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Os executivos, dirigentes e cabeças da CONMEBOL são pessoas tão retrogradas, que seus cérebros não se adaptam aos tempos modernos. Verdadeiros neandertais ou outras coisas que eu nem consigo definir. Eles não conseguem trabalhar com o básico diante dos mais diversos problemas. E tivemos o jogo de ontem, que seria hoje, remarcado para o dia 27, como eu mesmo disse que aconteceria no último texto, só clicar aqui!
Mas vamos contextualizar a situação: caso o Zamora, que enfrentou o Cerro Porteño no dia 13 de março, tivessem os mesmos “problemas” que o Deportivo Lara teve para chegar aqui, será que a CONMEBOL seria tão legalzona e remarcaria a partida para outro dia ou meteria um WO no lombo do Zamora? Vamos brincar de ligar os pontos: Cerro Porteño, CONMEBOL, sede em Luque, Paraguai… ia ser ferro nos venezuelanos sem fair play nenhum.
E não é de hoje que essa entidade demonstra uma tremenda má vontade com os clubes brasileiros. A ideia de que a entidade responsável pelo futebol na América do Sul está fazendo algo de legal, com outras intenções por baixo do pano, não é nada absurda. Vamos agora voltar 10 anos no tempo: a maldita final da Libertadores de 2009. Quem começou toda a famosa briga pelo tal bicho (assunto que já é de domínio público) foi, adivinha só… a CONMEBOL!
Na época, o Cruzeiro estava em Goiânia. A equipe iria de lá em um vôo fretado para a Argentina. Mas foi naquela mesma semana que o país hermano enfrentou um problema seríssimo de saúde pública, o surto da gripe H1N1 (a famosa gripe suína) que tinha se espalhado, causando pânico na população.
Espantados com a epidemia que o país portenho enfrentava e as notícias que eram veiculadas, inclusive apontando pessoas mortas pela gripe, alguns jogadores daquele elenco se reuniram e decidiram que, naquelas condições, eles não viajariam para a Argentina. Prevalecia, ali, o bom senso. Era uma questão de saúde pública – lembrando que estádios de futebol e demais ambientes fechados com grande concentração de pessoas, eram os lugares ideais para a transmissão do vírus. Esses atletas não estavam errados em se recusar a ir.
Diante daquela situação, Eduardo Maluf e Guilherme Mendes fizeram vários apelos para a CONMEBOL. Eu mesmo fiquei encarregado de enviar os e-mails. Maluf ligou para os executivos pré-históricos da confederação, explicando toda a situação, cobrando que se adiasse o jogo e a resposta foi rápida e seca: SIGA LA PELOTA. Vai ter jogo.
Quando os jogadores foram comunicados da decisão da CONMEBOL, aqueles que falaram que não viajariam decidiram por manter o posicionamento e foi aí que o ex-presidente Zezé Perrella convocou uma reunião para tratar do tal “bicho da discórdia” para os atletas… E o resto da história vocês já sabem.
Entender a CONMEBOL não é tão difícil. É a entidade que não aceita adiar uma partida por conta de saúde pública, com uma existência real de contaminação e proliferação de um vírus mortal, numa partida entre brasileiros e argentinos. Mas é a entidade que não mede esforços para proteger os seus. O Zamora não teve problemas em sair da Venezuela pra enfrentar um paraguaio. Boca e River não tiveram problemas em serem os grandes finalistas, mesmo com todos os episódios que comprovam que diversos fatores externos ajudaram esses times a se classificarem.
Devemos ter empatia com a situação do povo venezuelano, claro, mas se o Zamora conseguiu sair e jogar sua partida e já havia uma primeira remarcação do jogo entre Deportivo Lara e Cruzeiro, o correto era, sim, meter um W.O. nos caras, dar os pontos para o Cruzeiro e vida que segue – inclusive, eu espero que o departamento jurídico da Raposa ao menos tenha se resguardado com toda documentação necessária para evitar complicações futuras. E que já tenha na manga a ideia de que, caso necessário, será preciso sim pedir os pontos.
Como nada disso aconteceu e remarcaram a partida lá pra casa do carai, o torcedor que se foda. E tem mais: sabe-se Deus se esses caras vão conseguir chegar aqui dia 27 mesmo. Eu tenho minhas dúvidas e se caso não consigam, vão remarcar a partida novamente. Vai vendo.
A CONMEBOL odeia o Cruzeiro e os demais clubes brasileiros. E infelizmente seguimos estendendo para eles o tapete vermelho de nossos estádios.