SÓ PENSO NELA, QUEM É ELA, O NOME DELA É SUL-AMERICANA

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FOTO: BRUNO CANTINI/ATLÉTICO

Ainda não sei se o mundo do futebol nos ama ou se ele tem ódio mortal pelo Galo. Sempre que pesquiso sobre as sacanagens envolvendo arbitragem no passado e os momentos em que tropeçamos nas próprias pernas perto de um título, tenho a certeza de que o sobrenatural não gosta do Atlético. Porém, em dias como hoje, vejo que ele, o sobrenatural, tenta nos alertar com a intenção de evitar tragédias, mas nós nunca aprendemos com o passado. Lições não faltam na história, mas a gente formata nossa memória todas as noites.

Não precisa ir longe, passamos vinte e oito dias de intertemporada comemorando uma classificação antecipada contra o Cruzeiro na Copa do Brasil. A crise do lado de lá só fez mal para o Galo, até o momento. Seria fácil demais! Não sei quando foi que pegamos esse hábito e seria injusto dizer que é característica apenas dessa equipe, pois a ficha na delegacia tem fantasmas como Brasiliense e Goiás. Quando ficou definido que o adversário na Sul-Americana seria o La Equidad, os deuses do futebol estenderam uma bandeira do Jorge Wilstermann na nossa porta, mas nós optamos por ficar na janela imaginando se a final da Copa seria contra Fluminense ou Corinthians. Poupar titulares contra o Athl. Paranaense? Me poupe! Cinco minutos de partida e veio o choque de realidade, mata-mata na América do Sul, todo mundo dando a vida, ou eu jogo bola ou digo adeus para a competição. Perder para o CAP no final de semana doeu por algumas horas, mas ser eliminado para os colombianos… Ahhh, pode ter certeza que seria preciso uma dose muito maior de morfina na veia.

Se aprendemos algo? Pode ter certeza que o choque de realidade só durou até a madrugada desta quarta-feira. Hoje ainda teremos discursos pedindo time completo contra o Bahia, pelo Campeonato Brasileiro, pois temos condições de ganharmos as duas competições. Enquanto não percebermos que a nossa espingarda só consegue caçar coelho, morreremos de fome tentando caçar leão. Quatro partidas separam o Atlético de uma conquista internacional, com times muito inferiores em relação aos elencos de Palmeiras, Flamengo e São Paulo, adversários do Brasileiro. Após surtos psicodélicos causados por um longo jejum de Brasileiro, chegou a hora de entendermos em que prateleira nosso elenco está para colocarmos os pés no chão e não desperdiçarmos a chance de levar essa taça da Sul-Americana.

Atletas se desgastam, independente do valor registrado no contra-cheque. A pressão vinda da arquibancada, infelizmente, interfere em decisões da comissão técnica para evitar desgastes com a torcida, então chegou a hora de jogarmos juntos, deixarmos o treinador escalar e cumprirmos com nosso papel de torcer. A vida real é diferente, mesmo que nos jogos virtuais você consiga entrar em campo com a mesma escalação vários jogos seguidos.

Não me importa se venderam vinte ou duzentos mil ingressos para o duelo contra o Bahia, pelo Brasileiro. Temos que entrar em campo pensando no jogo de volta contra o La Equidad, respirar a Sul-Americana, dormir pensando nela, acordar com esse foco e namorar esse objetivo em todas as decisões tomadas na Cidade do Galo. Eu não pago ingresso há alguns anos, não posso falar como consumidor, mas como atleticano eu tenho esse direito. É uma taça internacional, caramba! Não importa se foi contra o La Equidad ou contra o Boca Juniors, eu quero essa menina lá na Sede de Lourdes.

Queria eu ter esse otimismo de que temos elenco para disputarmos duas competições simultâneas em alto nível, mas vejo onze titulares  que se encontraram e um banco que pouco contribui quando o treinador tenta dar nova cara ao time no decorrer dos jogos. Se Red Bull te deu asas, pega leve no energético e coloca os pés no chão. Foco na Sul-Americana, deixando a alma em campo, lutando, vibrando. Que a Massa passe a respirar e desejar essa conquista vinte e cinco horas por dia. Eu só penso nela!

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