Prezando sempre pelo bom jornalismo como pressupõe nossa linha editorial, há algum tempo somos um veículo que vem abordando de forma enfática os desmandos e os indícios claros de corrupção e aparelhamento do Cruzeiro pela atual diretoria, eleita em 2017 e com plenos poderes desde então. Nesse tempo, diversas denúncias foram feitas e hoje somos um canal aberto para que a torcida de qualquer time de Belo Horizonte saiba a verdade sobre o que acontece nos bastidores.
Depois o relatório da sindicância divulgado nesta última quarta-feira (31), nós recebemos uma denúncia de um associado do clube, ligado ao quadro desde 2002, que nos procurou para apontar esquemas de ingressos. O esquema parte dos próprios diretores do clube, que repassam os mesmos como forma de agrado a outros conselheiros e associados, um lobby, buscando apoio para a atual administração e manipulando suas opiniões para que sempre sejam favoráveis a qualquer postura. Por precaução e lógica, preferimos manter nossa fonte no anonimato, para evitar represálias. Lembrando que o sigilo da fonte é um direito constitucional garantido e em respeito à liberdade de imprensa.
De acordo com os relatos é apontado que de 2018 pra cá, os clubes sociais ganharam novos diretores para cada modalidade de esporte, por exemplo: diretor de peteca, futebol, vôlei e até “diretor de portaria”. Esse mesmos diretores recebem, por jogo, uma média de 10 ingressos para distribuir entre a galera que usufrui das dependências. Aqui, a fonte é enfática ao dizer a “galera das peladinhas de futebol e do vôlei”.
Ainda sobre a distribuição de ingressos, o associado nos passou a seguinte informação: “E quem ajudou na campanha do Wagner recebe ingressos até hoje. Tenho familiares ligados que recebe e até eu já peguei pra alguns jogos”.
Questionado por nossa reportagem sobre como era feita, nossa fonte enfatizou a participação do funcionário Gaúcho, responsável pela bocha do clube: “Pro jogo de terça [River Plate], tinha fila pra buscar ingresso com o Gaúcho. Esse ano é bem provável que os 120 mil virem 240” [em referência ao número de ingressos distribuídos gratuitamente constatados no relatório da sindicância]. Vale ressaltar que Gaúcho foi o responsável pelo áudio que viralizou em grupos de whatsapp semanas atrás, falando sobre o lobby de conselheiros à favor da atual diretoria e se referindo ao grupo eleito para o conselho fiscal como “nós” – você pode conferir a matéria clicando aqui.
A denúncia se estende ao patrimônio do clube: de acordo com a fonte, houve reclamações a respeito do estado de alguns problemas estruturais (estado das quadras, pintura, piscinas etc) e que Vitório Galinari, superintendente administrativo da sede campestre, figura próxima a Itair Machado, teria adotado uma postura ríspida com todos os que questionam, alegando até mesmo que se quiser, pode fechar quadras e outras dependências do clube arbitrariamente, em completo desrespeito com o associado e com o patrimônio do clube.
Apoio a Itair Machado:
O associando ainda nos fala sobre um movimento orquestrado por conselheiros e associados para fazer camisas a favor do vice-presidente de futebol, Itair Machado, hoje afastado por decisão judicial: “Os conselheiros favoráveis ao Itair vão fazer camisas de apoio a ele. Tem condições isso?” indaga.
Diante do exposto, fica evidente que os desmandos e as falcatruas acontecem de forma clara e visível para todos – e corrobora com todas as demais denúncias feitas ao longo desse período e com os números que arrombam os cofres do clube e é o retrato da delicada situação vivida hoje.
O espaço para esclarecimentos do Deus Me Dibre está aberto para os citados na matéria se pronunciarem.
Atualização – 1/8 22:09: Vitório Galinari, citado em um dos casos acima, nos procurou e mandou seu posicionamento. Como de praxe no jornalismo, segue a íntegra da resposta:
Recebi por agora sua matéria de hoje à tarde em que meu nome é citado.
Gostaria de esclarecer alguns pontos.
Sou superintendente administrativo da Sede Pampulha do Cruzeiro, desde Janeiro de 2018, a qual recebemos em estado lastimável e que os associados são testemunhas. Desde então, estamos trabalhando para colocar o clube social com as melhores condições de uso.
Somos adeptos a críticas e solicitações dos associados, muito me estranha a colocação de que sou ríspido com os associados quando destas reivindicações, sempre dei a total liberdade para que venham até mim solicitar ou reclamar de algo, pois é o principal elogio que recebemos dos associados em relação a administração passada que não os atendia. Hoje toda solicitação é feita a tempo e hora, pois os associados são os legítimos donos do Clube.
Quanto ao caso citado, me lembro muito bem de ter sido parado por um associado da peteca pleiteando a pintura das quadras, dizendo que a qualquer hora petequeiros poderiam se acidentar gravemente, então dei a opção de interditar a quadra se realmente estivessem correndo risco de acidente se assim ele achasse que seria prudente a interdição da mesma. Disse também a ele que já tínhamos programado a pintura para depois do Churrascão, sendo interpelado que o mesmo já havia acontecido e não tínhamos pintado ainda, disse a ele que estava programado a entrega da pintura das quadras (a segunda em apenas 18 meses de administração) para a primeira semana de Agosto e entregamos as quadras pintadas na primeira semana de Julho.
Diante do exposto gostaria que publicasse meu direito de resposta e dando toda a liberdade ao site para que faça uma pesquisa de satisfação junto aos associados da sede Pampulha em relação a sua atual administração e relação pessoal com os associados.
Em momento algum fui procurado pelo Deus me Dibre para qualquer esclarecimento como dito ao final da matéria.
Fico a disposição para esclarecimentos quando meu nome for citado e o que for relacionado à Sede Pampulha do Cruzeiro.
Att. Vitório Galinari