Anteriormente contra mudança do Estatuto, Gilvan integra comissão para reforma

Compartilhe

FOTO: GUSTAVO ALEIXO/CRUZEIRO E.C.

Conforme matéria publicada pelo jornalista Tiago Mattar, do Superesportes, Gilvan foi um dos escolhidos por Paulo César Pedrosa para integrar a comissão que discutirá a reforma do estatuto (confira clicando aqui). O ex-presidente se mostrou favorável a participação do sócio-torcedor com direito a voto, ainda que a matéria careça de debate. O curioso dessa decisão é que, enquanto presidente do Cruzeiro, Gilvan teve duas oportunidades de propor a mudança do estatuto em épocas diferentes e foi contra. Abaixo, traçamos uma linha do tempo relembrando toda a história até chegar nos tempos atuais.

Em 2011 houve conflito entre Zezé, Francisco Lemos e Alvimar na escolha do próximo presidente. Zezé havia decidido por Dimas Fonseca como seu sucessor, na época diretor de futebol e seu sócio na Construtora Dez. Alvimar preferia Zé Maria por ser seu sócio na Stillus Alimentação. Enquanto Lemos era a favor do Gilvan. Como Zezé já estava ausente por ocupar uma cadeira no Senado, alteraram o estatuto para inviabilizar a candidatura de Dimas. Antes, o conselheiro nato poderia se candidatar apenas com um mandato (caso de Dimas) e alteraram para pra três consecutivos. E poderia se tornar conselheiro nato em seu primeiro mandato, o que mudou para três mandatos consecutivos ou cinco alternados. Fizeram um acordo para Gilvan ser presidente e Zé Maria seu vice e diretor de futebol. Em 2012, Gilvan colocou Alexandre Mattos como diretor de futebol, contrariando Zé Maria. Com isso, Bruno Vicintin, então conselheiro e assistente do segundo vice-presidente Márcio Rodrigues foi pra base como superintendente da categoria, indicado por ele.

A partir daí, a base começou a ser ocupada por pessoas com cargo técnico, como o coordenador de captação do Fluminense, Klauss Câmara, vindo para assumir o cargo de diretor da base. Com isso, começaram uma série de conquistas na base, como o tetracampeonato Mineiro Sub-20 e o bi-campeonato brasileiro sub-20 em 2012 e 2017. Em 2014, haviam dois possíveis candidatos para suceder Gilvan: Pedro Lourenço e Bruno Vicintin, então superintendente da base. Nessa época, Perrella já havia voltado aos bastidores do clube e, após ver seu filho Gustavo Perrella não ser eleito deputado federal, começou a trabalhar contra a mudança do estatuto, que visava flexibilizar a candidatura a presidência. No fim do ano, Mattos sai por divergências com Gilvan, que se reelege por aclamação, mas perde a eleição para deputado estadual (PV). Nesse período (2014/15) foi proposto ao presidente a mudança do estatuto. Ele entendia ainda não ser a hora, pelo fato do Pedrinho não poder se ausentar do Supermercado e a inexperiência/juventude de Bruno Vicintin. A terceira via, que era Sérgio Santos Rodrigues, participou da gestão Gilvan e acabou saindo para se juntar a Zezé Perrella.

Em 2017, Gilvan decide rejeitar novamente a mudança do estatuto por ser ano de eleição, inviabilizando a campanha de Bruno Vicintin. Estoura o escândalo da JBS em que Zezé Perrella é citado, fazendo com que ele desista do pleito. Nesse momento, a eleição fica em aberto. Com isso, há uma nova tentativa de Gilvan com Pedro Lourenço, que recusa pelo mesmo motivo de antes. A segunda tentativa foi Gustavo Gatti, que não foi por questões familiares. Emilio Brandi, também convidado, mostrou-se favorável mas depois declinou. Antônio Assunção, o então superintendente também não poderia pelas limitações do estatuto. Com isso, Sérgio Rodrigues sai como candidato tendo apoio de Zezé Perrela, entrando como vice da chapa. Sem candidato e acuado, Gilvan apoia Wagner Pires de Sá. Anísio Ciscotto convence Aquiles Diniz, então presidente do Banco Inter, a concorrer. O mesmo aceita tendo o apoio de Bruno Vicintin, que seria seu vice de futebol.Quando o nome foi levado a Lemos e Gilvan, os mesmos recusam devido ao fato dele não freqüentar nenhum dos clubes sociais, não tendo assim a simpatia dos conselheiros que Wagner gozava. Impulsionado pela conquista do penta, Wagner Pires consegue ser eleito.

Gilvan teve duas oportunidades de mudar o estatuto entre 2014 e 2017, mas não quis se indispor com Zezé Perrella. Teve a oportunidade de lançar Aquiles Diniz, porém não quis arriscar  se indispor com os conselheiros que freqüentavam as sedes sociais. Com isso, Wagner Pires acabou eleito com seu apoio e, devido a entrada de Sérgio Nonato e Itair Machado em sua equipe, houve o rompimento com Gilvan, seu principal apoiador, no dia seguinte a eleição.

Posteriormente, o isolamento do Gilvan dentro do clube foi tão forte que seus dois homens de confiança no futebol, Bruno e Toninho, foram excluídos do conselho, assim como outros conselheiros que fossem suspeitos de qualquer ligação com eles. Em 2020, enquanto Gilvan acabou apoiou Sifuentes para presidência do Conselho, Giovanni Baroni, ainda que indiretamente (pois Vicintin e Antônio Assunção já não faziam mais parte da política do clube), contou com o apoio dos dois.

Compartilhe