SETTE CÂMARA REPETE FILME ANTIGO E O FINAL A GENTE SABE

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Muito antes de Sérgio Sette Câmara possuir o selo de verificação no Twitter, em 1981, José Roberto Wright protagonizou a cena mais conhecida do país quando o assunto é arbitragem. Para escancarar tudo o que havia acontecido nos bastidores durante a semana, Elias Kalil comprou um horário na TV e leu um comunicado que certamente faria com que o Galo jamais fosse assaltado novamente. Elias estava indignado com o apito desde o ano anterior, quando Aragão resolveu para o mesmo Flamengo. Hoje ele não iria para a TV, no máximo postaria vídeo no Youtube.

Quais foram os episódios mais marcantes envolvendo arbitragem e o Atlético nos últimos vinte anos? Em 1999, ano em que Sette Câmara começou a participar de forma mais intensa no Atlético, o filho de Elias era Presidente do Conselho e se revoltou com a arbitragem de Márcio Rezende de Freitas na final do Brasileiro. O árbitro não deu pênalti para o Galo no segundo jogo da final e Luizão marcou no contra-ataque. Márcio Rezende, bicampeão com o Corinthians em 2005, hoje trabalha como comentarista na Globo, a mesma que abrigou Right por muitos anos.

Em 2007, Ziza levou faixas para o gramado contra Carlos Eugênio Simon pelo pênalti claro não marcado em Tchô, contra o Botafogo, pela Copa do Brasil. Atualmente, Simon analisa pênaltis não marcados no Fox Sports. A turma de 2012 e 2015, temporadas com enorme influência da arbitragem a favor de Fluminense e Corinthians, ainda atuam, mas certamente os veremos no futuro em importantes cargos administrativos da CBF ou comentando partidas nos principais canais de TV. A Copa do Mundo já esfregou nas nossas caras Sandro Meira Ricci como representante do Brasil.

Alexandre Kalil publicou mensagens pesadas no Twitter e Daniel Nepomuceno não deixou que o treinador fosse para a coletiva, pedindo a queda de toda a comissão de arbitragem da CBF. Sabe qual é a semelhança entre Elias na TV, as faixas do Ziza, os tuítes do Alexandre e a coletiva do Nepomuceno? Todas as ações não surtiram efeito algum nos bastidores.

Continuamos tendo que engolir Dewson Freitas, Péricles Bassols, Ricardo Marques, Marcelo de Lima Henrique, entre outros. É nula a força do Galo nos bastidores do futebol brasileiro, mesmo com Castellar na vice-presidência da CBF. Já levamos filme de rolo com lances que árbitros erraram, levamos fitas VHS e DVD’s. Acredito que todos foram para O LIXO DA CBF. Sem dupla interpretação, por favor.

De onde me virá o socorro? Do STJD? Peguem os personagens dos últimos anos e veja o que representa a sigla que abriga os ídolos do Fluminense de 2012. Paulo Schmitt, que orientou um auditor a punir o Atlético pelos protestos contra a CBFlu, saiu pela porta dos fundos, a família Zveiter, que mandou e desmandou por anos, coleciona histórias de dar calafrios. Se eu tivesse esperança em alguém, certamente não seria no STJD.

Difícil dizer se a CBF, instituição que ex-presidentes são citados em investigações do FBI, vai ignorar o desabafo ou se teremos represálias. Nós, meros mortais, nunca sabemos o que acontece quando as portas se fecham em reuniões de engravatados. Em 2015, vi Nepomuceno e Kalil se encontrarem com Marin e Del Nero, o que me fez ter 1% de esperança que ninguém nos garfaria naquela temporada. Meses após a foto vergonhosa, o apito resolvia o campeonato em três semanas.

Votamos contra o árbitro de vídeo, apertamos a mão de quem nos prejudicou e não temos força nos bastidores. Coube a Sette Câmara usar a única arma disponível e fazer o que lhe incomoda quando é o torcedor do outro lado da tela – xingar muito no Twitter. Não acho que foi para tanto dessa vez, já vimos juízes decidindo partidas em lances mais grotescos. Aliás, Atlético e Cruzeiro são beneficiados todos os anos no Campeonato Mineiro e não temos toda essa indignação a favor dos pequenos clubes.

Em 2012, a Massa abraçou a causa e protestou nos estádios, já em 2015, os protestos tiveram mais força na internet. Dessa vez, a postagem do presidente dificilmente surtirá efeito na arquibancada ou nas redes sociais. A principal preocupação do Atleticano continua sendo a segunda zaga mais vazada do Brasileiro e o desmanche de julho em um time que já colecionava três fracassos na temporada. Não que os protestos e a indignação estejam errados, Sette, mas não é nossa principal pedra no sapato; e se fosse, você já saberia qual é o final. Mais um capítulo na saga CBF e Atlético.

Foto: Reprodução CBF

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