FOTO: VINNICIUS SILVA / FLICKR OFICIAL / CRUZEIRO E.C.
Não se esperava um milagre. Inclusive, em minha participação no programa Horizonte Esportes da TV Horizonte, cheguei a comentar com os colegas de mesa que não se podia exigir uma vitória. Era a estreia de um técnico diante do líder do campeonato, a sensação, com um técnico de personalidade e que ousava ser ofensivo. O Cruzeiro, por sua vez, precisava se desvencilhar de três anos de futebol pragmático, pouco ousado, sem criatividade e muito burocrático. Mas o destino deixou claro, com 1 minuto de jogo, que a estreia de Rogério Ceni seria num roteiro perfeito.
Um jogador a mais desde o primeiro minuto de jogo. Um time disposto, renovado, apoiado por 40 mil torcedores num dos templos do futebol. Troca de passes verticais, tabelas, passes certos e ótimas finalizações. Quase nenhum chutão ou lançamento torto. Tudo no chão. Talvez se desvencilhar do pragmático seja mais fácil do que a gente imagina – e com isso Rogério terá seus próprios problemas pra resolver. Dois desses problemas já parecem estar bem encaminhados: Fred e Thiago Neves. O camisa 10 sendo o melhor em campo, se apresentando, acertando passes, chutes, voltando a marcar gols e comandando o time. O camisa 9 entrando e fazendo que sabe: aproveitando as melhores oportunidades.
A tônica do primeiro tempo nos trouxe um Cruzeiro que há muito não se via. Intenso, rápido e rasteiro. O que se espera para tirar o time da atual situação, acabar com qualquer sombra de Z4 e se possível, brigar de igual pra igual contra o Inter e reverter o 1 a 0 na Copa do Brasil. Rogério foi ousado na escalação, mais ousado ainda nas substituições e foi premiado. Tudo em sintonia com uma equipe que se entregou em campo.
No segundo tempo, menos intensidade, mas total domínio do jogo. O gol no início matou qualquer ímpeto santista, que sentiu o peso de estar com um jogador a menos e o desgaste físico de uma partida de correria. Rogério teve sorte, claro. Mas teve méritos em fazer algo diferente, em arriscar mudar. É o que esse time precisava.
Nada pode ser mais positivo do que uma vitória na estreia. Nem mesmo o desencanto de Fred, ou a ótima partida de Thiago Neves. De negativo, a saída de Dedé que sentiu a coxa e fica a torcida para que não seja nada demais.
Enfim, o ano ainda não está perdido. Rogério chegou dando o choque que esse time precisava e Mano Menezes já é passado. Agora é focar, trabalhar e sair das situações controversas o mais rápido possível, afinal, como o próprio treinador disse em sua coletiva: É o Cruzeiro!