Alexandre Mattos detalha planejamento do Cruzeiro e critica contratações irresponsáveis no futebol brasileiro

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Na manhã desta quinta-feira (3), Alexandre Mattos, CEO de futebol do Cruzeiro, participou de um evento que discutiu as SAFs (Sociedades Anônimas do Futebol) e o Fair Play financeiro. Durante a entrevista, Mattos falou abertamente sobre a situação do Cruzeiro, abordando questões financeiras, o planejamento a longo prazo do clube e as críticas à política de contratações adotada por alguns clubes no futebol brasileiro.

Mattos iniciou sua fala ressaltando o processo de transição que o clube enfrentou após a chegada de Pedro Lourenço como sócio majoritário. Ele explicou que, ao assumir o comando, o empresário teve uma visão mais clara das dívidas e das pendências que o Cruzeiro enfrentava.

“O momento que eu acho que gera choque é quando se imaginava uma coisa, e depois, ao abrir as gavetas e baús, surgiram coisas que não estavam claras. Com o tempo, Pedro Lourenço está profissionalizando a gestão conforme sua visão. Ele construiu um império, e o Cruzeiro está caminhando para ter sua gestão com a cara dele”.

Sobre contratações, Mattos foi direto ao mencionar que o Cruzeiro tem trabalhado dentro de suas possibilidades e criticou a ideia de “abrir os cofres” indiscriminadamente.

“Eu não vi ele falando de abrir os cofres. Vi ele falando de abrir os jogadores dentro da realidade. A gente vai fazer dentro da nossa realidade. Quando a gente fez essas contratações, bem antes de abrir a janela e o Cruzeiro se pronunciou e disse que ali tinha parado de contratar, a gente foi claro: não. A gente estipulou um limite, de maneira organizada um plano, como é feito uma empresa. Ali tem uma organização e dentro disso vamos fazer. Hoje temos um elenco muito bom, sabe que tem carência como qualquer elenco do mundo tem, como Real Madrid, Barcelona, Manchester City. E o Cruzeiro vai fazer isso.”

Ao falar sobre a reestruturação financeira do Cruzeiro, Mattos frisou que o clube está comprometido com um planejamento a longo prazo, tanto no futebol masculino quanto no feminino, e que as dívidas astronômicas ainda são uma grande preocupação.
“Com o tempo, vamos conseguindo pagar essas dívidas. O torcedor precisa entender que precisamos dele para gerar receitas, o que nos permitirá aumentar os investimentos. O que não podemos fazer é dar passos maiores que nossas pernas, como foi o caso do futebol feminino. Precisamos equilibrar nossas finanças”, alertou o CEO.

Mattos também destacou a importância de elevar as receitas do Cruzeiro para torná-lo mais competitivo. Segundo ele, o objetivo é manter o clube brigando nas primeiras posições nos próximos anos, com um planejamento de dois a três anos. “O Cruzeiro precisa elevar suas receitas. Não podemos ficar com algo em torno de 300 milhões de reais. Precisamos mais para sermos competitivos”, afirmou, delineando um plano de equilíbrio financeiro dentro de 5 a 10 anos.

Ao final, Mattos criticou clubes que realizam grandes investimentos, mas não honram seus compromissos. Ele destacou a importância do Fair Play financeiro no futebol brasileiro.

“Cruzeiro paga suas contas rigorosamente em dia. Fair Play começa com isso: cumprir o que se promete. O que alguns clubes estão fazendo não é sustentável, e isso precisa acabar no futebol brasileiro.”

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