Sem Copa Sul Minas, clubes do interior querem aumentar as datas no Campeonato Mineiro de 2025

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A edição 2024 do Campeonato Mineiro nem sequer começou e os clubes do interior já se articulam para uma mudança de formato na competição de 2025. E o poder da escolha da fórmula de disputa está nas mãos das equipes menores. Ao trio América, Atlético e Cruzeiro resta apenas o lobby junto aos dirigentes das outras equipes participantes do Módulo 1.

Entenda todo o caso

Entre 2004 e 2022 o Campeonato Mineiro manteve a mesma fórmula de disputa. Fase classificatória em turno único e as finais disputadas pelas equipes mais bem colocadas. Por quase duas décadas o Mineiro sofreu pequenas alterações nas fases finais, como a realização de quartas-de-final, em algumas poucas temporadas, e a decisão em jogo único, como foi em 2022. Mas sempre com um base de disputa muito bem definida.

Um modelo de disputa simples, sem regulamentos mirabolantes, de fácil entendimento e que serviu de inspiração para outros estados. Mas então por qual motivo os clubes optaram pela mudança no formato para o biênio 2023/2024?

A resposta: Copa Sul-Minas

Entre 2000 e 2002 os clubes de Minas Gerais disputaram o torneio nada geográfico com os clubes do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A Copa Sul-Minas era uma resposta ao Torneio Rio-São Paulo, que significava um ganho técnico e financeiro para as equipes das duas principais federações do país. Com a Sul-Minas, os principais clubes do Sul do Brasil e os gigantes mineiros tinham a chance de jogar clássicos nacionais antes do início do Brasileirão, além de faturar um pouco mais com a televisão.

Com o desinteresse cada vez maior nos estaduais, dos clubes e, principalmente, dos torcedores, algumas federações tentaram recriar a Copa Sul-Minas, desta vez tendo como inspiração a Copa do Nordeste, sucesso absoluto de crítica e financeiro.

Num primeiro momento, com o calendário tão apertado, a primeira solução encontrada foi reduzir os estaduais em algumas datas, sendo 12 em 2023 e 10 em 2024, para que a Copa Sul-Minas contasse com seis datas, e assim não estouraria o limite de 16 datas que as federações têm no calendário da CBF.

Porém, somente Minas Gerais se adequou para receber novamente a Sul-Minas. Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul não mexeram nos respectivos estaduais. Com o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues sem saber se ficaria ou não cargo e ao mesmo tempo tendo que escolher o técnico da Seleção Brasileira, a pasta em que tratava sobre o retorno da Copa Sul Minas foi engavetada. Pelo menos por enquanto.

Menos jogos e mais dinheiro

Como a Copa Sul-Minas seria disputada basicamente por América, Atlético e Cruzeiro, o que fez os clubes do interior aceitarem uma redução no número de datas do Mineiro?

A promessa de jogar menos e ganhar mais dinheiro. Foi isso o prometido aos pequenos do estado. A ideia era fazer um bem bolado (expressão que o Heverton Guimarães adora) e negociar os juntos os direitos de transmissão dos estaduais de Minas, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Além da própria Sul-Minas.

Não é segredo que a Globo retirou o grande investimento que fazia nos Estaduais. Em Minas, por exemplo, a redução na cota foi superior a 50%. Até 2021 eram mais de R$ 42 milhões pagos por ano aos 12 clubes que disputam o Módulo 1. Valor que caiu para cerca de R$ 20 milhões nas últimas temporadas.

Com mais grandes clubes no pacote, a ideia era recuperar a verba perdida. Para os clubes do interior isso significaria menos jogos e mais dinheiro. Mas a promessa não foi cumprida e os dirigentes querem as datas perdidas de volta.

O futuro

Até 2022 a primeira fase do Mineiro era disputada em 11 rodadas. Caiu para oito. O corte de três jogos custou muito caro para os times pequenos, que perderam o confronto com um dos grandes da capital. No ano passado, o Athletic foi o único que enfrentou o Trio de Ferro, já que duelou com Cruzeiro e América na primeira fase e pegou o Atlético na semifinal.

Para 2025, o mínimo que os clubes do interior desejam é o retorno do formato antigo. Ou seja, mais três jogos na primeira fase e o direito de enfrentar todos os times de Belo Horizonte. Porém, como o formato tradicional gasta 15 das 16 datas, não será surpresa que voltem a disputa das quartas de final, em jogo único, como foi na temporada 2019, por exemplo.

Como mudar

Quem decide o formato do Mineiro são os 12 clubes participantes. A votação acontece durante o arbitral da competição geralmente realizado no mesmo de novembro. Vence a proposta que tem mais votos.

Porém, a votação tem peso de acordo com o resultado da edição anterior. O voto do campeão vale 12 pontos, do vice vale 11, do terceiro vale 10 e assim sucessivamente, até o vice-campeão do Módulo 2, que tem peso 1 no voto.

Mesmo que o trio de BH termine nas três primeiras colocações em 2024, eles nada podem fazer se o interior se juntar. Neste cenário hipotético os times da capital teriam 33 votos contra 45 dos demais clubes.

E, para 2025, não tem mais nenhuma trava para impedir a mudança. De acordo com o Estatuto do Torcedor as fórmulas das competições devem ser mantidas por pelo menos duas temporadas. Portanto, após 2023 e 2024 num formato que não agradou à maioria, o Mineiro de 2025 tem tudo para ser diferente.

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