O Cruzeiro de Zé Ricardo joga pior do que o Cruzeiro do Pepa

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Sim, o Cruzeiro de Zé Ricardo tem atuações piores do que tinha o Cruzeiro de Pepa. Não, este texto não vai defender o treinador anterior e tampouco condenar o comandante atual. É somente uma constatação de quem acompanhou todos os jogos da equipe celeste neste Campeonato Brasileiro.

Mas também é verdade que os resultados de Zé Ricardo não são diferentes dos resultados na época de Pepa. Afinal, a sequência de 13 partidas e somente uma vitória tem assinatura do Pepa, que comandou o time em oito desses jogos e não venceu nenhum. No entanto, o campo mostra algumas diferenças entre o antes e o agora. A principal delas ficou evidente no empate sem gols com o Cuiabá, na Arena Pantanal, pela 26ª rodada do Brasileirão: o Cruzeiro criou menos chances reais de gol do que criava anteriormente.

Durante boa parte do Brasileiro a queixa do cruzeirense foi a quantidade de gols perdidos pelo time estrelado. Não por acaso o atacante Gilberto está deixando o clube pela porta dos fundos, afinal o 7º maior goleador do Brasileirão na era dos pontos corridos não conseguiu ser o homem gol que a torcida esperava. E não dá para dizer que faltaram chances para o atacante, que marcou somente três vezes na competição.

O Cruzeiro de Pepa tinha volume ofensivo, chegava bastante dentro da área adversária e criava chances claras de gol. Porém, o time esbarrava na falta de qualidade técnica dos próprios jogadores. Já o Cruzeiro de Zé Ricardo até consegue finalizar, tanto que foram 17 vezes contra o América e mais oito diante do Cuiabá, mas chances claras de gol foram quantas?

Cruzeiro sem identidade

Outra característica do time dirigido pelo treinador português era o controle do jogo. Geralmente era a Raposa quem ditava o ritmo das partidas, era o time que queria ter a posse de bola a todo instante. Com Zé Ricardo essa postura mudou. E assim como existe diferença entre finalização e chance clara, também existe diferença entre posse de bola e controle do jogo.

No clássico com o América, por exemplo, a Raposa teve 60% de posse de bola, mas dava campo para o rival jogar, como queria o Coelho, que finalizou incríveis 15 vezes de dentro da área cruzeirense. Foi um jogo que o Cruzeiro teve mais posse, mas não jogou melhor. Assim como aconteceu contra o Cuiabá. Teve mais posse, mas em nenhum momento o Dourado se sentiu desconfortável dentro de campo. Pelo contrato, foi o time da casa que teve mais chances e as mais claras.

Não é simplesmente uma questão de quem seja melhor ou pior. O fato é que a troca de Pepa por Zé Ricardo, treinadores com estilos diferentes, causou uma ruptura no trabalho. Com o Pepa, que tinha sim seus erros, o Cruzeiro tinha uma maneira muito bem definida de jogar futebol. Talvez a ousadia do treinador português fosse demasiada em função da qualidade do elenco, mas todos nós já sabíamos como o time celeste se apresentaria.

Após os primeiros 40 dias, com quatro jogos nesse período, Zé Ricardo ainda não conseguiu dar uma identidade para o Cruzeiro. A partir de agora, serão 12 partidas em aproximadamente 45 dias. Sem tempo para trabalhar, Zé Ricardo vai ter de conseguir o que o Pepa não conseguiu, que são os resultados, afinal de contas a água está subindo e o Cruzeiro ainda não se salvou.

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