
FOTO: STAFF IMAGES / FLICKR / CRUZEIRO
Pedir que o torcedor abra mão da passionalidade e seja um analista de dados, de desempenho ou qualquer tipo de função parecida é algo que não faz o menor sentido. Até porque, quando isso acontecer, os estádios estarão frios e sem vida. Atmosfera que nada ajuda um clube. O papel do torcedor é justamente acreditar no impossível, sonhar com o impensável e alimentar-se de expectativas positivas.
O duelo contra o Cuiabá, pela sétima rodada da Série A do Brasileirão, foi marcado por uma situação que exemplifica isso. Caso vencesse, o Cruzeiro assumiria a vice-liderança da competição com quase 20% de campeonato percorrido, feito impensável por parte dos torcedores e até da crítica especializada, principalmente depois de um início de temporada tão conturbado dentro de campo. A torcida se apegava à essa ideia.
Mas, assim como essa vice-liderança não significaria que o clube estaria a todo momento brigando na parte de cima da tabela, a derrota não significa que todo o trabalho é ruim e o que foi construído até aqui é mero acaso do destino.
O Cruzeiro montou um time decente para a Série A do Campeonato Brasileiro. Totalmente capaz de corresponder à expectativa de se manter na primeira divisão e buscar uma vaga em alguma competição internacional. É claro que há problemas visíveis na construção do elenco, mas os princípios estão ali até diante de cenários contrários. Esse time, jogando em seu limite, é capaz de competir contra times mais fortes e vai conseguir – como já o fez – vitórias importantes.
Será o suficiente para terminar o campeonato na parte de cima da tabela? Difícil mensurar. As coisas no futebol mudam muito rápido e milhares de fatores influenciam. Seja a mudança de “casa”, as condições do campo, lesões de jogadores em boa fase, contratações feitas na janela de transferência, o controle emocional e a obediência tática ao que pede o técnico Pepa. Mas é visível que há um trabalho sendo feito.
O Campeonato Brasileiro de 2023 já está marcado por um forte equilíbrio entre todas as equipes. Embora nivelado por baixo em relação às grandes ligas, é muito difícil prever cenários em uma distância curta de 3 ou 4 rodadas.

O momento do Cruzeiro pede certa racionalidade daqueles capazes de fazer isso – principalmente da imprensa e da crítica especializada – não do torcedor, esse sempre vai cobrar por vitórias e criticar em derrotas. Não importa se está jogando no limite, se o time está enfrentando adversários mais fortes ou mais regulares. E o Cruzeiro precisará dessa “loucura passional” para superar uma temporada de afirmação e reconstrução.
Na mesma proporção, é preciso que a diretoria do Cruzeiro entenda que o torcedor não precisa ser um analista técnico ou um de desempenho. Ele será passional em sua maioria e cobrará sempre por mais, ignorando os pormenores. É assim quando se está à frente de um dos maiores clubes do continente, lidar com a pressão. Ressaltando que a “paciência” e o apoio que tanto pedem está sendo correspondido.