
FOTO: BRUNO HADDAD / FLICKR OFICIAL / CRUZEIRO E.C.
A sétima derrota sofrida pelo Cruzeiro na Série B em 14 rodadas representa 50% da competição disputada pelo clube até aqui com o gosto amargo de não somar pontos, algo trágico para um clube que já iniciou a competição com -6 devido a punição da FIFA. O revés sofrido para o Sampaio Corrêa na noite de ontem por 2×1 jogou o time para o 18º lugar, com 11 pontos – três a menos que o Botafogo-SP, 16º colocado, e a 12 do Juventude, quarto colocado. O aproveitamento para o acesso já chega a 72% e a probabilidade de rebaixamento a Série C é maior do que a de promoção (43% x 2,8%). Ainda assim, o técnico Ney Franco ratificou que o foco do time continua sendo a promoção.
O pensamento nosso é o acesso. A gente sabe que, em alguns momentos, isso parece impossível. Logicamente, a leitura está aí, não podemos desprezar a matemática. Se existe um detalhe que norteia o trabalho de qualquer treinador, principalmente em competições de pontos corridos, é a matemática. A gente sabe do grau de dificuldade que temos no Campeonato Brasileiro pela frente, destacou.
Naturalmente que o discurso do treinador seja esse, pois o Cruzeiro é um clube gigante e quando uma equipe desse tamanho sofre um golpe tão pesado – e inédito – espera-se que entre como favorito na competição. No entanto, a realidade é dura e Ney está prometendo algo que, de acordo com seus trabalhos passados, dificilmente conseguirá entregar. Se o aproveitamento de 33,3% em seis jogos (duas vitórias e quatro derrotas) for mantido, o clube conseguiria somar no máximo mais 24 pontos, o que lhe daria 35 ao final da 38ª rodada e uma vaga na Série C. Como a expectativa é que a equipe evolua ou o profissional perderá seu emprego em breve, seu aproveitamento deverá ser um pouco superior ao dobro do atual (72%) e um número entre 17 e 18 vitórias em 24 rodadas restantes.
Os 72 pontos em disputa em 24 rodadas reforçam a necessidade de subir seu aproveitamento atual de 33,3% para 72%. Ney Franco terá que apresentar algo que ainda não conseguiu em sua carreira. Em 2018, quando conquistou o acesso com o Goiás em 4º lugar, obteve 57,8% de aproveitamento em 34 jogos da Série B. Em 2019 ainda no Goiás foram 45,4% em 45 jogos. Na Chapecoense no mesmo ano ficou apenas 18 jogos e um aproveitamento de 35,1%. O mais próximo do número que conseguiu chegar foi no Athlético Paranaense, entre 2007/08, com 66,6% em 48 jogos. É hora de encarar a realidade: Ney Franco prometeu algo que dificilmente conseguirá entregar e, hoje, a realidade do Cruzeiro é de luta pela permanência na Série B. O acesso, infelizmente, está muito distante. A torcida bem que tentou avisar quando foi contra a vinda do técnico, resta ao presidente humildade para reconhecer o erro e corrigir a rota enquanto há tempo.