XEQUE-MATE NO XADREZ PELOS MILHÕES DE RÓGER GUEDES

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Encher o time do Atlético com jogadores emprestados foi um risco enorme. Falei sobre isso aqui no Deus Me Dibre. Você teria que mudar grande parte do grupo novamente em 2019, não teria retorno da evolução dos atletas na temporada e qualquer venda a partir daí não teria reflexo nas contas alvinegras. Eu errei.

Na verdade, o Alexandre Gallo e o Sette Câmara erraram primeiro. Nomes como Arouca e Samuel Xavier desembarcaram com um percentual pequeno de chances de resultado positivo em Minas Gerais. Risco que se corre quando um treinador ultrapassado está no comando da equipe em período de contratações. O erro foi corrigido com o avião no ar e os três, atletas e treinador, deixaram a Cidade do Galo.

Outro erro? Valor definido para o Marcos Rocha, caso o Palmeiras queira ficar com o lateral, e apenas uma possibilidade de igualar propostas que chegassem pelo Róger Guedes. O Alexandre Mattos mexeu as pecinhas no xadrez e colocou a dupla atleticana em situação desagradabilíssima.

Você sabe quem é Garry Kasparov? Em um período sem internet e tv à cabo, a gente parava em frente à TV para ver o Kasparov jogar xadrez contra humanos e máquinas. A impressão que tenho, e talvez ainda peque por emitir opinião com o negócio saindo do forno, é que Sette Câmara e Gallo viveram um dia de Kasparov.

O Palmeiras ofereceu um bom valor para que o Atlético abrisse mão da possibilidade de igualar a proposta internacional que chegou por Guedes. Sem dúvida, o presidente atleticano pensou que as cifras até cobririam a dívida que o Galo tem por Otero com o Huachipato. A garganta deve ter secado, o coração disparado, mas ele disse que preferia usufruir do direito. Alexandre Mattos desligou o telefone.

A conta não batia! Se esperasse pelo período de setenta e duas horas, a janela chinesa fecharia e talvez não pintasse proposta parecida para Róger, Criciúma e Palmeiras. Sette Câmara ajeitou o corpo na cadeira, colocou sobre a mesa os belos sapatos italianos que comprou em uma das corridas do filho na Europa e esperou. Não deu outra, o Mattos ligou novamente. Negócio fechado.

Em um ano que precisamos enxugar a folha de pagamento drasticamente, pagar contas de outras administrações e pensar no futuro, faturar onze milhões de reais com um jogador emprestado após seis meses é fantástico. Pode bater a raiva por desfalcar o time no restante do Brasileiro, mas que baita negócio fez a diretoria.

É válido, em outra ocasião, abrir discussões paralelas, como a qualidade do time antes e depois da Copa, qual será a nossa briga a partir de agora e como Thiago Larghi montará o novo quebra-cabeça. Só que agora o papo é o negócio envolvendo Róger Guedes. Papito, foi fodástico!

Bancar salário de craque em um contrato longo apenas pelo que o calopsita loiro apresentou em três meses seria arriscadíssimo. Grande parte dos que estão revoltados com a saída ficariam revoltados com a obrigação de mantê-lo futuramente, caso o Atlético exercesse o direito de compra e o rendimento do jogador não fosse o mesmo.

Não dá para brincar com finanças e com dívidas no futebol atual. A mínima chance de não poder registrar atletas na próxima janela de transferências mostra isso. Outras punições maiores viriam pela frente se alguém não começasse a quitar dívidas do passado.

Foram seis meses de críticas em diversas áreas do trabalho de Sette Câmara. Bati mais que o Apollo e o Ivan Drago nos filmes do Rocky Balboa, mas tiro minhas luvas de boxe para aplaudir os envolvidos nessa ocasião. Repito – Talvez seja cedo demais e o futuro queime minha língua, mas é para isso que existe o Deus Me Dibre. Estarei aqui para os próximos capítulos!

 

FOTO DE CAPA: BRUNO CANTINI/ATLÉTICO

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