10 ANOS: O QUE PENSA ADILSON BATISTA E AS LIÇÕES DA LIBERTADORES

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FOTO: REPRODUÇÃO / GETTY IMAGES

Em um mundo azul perfeito, hoje estaríamos celebrando dez anos da conquista de nossa terceira Libertadores, mas, como a perfeição é algo intangível, nossa celebração foi adiada, quem sabe esse ano a gente consiga reconquistar Santiago e comemorar o tricampeonato que nos assombra até hoje.

Sobre essa questão de imperfeição, o que eu posso dizer é que reconhecer a própria limitação foi um dos motivos que tornaram aquela equipe quase perfeita. Na falta de um destaque individual, de um verdadeiro “craque”, o que prevalecia era o coletivo. Cada atleta desempenhava o seu papel com o intuito de beneficiar o todo. Tudo isso muito bem treinado pelo técnico Adilson Batista.

Infelizmente, no momento mais importante da competição, o senso de coletividade, que marcou a campanha do time do Cruzeiro na Libertadores de 2009, sofreu um duro golpe e que nos custou muito caro. Mas seria um impropério da minha parte falar que só a briga pela premiação, que realmente aconteceu, que tirou o título da Raposa. Dez anos depois já é possível reconhecer que o Estudiantes foi melhor na final, tanto na Argentina como no Mineirão. Em La Plata, se não fosse o Fábio, provavelmente seríamos goleados. No Mineirão entramos sem Fabrício e sem Thiago Ribeiro, deixando o time mais lento e com menos poder de marcação e recomposição.

A verdade é que na arquibancada, de certa forma, existia em boa parte da torcida o clima de “já ganhou”. Aquele golzinho que o Kleber perdeu em terras argentinas… Como fez falta. Foi uma tragédia, que até hoje me causa pesadelos.

Apesar do trauma, vimos o Cruzeiro fazer partidas memoráveis na competição de 2009. Os dois jogos contra o São Paulo, um baile no Grêmio no Mineirão… Lembranças que são ofuscadas e que poderiam ser bem melhores se não tivéssemos perdido aquele título.

Dez anos depois, a maior lição que podemos tirar é aquele clichê máximo do futebol: o jogo só acaba quando termina. Não adianta ganhar de véspera. E é com esse sentimento que devemos encarar o clássico de quarta-feira, mesmo tendo a vantagem.

O que pensa Adilson Batista:

Nossa reportagem entrou em contato com o técnico responsável pela campanha do vice em 2009. Perguntado se ele faria algo diferente, Adilson respondeu: “acho que quando tava 1 a 0 poderia ter tirado alguém da frente, colocado mais um jogador no meio. Mais uma marcação individual no Verón. Poderia ter feito essa mudança…”

E Adilson não parou por aí:

– A turma pega no pé do (Gérson) Magrão, mas ele fez bons jogos. Eu acho que a gente jogou bem… o orgulho, é claro que da orgulho, mas nosso time tinha dificuldades, não era um timaço, mas era um bom time, bem treinado, fomos superiores várias vezes e não tomamos sufocos. Poderíamos ter vencido a Libertadores, mas pegamos um bom time que era o Estudiantes. Eles eram um bom time! Por isso que a gente tem que ter orgulho.

Adilson finaliza dizendo as qualidades daquele elenco:

– Um time bem treinado, com as linhas, com padrão, com posse e que não sofreu pressão. Que tinha intensidade e volume de jogo. Fizemos Thiago Ribeiro jogar, Kléber jogar, Wellington (Paulista) jogar. Magrão foi improvisado. São coisas que a gente observa, o Cruzeiro não tinha muito dinheiro, então (o mérito) foi do trabalho também. Eu fico contente com isso.

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