SEREMOS CHATOS, SETTE CÂMARA

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FOTO: BRUNO CANTINI/ATLÉTICO

O discurso ‘eles são apaixonados, a gente só precisa fazer o básico’ já não cola mais. Nós continuamos apaixonados e respirando Galo 25 horas por dia, mas o tempo nos ensinou que, além de cumprir com nosso papel na arquibancada, é possível “cuidar” do nosso Atlético fora dos estádios.

Estamos chatos demais? Se tivéssemos sidos chatos assim em outras administrações, talvez não estaríamos na atual situação. Graças à benção que é a tecnologia, podemos trocar informações com mais rapidez e nos aprofundar em pesquisas relacionadas à instituição que amamos. Uma semana após abordar nesse espaço a polêmica contratação de um funcionário que indicaria conflito de interesses entre Sérgio Sette Câmara, o filho no automobilismo, um jornalista que comenta sobre a profissão do filho do presidente e um fisioterapeuta, filho do jornalista que comenta sobre a profissão do filho do presidente (ufa), volto para a mesma neblina que me impede ver alguns assuntos com clareza no Atlético.

Ao apresentar o plano orçamentário para a temporada 2019, corte no futebol e aumento das despesas administrativas. A intenção é diminuir a folha salarial de um time que já é fraco, gastar menos com contratações, enquanto as despesas com salários de profissionais da administração saltaram de R$ 6,88 milhões (aprovado no final de 2017) para R$ 17,9 milhões (orçamento que será apresentado para o Conselho Deliberativo no dia 27 de novembro).

Nós, meros mortais da arquibancada, não temos o direito de questionar. Na apresentação de Marques Batista de Abreu como diretor de futebol, o presidente disse que o tom das críticas era suspeito demais. Nas entrelinhas, deu a entender que havia intenção política por trás dos protestos realizados na Sede de Lourdes. Presidente, nossa oposição é tão ruim que nem protesto conseguiria organizar, pois esqueceriam do tambor. Somos apenas torcedores à procura de respostas. Apaixonados que estão sempre entre os primeiros do ranking dos que mais assinam pacotes pay-per-view, sempre com estádios lotados, comprando camisas caras, apoiando times ruins, pagando planos de sócio torcedor, nós temos o direito de obter respostas e não só os conselheiros à procura de mimos nas reuniões mensais.

Nesse caso, a sinceridade machuca, a verdade dói e muitos podem discordar por discutir esse assunto em uma página aberta a todos, mas esse é o momento de colocar o dedo na ferida. Nessa estrada, o destino é nos tornarmos um Fluminense, Botafogo ou Atlético Paraguaiense, comemorando estaduais vez ou outra e com a calculadora na mão para nos garantirmos entre os oito primeiros da tabela do Brasileiro. Com o discurso de uma austeridade, que aparentemente não existe, ficaremos cabisbaixos, aceitando sobras de outros clubes e entregando de bandeja, aos mesmos concorrentes, talentos que surgirem por aqui.

O furacão Alexandre Gallo deixou rastros que levaremos anos para apagar (e pagar). Meu medo é que o tornado Sette Câmara seja ainda mais assustador. No primeiro ano de mandato, péssimas contratações, dois diretores de futebol, três treinadores, coleção de micos em todas as competições que disputou, time bagunçado, desvalorizado, rendas pífias, GNV em queda e a impressão de que nada muda em 2019.

Temos dinheiro para tudo, menos para futebol. O curioso é que (ainda) somos um clube de futebol. Seremos chatos, Sette. Enquanto os jogos forem abertos para a torcida e não só aos conselheiros, seremos chatos.

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