Opinião: Sette, fique longe das câmeras

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Eu estava no auditório Elias Kalil quando Sérgio Sette Câmara entrou para a primeira coletiva como presidente do Atlético. Apesar dos muitos anos de clube, Sérgio nunca teve o perfil de ficar próximo das câmeras e dos microfones. Porém, o presida sempre esteve na competente “panela”, citada pelo papai Kalil como a equipe que ajudou a reerguer o Galo. Foram algumas palavras até a primeira pergunta dos jornalistas.

“É sobre futebol?” – questionou o presidente – “Então é com o Alexandre Gallo”.

Fantástico! Daniel Nepomuceno, o presidente anterior, havia tropeçado nas palavras em diversas coletivas. Algumas desnecessárias, como a que concedeu após a eliminação para o Jorge Wilstermann. Agora quem fala é o diretor de futebol, o que foi dito mais uma vez no dia quatro de janeiro, durante a reapresentação do elenco.

O curioso é que Sette havia falado pouco desde a eleição. Das poucas vezes em que falou, comentou justamente sobre o cargo de diretor. Recusou Klaus Câmara, que havia conquistado recentemente um título da Copa do Brasil, e disse que jamais contrataria alguém tão inexperiente. Anunciou Alexandre Gallo dias depois.

O tempo passou e eu sofri calado (desculpa, mas não aguento escrever essa frase sem lembrar de ‘convite de casamento’, de Gian e Giovanni).

Alexandre Gallo anunciou dispensas, reforços, empréstimos, demissão de treinador, repórter barrado no CT, não faltou pauta na agenda do ex-volante e ex-treinador. Gallo saiu de cena, passou a aparecer menos, talvez por esse desgaste do diretor logo nas primeiras semanas, a frequência das entrevistas do presidente tenha aumentado. Pode ser que Câmara tenha pensado, bate em mim que eu aguento. Decisão infeliz. Não é a praia dele.

Poucos meses depois e Sérgio parece ter gostado das lapelas, canoplas e o REC piscando sem parar. Já se gabava por ter escolhido Ricardo Oliveira, se irritava com a cobrança de renovação de Luan, monitorava tuítes de fakes e desvalorizava a única competição internacional que disputou na temporada.

Aliás, entrevista não era a praia do Kalil também, mas esse sempre foi visto como um personagem caricato. Melhorou com o tempo e, durante as eleições, percebeu a importância de acertar na forma como se transmite uma mensagem. Ganhou meu voto com trinta segundos na TV. Sette Câmara me fez perder a paciência com vinte.

Clubes de futebol sempre priorizaram competições, mas quantos presidentes foram eliminados e correram para os microfones tentando desvalorizar a inalcançáveis uvas verdes?

Para realizar o objetivo de melhorar a saúde financeira do Atlético e conquistar grande títulos, Sérgio Sette Câmara terá que ser forte. Os primeiros meses de 2018 mostraram que o futebol é uma fábrica de problemas diários, muitos causados por tropeços do próprio clube.

Imprescindível ter toda energia e foco na árdua caminhada até o final do mandato. E se o caminho é longo, toda pedra pelo percurso deve ser evitada. Os microfones têm sido algumas dessas pedras. Sem essas mesmas pedras na mão, mas com um conselho de torcedor chato (o papai nos chama assim), fique longe das câmeras, Sette. E, se for possível, longe do Twitter também.

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