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Cruzeiro

1 ano depois: rebaixamento segue sem grandes consequências para responsáveis

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FOTO: BRUNO HADDAD / FLICKR OFICIAL / CRUZEIRO E.C.

O dia 8 de dezembro de 2019 dificilmente sairá da memória do torcedor do Cruzeiro. Após ser derrotado em pleno Mineirão pelo Palmeiras, por 2 a 0, em jogo válido pela 38ª rodada do Campeonato Brasileiro, o Cruzeiro foi rebaixado para a série B pela primeira vez em sua história. Apesar de ter seguido à risca o “manual” para chegar nesse ponto, o caminho deixou marcas e feridas que até o momento não cicatrizaram e vão além do campo.

Sem qualquer punição para os cabeças da gestão Wagner Pires de Sá, incluindo o próprio ex-presidente, sem reestruturação de um conselho deliberativo conivente e com algumas das mesmas figuras dando as caras, o Cruzeiro segue buscando a necessária reestruturação para poder reerguer e voltar a série A – uma tarefa ainda improvável de acontecer neste ano.

Principais nomes da destruição do clube, Wagner Pires de Sá, Itair Machado e Sérgio Nonato, seguem impunes. Apesar das diversas ações contra os ex-dirigentes, que até chegaram a ter suas contas bloqueadas e se tornaram réus após investigação da Polícia Civil e denúncia do Ministério Público de Minas Gerais, Wagner e Sérgio seguem dentro do quadro de conselheiros do Cruzeiro com poder de voto e sem qualquer punição administrativa por sua gestão.

Juntos, os três representaram a derrocada do Cruzeiro com uma gestão irresponsável e possivelmente criminosa. Aumentaram a dívida do clube, que chegou próximo dos R$1 bilhão e organizaram um sistema de apoio com o conselho – que por omissão ou conveniência – deixou que tudo acontecesse de forma natural.

O próprio conselho, por si só, é outro capítulo à parte que merece destaque no rebaixamento: não foram poucas as vezes em que faltou senso crítico e cobrança para os conselheiros. Após uma eleição ilegal – determinado por sentença judicial em 1ª instância – uma base de apoio foi formada, muitas vezes com interesses próprios, que renderam não só contratos remunerados para cerca de 30 conselheiros (ferindo o próprio estatuto do clube) como festas, camisas, ingressos e outras regalias para manter um conselho pouco combativo.

É importante relembrar que mesmo após toda a denúncia dos veículos de imprensa ao longo do ano de 2019, com documentos, provas diversas e já com investigações em andamento , o conselho fiscal – presidido na época por Paulo César Pedrosa, que veio a se tornar presidente da mesa diretoria do Conselho Deliberativo elegendo posteriormente para o cargo Nagib Simões, seu vice na época – afirmou que não havia qualquer indício de irregularidade nas contas apresentadas pelo ex-presidente Wagner Pires de Sá.

Enfim, a queda do Cruzeiro partiu principalmente dos problemas administrativos, causados por conta de uma falta de transparência e personalidades movidas a interesses pessoais, acima daquilo que se entende por ser o correto a fazer com a instituição. 1 ano depois da queda, futebol a parte, poucas coisas mudaram na estrutura do clube em termos políticos. 

É claro que as gestões seguintes, seja com o Conselho Gestor ou com o atual mandatário Sérgio Santos Rodrigues, não seguiram (ou seguem) o modelo temerário de gestão. Dívidas foram pagas, negociações foram feitas, mas o rombo moral e ético permanece com a falta de práticas que mostrem ao torcedor uma verdadeira mudança estrutural do clube. E essa mudança é uma uma dívida que não depende de dinheiro ou de divisão para ser paga.