
“Quando você ou alguém aposta todas as fichas ou dólares em uma determinada mão.”
No Poker, essa é a definição do termo “All In”. Trazendo para o futebol, foi a opção do treinador Mano Menezes na temporada de 2018. Em 8ª lugar no Brasileiro, com 26 pontos, 7 atrás do Palmeiras, 6º colocado – vaga na Pré Libertadores – e 10 pontos atrás do Grêmio, 4° colocado – vaga direta na fase de Grupos da Libertadores – podemos dizer que ir para o principal torneio do continente via Campeonato Brasileiro já começa a se tornar uma missão bastante complicada. Com isso, resta torcer com todas as nossas forças para que a equipe conquiste a Copa do Brasil ou a Libertadores (sonhando alto, às duas) para, além da premiação, disputar a Libertadores de 2019.
É um planejamento arriscado e inconsequente. Parte disso, deve-se principalmente a falta de foco dos jogadores ao encararem os jogos do Brasileirão. O jogo contra o Bahia, particularmente no primeiro tempo, evidenciou um Cruzeiro lento, preguiçoso e sem interesse. Vale lembrar que o adversário fez um jogo extremamente desgastante na quinta-feira contra o Palmeiras, pela Copa do Brasil, enquanto o Cruzeiro jogou na quarta-feira e apesar da tensão, teve um dia a mais de descanso. Nem assim foi suficiente para que uma vitória viesse. Já são 5 jogos sem vitória no Brasileiro e no próximo dia 22, data do confronto contra o Grêmio, completam 30 dias sem um resultado positivo no torneio.

Irregularidade no Brasileiro preocupa o torcedor. Mano é o único culpado, ou os jogadores também estão devendo? Foto: Vinnicius Silva/ Cruzeiro E.C.
Mano Menezes é o único culpado?
Com carta branca para montar o elenco de 2018, é justo dizer que o treinador é o único culpado desse planejamento de risco? Na minha opinião, não. Mano Menezes tem, sim, sua parcela de culpa, principalmente quando analisamos seu desempenho à frente do Cruzeiro contra equipes da Série A (136 jogos, 53,9% de aproveitamento) mas a baixa produção de alguns jogadores experientes e bem remunerados também é bastante questionável. Ao ver Thiago Neves destacar que a falta de foco no Brasileiro vem sendo um problema, me pergunto: O que está faltando para os jogadores entenderem que, caso não sejam campeões de algum torneio mata-mata – e vamos combinar, apenas um time será campeão e nada garante que seremos nós – a chance de ficar de fora da Libertadores 2019 implicará em queda de receita, patrocínio e, consequentemente, salários atrasados? É isso que querem? Pois se não é, é hora de FOCAR no objetivo plausível: garantir presença na América.
A equipe cria oportunidades, mas não marca gol
Com o pior ataque da sua história nos pontos corridos e terceiro pior do Brasileiro de 2018 (à frente de Ceará e Paraná) com 15 gols em 19 jogos, média de 0.79, é muito difícil ter uma boa campanha. Mas o problema não é a falta de criação, se pegarmos os jogos do Cruzeiro pós Copa onde a equipe não conseguiu vencer (Corinthians, São Paulo, Vitória, Flamengo e Bahia) e até mesmo os jogos da Copa do Brasil e Libertadores onde tivemos sucesso (Flamengo e Santos) a falta de pontaria é uma constante. As oportunidades surgem e os jogadores não aproveitam. Contra o Corinthians, Barcos perdeu pelo menos duas chances claríssimas. Contra o São Paulo, o Pirata também perdeu um pênalti e contra o Bahia uma chance completamente livre na entrada da área, sem marcação. Segundo números do Footstats, o Cruzeiro é a 6ª equipe que mais finaliza no Brasileiro, com 232 finalizações totais, mas apenas a 11ª em finalizações certas (78). O que precisa ser feito para melhorar, treinar mais? Concentração? É difícil encontrar uma resposta, mas o diagnóstico é este.

Falta de pontaria vem sendo um problema constante no Cruzeiro. Foto: Bruno Haddad/Cruzeiro E.C.
Conclusão
Com 19 rodadas restantes, é o momento da Diretoria do Cruzeiro cobrar treinador e elenco. O caldo ainda não entornou, é possível fazer uma campanha de recuperação no returno e garantir, pelo menos, uma vaga no G6. Nos mata-matas, a equipe mostra foco e determinação, mas os adversários são duros e não dá para apostar que seremos campeões com facilidade. O investimento feito no início da temporada foi alto, muitos reforços não renderam, como Bruno Silva e Mancuello, interferindo diretamente na equipe quando os titulares precisam de descanso. David, o velocista que chegou a peso de ouro, ainda não conseguiu deslanchar devido as lesões, tornando o time completamente dependente de Giorgian de Arrascaeta. É a hora de ligar o sinal de alerta, o Brasileiro não pode ser abandonado.
Saudações celestes
#MeDibre