Minas pode seguir caminho de São Paulo e adotar torcida única nos clássicos

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Desde abril de 2016 um mal assola o futebol de São Paulo: o clássico com torcida única, apenas com a presença dos apoiadores do clube mandante. Sete anos depois, Minas Gerais pode seguir o mesmo caminho.

Está marcado para o próximo dia 22 o clássico Atlético x Cruzeiro, pela 28ª rodada do Campeonato Brasileiro. A partida será disputada no recém-inaugurado estádio atleticano, afinal o mando de campo é do lado alvinegro. O desejo da diretoria do Galo é de que o primeiro clássico na sua nova casa seja de torcida única. Pior, a vontade é que todos os clássicos com o Cruzeiro sejam de torcida única daqui em diante.

No entanto, pelo menos neste Brasileirão, dificilmente o duelo entre Galo e Raposa terá a presença somente de atleticanos, afinal seria uma desvantagem para o time celeste. Vale lembrar que no primeiro turno, no clássico com o mando do Cruzeiro e disputado no Parque do Sabiá, em Uberlândia, os atleticanos tiveram direito a 5.625 ingressos, o que foi equivalente a 15% da carga disponível.

Todavia, do ponto de vista esportivo e também ético, seria errado privar que os cruzeirenses tenham acesso ao clássico do próximo dia 22.

Mas o Atlético vai se escorar no argumento da falta de segurança para que 2,3 mil ingressos destinados aos visitantes neste início de operação do estádio, que ainda não está com a capacidade máxima liberada, sejam vendidos para torcedores do Cruzeiro. Embora a vontade da diretoria atleticana seja pelo clássico de torcida única, ela vai acatar o que determinarem Polícia Militar e Ministério Público de Minas Gerais.

Porém, mesmo que o duelo do dia 22 tenha a presença de cruzeirenses, não se assustem se no futuro o principal clássico de Minas Gerais se tornar um jogo apenas para torcida do clube mandante.

Desculpa esfarrapada

Usar a torcida única como solução para evitar briga entre torcidas rivais não deu certo em São Paulo. Basta ver que as brigas entres as organizadas paulista seguiram nos últimos sete anos. O Ministério Público de São Paulo ‘jogou para a galera’ após a morte de um torcedor durante uma briga entre corintianos e palmeirenses, na Zona Leste de São Paulo, bem distante do Pacaembu, local do clássico disputado em 3 de abril de 2016.

Quem realmente colocou fim, pelo menos conseguiu uma trégua, nas brigas entre as torcidas paulistas foi o PCC (Primeiro Comando da Capital). A facção criminosa ameaçou os líderes de todas as organizadas de São Paulo após uma nova briga entre Mancha Verde e Gaviões da Fiel. Em fevereiro deste ano, uma série de áudios viralizou no WhatsApp, com ameaças aos responsáveis pelas torcidas organizadas. O fato é que por medo ou por respeito, as brigas em São Paulo não aconteceram mais.

Em Minas, também tem casos de brigas entre torcidas, e alguns casos, infelizmente, com morte. Mas nem por isso temos de conviver com essa aberração que é o clássico com torcida única.

Tivemos de aturar o clássico com torcida única entre o segundo semestre de 2010 e o fim de 2012, durante o período que o Mineirão esteve fechado por causa da reconstrução para receber jogos da Copa do Mundo de 2014. Os duelos aconteceram na Arena do Jacaré, no Parque do Sabiá e no Independência e só não tiveram as duas torcidas por acomodação das autoridades.

Como existem relatos de confusão entre atleticanos e cruzeirenses no período, não é o fato de ter torcida única que vai inibir os brigões. Portanto, se as organizadas quiserem brigar, elas vão brigar, seja com uma ou duas torcidas presentes no estádio.

Quebrou cadeira? O Cruzeiro vai pagar

Entre os atleticanos existe o medo de que a torcida rival quebre cadeiras da Arena MRV. Caso isso aconteça, a conta será do Cruzeiro. É praxe no futebol brasileiro que o clube visitante pague os danos causados por sua torcida. O caso mais recente foi o duelo entre Botafogo x Flamengo, pela 22ª rodada do Brasileiro, disputado no Estádio Nilton Santos.

Foram danificadas 379 cadeiras do setor de visitante, de acordo com a administração do estádio botafoguense. O Rubro-Negro teve de acar com a conta de R$ 151 mil.

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