FOTO: BRUNO HADDAD/FLICKR OFICAL CRUZEIRO
Giorgian De Arrascaeta chegou ao Cruzeiro em 2015, como uma grande promessa a se concretizar. Dois anos após sua chegada, Arrascaeta amadureceu e deixou de ser o “vaga-lume” questionado pela crônica esportiva para ser inegavelmente um dos melhores meias do futebol brasileiro, um jogador decisivo no bicampeonato da Copa do Brasil (17/18).
Além dos títulos, Arrascaeta alcançou marcas que alçaram sua imagem ao dos grandes ídolos do Cruzeiro: são 186 jogos e 50 gols – o estrangeiro que mais vestiu e mais marcou com a camisa celeste. Junte tudo isso com a fama de decisivo, “carrasco” de clássicos e um futebol de velocidade, dribles e lances marcantes. É a receita do sucesso: Arrascaeta era (até ontem!) uma unanimidade. Quase nada poderia apagar ou manchar sua história no clube e no coração do torcedor. Quase.
No dia da apresentação, bastou uma primeira atitude errada para começar a ser contestado. Deu ouvidos ao empresário e deixou a Toca II para “negociar” com o Flamengo – que claramente aliciou o jogador com cifras surreais de salário e ignorou o Cruzeiro sumariamente. Sem dúvidas, o empresário Daniel Fonseca é o grande responsável pela situação criada. Hoje, sexta-feira, faltou de novo ao treino e meio que deixou claro que não quer permanecer no clube. Tudo isso acontece uma semana depois do próprio atleta dizer em entrevista à rádio Itatiaia que só sairia do Cruzeiro para ir para um grande clube na Europa.
Afinal, o que conta mesmo é a camisa! (Foto: Vinnicius Silva/Flickr Oficial Cruzeiro)
Partindo da visão “empresarial” da coisa, o certo é entender que Arrascaeta deveria ter sido vendido para a Europa tão logo se firmou como o grande talento que é ainda em 2018. Seu ano pós-Copa, por exemplo, é sensacional e não ter uma boa proposta de nenhuma equipe do velho continente mostra também uma falha de planejamento gigantesca. Aqui, aproveito pra parafrasear meu amigo João Henrique Castro quando diz que essa situação não foi feita hoje e sim ao longo da temporada com a (falta de) planejamento para com o atleta como um ativo valioso do clube.
Sou um crítico ferrenho da atual gestão do Cruzeiro e isso é inegável. No geral, procuro publicar neste espaço matérias apuradas e informações. Outras vezes, me sinto confortável pra dar opiniões e me portar – com racionalidade, claro – um comentarista parcial. Minha postura aqui é condizente com a minha pessoa e quem me acompanha no twitter sabe um pouco como eu sou. Por exemplo, elogiei o atual vice-presidente de futebol em explanar a situação com clareza e cobrar publicamente do empresário.
No final, ainda torço pela permanência do atleta para que tudo seja resolvido. Caso a saída seja iminente, torço para que uma proposta estrangeira apareça como salvação. Perder o jogador para o mercado interno é o pior dos cenários, pois além de reforçar um adversário direto, ainda arranha uma bonita história de idolatria que estava se consolidando. Afinal, o que seria do futebol se não a ilusão de que o amor da torcida é o que move o clube?!
E por favor, Arrascaeta, não faça como Montillo… o seu futuro pode ser igual ao dele.
Edit.: Arrascaeta publicou em seu twitter, às 12h, que ele e seu empresário teriam recebido ameaças do vice-presidente de futebol do Cruzeiro, Itair Machado, enquanto a reunião acontecia. E que o seu número de seu celular teria sido vazado de forma “coincidente” logo após o término da reunião. A nota completa abaixo:
