
FOTO: REPRODUÇÃO / THE FOOTBALL CO
O Atlético está no caminho de transformar o seu futebol em Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Conforme apurado por nossa reportagem, ainda no mês de outubro de 2022, o interessado em adquirir a maioria das ações e se tornar sócio majoritário é Peter Grieve, empresário norte-americano que já se aventurou no mundo do futebol em outras oportunidades.
Avançando nas informações, Grieve e seu grupo, atualmente denominado como “The Football Co“, pretende investir não apenas no Atlético, mas em outros clubes de futebol ao redor do mundo. A ideia é criar uma espécie de grupo de clubes e contratar bancos de investimento para captar recursos no mercado financeiro.
A principal ideia de Peter Grieve é criar uma plataforma de clubes, mas indo na contramão dos atuais modelos que tem como acionistas um único fundo majoritário, o empresário pretende captar recursos do mercado, provavelmente em um processo de oferta de ações, mais conhecido como IPO (initial public offering) ou algum mecanismo similar.
Hoje, há uma tendência em se criar as MCO (Multi-Club Ownership), caso do City Football Group que comprou o Bahia, da 777 Partners que comprou a SAF do Vasco ou mesmo do grupo Eagle dono da SAF do Botafogo. Grieve no entanto quer fazer algo diferente e quer primeiro agrupar os clubes em uma plataforma para fazer a captação dos recursos. Peter Grieve ainda se coloca como o CEO da plataforma.
É preciso ressaltar que é uma proposta arriscada e nunca realizada ainda no mundo do futebol, resta saber quem serão os clubes da plataforma e se os investidores irão ter apetite para a estratégia de Grieve, que até o momento não tem um grande histórico de desempenho na gestão de grandes clubes do futebol mundial. No entanto, se bem sucedida, a operação poderá dar um folego grande ao Atlético pois, pelo que apuramos, grande parte dos recursos entrará no curto prazo e poderão sanar dívidas imediatas do clube com bancos – dívidas essas que contém aval de conselheiros do Atlético.
Os outros clubes que interessam ao empresário norte-americano ainda não foram revelados, mas a ideia é que ao menos um da Premier League (campeonato inglês) também faça parte do grupo.
É preciso ressaltar que não se fala em investimento em dinheiro imediato, através de aporte pessoal, ao contrário do que aconteceu com algumas outras SAFs no Brasil. A proposta de criar uma plataforma única tem como objetivo fazer a captação, chegando ao valor estipulado em contrato de 1 bilhão de dólares. O próprio Peter Grieve se coloca na condição de CEO desse grupo.
Em um artigo publico no site Off The Pitch, que destrincha esse novo modelo de gestão proposto por Peter e The Football Co, Grieve fala sobre o atual modelo aplicado em clubes gerenciados por grupos.
“Os clubes individuais são pequenos demais para serem empresas realmente boas. Eles não são diversificados o suficiente. As pegadas não são grandes o suficiente.”
Peter Grieve, em entrevista ao Off The Pitch
Peter Grieve já tem em seu currículo uma experiência com o futebol. Em 2009 se tornou proprietário do Bantu Rovers, clube do Zimbábue que foi criado um ano antes (2008). Desde então, o time esteve durante quatro temporadas na primeira divisão da liga nacional. Em 2009, quando conseguiu sua melhor colocação, terminou o campeonato em 9º. Em 2010 e 2014, foi vice lanterna (15º) e em 2017 acabou ficando em último (16º) e sendo rebaixado à segunda divisão do país.
Sua segunda experiência no mundo da bola foi entre os anos de 2017 e 2019. Comandando um clube na Europa, mais precisamente em Gibraltar, o Europa Point. Nos três anos em que esteve à frente do time, o Europa Point esteve na primeira divisão da liga nacional apenas em 2019, quando terminou o campeonato em 10º (12 clubes disputaram a liga naquele ano).