado na véspera de Galo e Vasco, em 2012, Alexandre reuniu os atletas e discursou a respeito de tudo o que o pai fizera no passado para estruturar aquele clube e que, segundo testemunhas, ninguém arranharia a imagem da instituição. Na balança entre amor e ego, Kalil quer o Galo debaixo das asas dele. Sette Câmara não está disposto a aceitar. Castellar, Menin e Guimarães aceitariam?

Melhor não arriscar. Para garantir que não haja qualquer pressão externa da torcida entre os conselheiros por resultados ruins, o ideal é montar um time forte e colocar a bola na casinha para reunir a cúpula e escolher o nome que vai comandar o Atlético no próximo triênio, quando teremos a inauguração do estádio mais moderno do país. Diversas empresas estarão nas mesas de negociação para definir quem cuida do estacionamento, dos alimentos, das bebidas, quem paga e quem faz a reforma necessária no trânsito da região. Rendas milionárias enquanto o amor pelo cimento estiver no auge, atrações em shows na esplanada, turistas visitando nosso museu e deixando muita grana na loja do clube. A lista de motivos para comandar a instituição nesse período é enorme.

Pressão da arquibancada na era digital e de grande influência das redes sociais faz toda a diferença. Ouvi conselheiros contrários à venda de 50% do Shopping Diamond Mall afirmando que votavam favoráveis após telefonemas e pedidos insistentes de torcedores comuns. Se a tática do time encorpado e campeão não emplacar, vem o plano B. Aliás, B não, pois essa é a série de outra equipe mineira. Os dirigentes acionarão a alternativa de ganhar o torcedor pelo sentimento, indicando alguém de grande identificação com o atleticano.

Aproximar Sette e a arquibancada parece missão impossível atualmente, apesar do futebol ser uma metamorfose ambulante. Conseguir a aprovação para início das obras no Comam foi uma importante manobra do tabuleiro de xadrez. Cruzeiro rebaixado, estádio começando a ganhar forma, talvez as distrações inesperadas deem tempo aos homens de terno para construírem também um Galo forte nas próximas competições. A eleição 2020 já começou na Sede de Lourdes e cada erro, seja na escolha do técnico ou de jogadores, pode ser um voto a menos nas urnas da eleição mais importante da história. Quem será o presidente do Atlético? O clube de primeira divisão, o dono da Arena MRV, o time do Sampao… Ah, antes da terraplanagem, é preciso escolher um nome para completarmos essa frase.

Compartilhe