SETE DESTAQUES DA ENTREVISTA DE SETTE CÂMARA

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FOTO: BRUNO CANTINI/ATLÉTICO

Ser dirigente e aparecer nos microfones em tempos de crise não é tarefa fácil. Independente do que for dito, parte da torcida e comentaristas darão holofotes aos deslizes, e é enorme a chance de eles acontecerem em noventa minutos de entrevista. Foram cem dias com respostas vindas apenas de Rui Costa, diretor de futebol, cumprindo com a missão de termos um homem que planeja e fala pelo departamento de futebol. O tempo passou e eu sofri calado. Sette Câmara voltou a visitar a sala de imprensa na Cidade do Galo e falou sobre diversos assuntos, sem pressa, reforçando discursos repetidos desde a eleição, em 2017, e revelando, nas entrelinhas, passos do clube para a próxima temporada. O Deus Me Dibre destacou sete pontos que chamaram a atenção na coletiva.

1 – DÍVIDA – Alexandre Kalil declarou que só venderiam o restante do shopping Diamond Mall quando ele morresse. Parece que Sette Câmara não descarta o velório, caso essa seja a salvação do Atlético para sanar as dívidas da instituição. O atual presidente quer dinheiro na mão para negociar com antigos credores e abater consideravelmente a dívida, fugindo dos juros que sufocam qualquer planejamento. Como o assunto divide a opinião dos conselheiros, a pauta pode se arrastar e dificilmente será definida no ano em que Sette pretende se reeleger para o próprio triênio. Se perdemos 50% do shopping para a construção da Arena MRV, a ideia é que as rechonchudas rendas do novo estádio sejam investidas apenas no futebol, sem nos preocuparmos coma proximidade da casa do bilhão ao falarmos sobre nosso endividamento. Você pode perguntar sobre os camelos albinos da Malásia que o chefe irá falar sobre dívida do Galo. Parece que ele concorda com a frase de um ex-presidente – “se shopping fosse bom, Barcelona, Real Madrid e Arsenal tinham”.  Só vende se ele estiver morto?

2 – PROPOSTA NA MESA – Assim como Sérgio Sette Câmara, Yimmi Chará, o estrangeiro mais caro da história do clube, sonha em ver a popularidade crescer na arquibancada. Se o presidente conta com mais um ano de gestão para realizar o sonho, talvez Chará não tenha tanto tempo assim. Apresentado em junho de 2018, o colombiano ainda não emplacou na Cidade do Galo e a apagada passagem pode ter um ponto final em 2019. Sette Câmara revelou uma possível proposta, próxima do valor investido (6 milhões de dólares) por Chará, que possui contrato com o Atlético até julho de 2023. O atacante chegou a amargar a reserva com Levir Cupi no início da temporada e, se depender do atleticano, voltará para o banco, já que Otero deu novo ritmo ao time desde que Chará foi para o departamento médico. De caixa vazio para a janela de transferências, segundo o presidente, as verdinhas recebidas por Chará permitiriam que o clube reforçasse mais de um setor para 2020, caso apresentem uma criatividade pouco vista até o momento nas idas ao mercado.

3 – CLEITON – O espaço onde não nasce grama dentro das quatro linhas ameaçou se tornar o maior pesadelo do Atlético em 2020 quando as manchetes colocaram Cleiton na mira do novo milionário Bragantino. Sem previsão de retorno do experiente Victor e com a dúvida das condições em que ele volta, somando ainda o fato do empréstimo de Wilson ser apenas até dezembro, janeiro tinha tudo para causar calafrios nos atleticanos caso a negociação acontecesse. Verbo conjugado assim, pois Sette Câmara garantiu que os valores para tirar o jovem goleiro do Galo assustariam os clubes brasileiros, mesmo com fortes parceiros com a Red Bull. Vinte milhões de euros para clubes estrangeiros ou setenta milhões de reais para equipes brasileiras. Titular da seleção olímpica em ano de Olimpíadas, dá para cravar que não sai? Nosso trauma pelo período de testes com diversos nomes (i)responsáveis pela meta alvinegra no passado nos deixam com um pé e meio atrás. Não vou nem gastar com energético nas festas de final de ano para não financiar esse absurdo.

4 – FIM DOS CICLOS E REJUVENESCIMENTO DA EQUIPE – Tchau, Elias e cia. ltda! Bem, não foi isso o que o presidente falou, mas é o que deu a entender quando o mandatário falou em rejuvenescimento do elenco e fim de ciclo para quem está na Cidade do Galo há mais tempo. Com contrato até janeiro e sem acordo para renovação, Elias está nas páginas finais de um livro com pouco amor e muito ódio. O volante, que completa 35 anos em 2020, frequentemente é vaiado por torcedores e citado em protestos na arquibancada. Por outro lado, o ídolo Leo Silva pendura as chuteiras no fim da temporada e será, merecidamente, muito homenageado pelos fãs nas partidas que restam na carreira. Outros atletas que já romperam a barreira dos trinta anos, como Patric (30), Fábio Santos (34), Victor (36) e Ricardo Oliveira (39) possuem contrato até dezembro de 2020 e em julho já poderiam assinar pré-contrato com outros clubes. Não precisa esperar mais catorze meses, algumas situações já podem ser definidas após o Brasileiro, Rui. A ideia de montar um elenco mais jovem é boa e parte também de alguns atletas através de comentários longe dos microfones, desde o ano de 2017. Finalmente colocaremos em prática?

5 – MÁGOA COM O PASSADO? – Por diversas vezes, Sette citou administrações do passado, seja para justificar decisões semelhantes à de outros presidentes, reclamar das dívidas herdadas e até citou um ranking de pior presidente da história. O atual líder seria o Sette, segundo o próprio Sette. Até Emerson Conceição ressurgiu das cinzas e foi citado no discurso pela necessidade de acerto na justiça. O lateral esquerdo, contratado por Alexandre Kalil, ganhou a bagatela de cinco milhões após acerto amigável na justiça. Já o processo da empresa WRV nasceu no início dos anos 2000 e só agora houve acordo para parcelamento da dívida. Coube à atual administração bancar quarenta e cinco milhões de reais através de mídias no clube, parcelas milionárias, percentual de vendas futuras de atletas e parte da multa em uma possível vitória na justiça contra o atacante Fred. A negociação, aprovada pelo Conselho, contou com um descontão de 19 milhões de reais. Diego Tardelli, Maicosuel, Douglas Santos, entre outros, contratados na gestão de Alexandre Kalil, comprometeram os valores de boas vendas, como a do lateral Emerson para o Barcelona/Betis. A insistência nos discursos ao citar a herança malditas de outros anos já teria incomodado presidentes que deixaram o posto, mas se a história é verdadeira, é preciso destacar para entendermos onde é investido parte do dinheiro que entra no clube.

6 – CRUZEIRENSE EM LOURDES E RELAÇÃO COM A TORCIDA – Pauta garantida nas redes sociais após as derrotas, Pedro Magalhães nunca calçou uma chuteira ou esteve em campo pelo Atlético, mas é sempre lembrado pelos internautas que listam os erros do atual presidente. É que Pedro cresceu na era digital registrando fotos com a camisa do outro clube da capital mineira, sem imaginar que um dia estaria na folha de pagamentos do alvinegro que manda em BH. Sette nem foi questionado sobre o assunto, mas fez questão abordá-lo. Quando o jovem começou a circular pelos corredores da Sede de Lourdes, a Massa compartilhou em massa tudo sobre o passado azulado do rapaz. Sette Câmara assumiu a cadeira de presidente, fez diversas mudanças nos setores, mas Pedro continuou, inclusive como representante do Atlético em ações com grande alcance, como a entrega do Manto para Messi e outros astros da bola. Sérgio promete não abrir mão de Pedro e diz estar preparado para os protestos, que ele vê como preconceito, caso utilizasse o critério para demissão. Aliás, por falar em protestos, as manifestações oriundas da arquibancada e com interferência de seguranças também estiveram em pauta na sala de imprensa. Segundo o presidente, não partiu dele a ordem de proibir as faixas de duas organizadas contra o Ceará e um possível gesto dos seguranças para inibir o uso de camisas de protesto. O mandatário ainda prometeu medidas para que tal gesto não volte a acontecer e que o torcedor tenha o direito de se manifestar a favor ou contra o trabalho dos dirigentes.

7 – REELEIÇÃO? – Após admitir ser réu confesso por já ter xingado outros presidentes enquanto era um simples torcedor de arquibancada, Sérgio flertou com a possibilidade de reeleição ao citar o segundo triênio vitorioso de Alexandre Kalil. “Eu não posso ter a chance de tentar fazer alguma coisa nos meus três primeiros anos? Pra, quem sabe, performar bem daqui a três anos?” – questionou o entrevistado. Se os bastidores já ventilaram nomes como Adriana Branco e Castellar, atual presidente do Conselho Deliberativo, Sette Câmara mostra que ainda está no páreo e que pretende voltar à sala de imprensa da Cidade do Galo no futuro para, quem sabe, falar sobre dias melhores. Some não, Presida. #PrecisaMelhorar

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