Paulo Autuori, que estava ocupando o cargo de diretor-técnico do clube desde agosto, assumiu interinamente como treinador do Cruzeiro até o final da temporada. Ele aceitou integrar a comissão técnica após a demissão de Zé Ricardo, fazendo a transição de sua posição anterior dentro do clube. Durante vários momentos da coletiva, deixou claro que não está disponível para exercer a função de técnico no Brasil, muito menos de um prazo entre seis meses à um ano, de forma que sua aceitabilidade, nesse contexto, passa pela enorme gratidão que sente pelo clube:
“Não estou disponível para pegar um período de um ano ou seis meses como treinador. Esse é um momento totalmente diferente. Em seis jogos, menos de um mês já estamos terminando. Acima de tudo, iniciei falando que pra mim futebol é vida. Por ser vida, o meu desafio hoje é de vida, não de futebol. Num momento complicado para uma Instituição que na última década vem sendo degradada e deteriorada de uma maneira clara e evidente, que levou em duas temporadas em que nem na primeira página da Série B aparecia e uma correndo o risco de descida. Com tanto tempo pra fazer tantas coisas erradas, eu tenho uma gratidão ao Cruzeiro por ter me proporcionado participar de uma campanha vitoriosa. Tenho uma gratidão por esse clube por isso. Dei o meu contributo ínfimo e chegou a hora de dar em outro momento. Não é pra dentro do clube, jogadores, imprensa ou torcida. É pra minha vida, para os meus netos terem uma ideia de que na vida, vivemos todos nós entre o bem ou mal, alegria e tristeza, vitórias e derrotas, sim e não. (…) Nos momentos de tristeza, derrotas e dos nãos, encarar isso de frente, é para os meus netos que quero que entendam esse momento.”
Durante a coletiva em diferentes momentos, Autuori enfatizou sua decisão de não permanecer como treinador do Cruzeiro para o ano de 2024. No entanto, ele expressou o desejo de continuar exercendo o cargo de diretor técnico do clube, posição que assumiu em agosto deste ano. O dirigente ressaltou, inclusive, que foi convencido por outros membros da diretoria celeste a estar presente nesses seis jogos integrando a comissão técnica interina:
“Não sou um treinador, sou um diretor técnico que nesse momento emergencial vou tentar honrar aos dois profissionais que passaram aqui. Ao Pepa e a esse profissional de altíssimo nível, e nós que somos profissionais podemos analisar no dia a dia de maneira aprofundada. Não julgamos, analisamos. Um profissional que tenho certeza que continuará a mostrar todo seu valor. Esses profissionais fizeram coisas interessantes e boas, que a crueldade que o futebol brasileiro trata os profissionais da minha ex-classe, que agora estou em outra função. Já fui treinador, estou nesse momento junto de dois profissionais de altíssimo nível. (…) Mas, como falei, esse clube precisa no momento de uma retribuição da minha parte como profissional, do momento que há muitos anos atrás me deram essa oportunidade extraordinária. Fui convencido pelos amigos pelos profissionais que aqui estão, nesses seis jogos estar presente e contribuir com os dois treinadores, esses sim, tanto o Seabra quanto o Vinicius, eles são os treinadores e eu sou o diretor técnico. Sei exatamente qual é minha função e, se há possibilidade de continuar para o ano (que vem) é zero.”
O recém-contratado técnico do Cruzeiro está acompanhando a equipe em Itu, no interior de São Paulo, onde o time está se preparando para o jogo do próximo sábado, às 18h30 (horário de Brasília), contra o Fortaleza, no Ceará. Este jogo da 30ª rodada do Campeonato Brasileiro foi reagendado devido à participação do time tricolor na final da Copa Sul-Americana. Para sair dessa situação complicada na tabela, Autuori ressaltou a necessidade de ser coragem e que está “nas mãos” da equipe:
“Está na nossa mão. Uma coisa é a gestão em termos de reconstrução que está sendo feita de forma clara e evidente por um ex profissional que veio para ser uma tábua de salvação para o clube. Vamos esperar os seis jogos para saber se formos eficientes, eficazes, capazes para conseguir isso. E se conseguir, acabou, não tem nada de satisfação porque não é onde o clube deve estar. Temos que buscar, e para buscar vamos passar por momentos difíceis. Precisamos de coragem, e é coragem que começo o discurso com os meus jogadores no dia de hoje.”
Autuori também frisou a importância da equipe encontrar nessa reta final encontrar a eficácia necessária para concluir as oportunidades criadas em outros jogos em gols. O treinador destacou a recuperação do Papagaio e a contribuição também de outros atletas para minimizar a dificuldade do time em marcar gols:
“Nesse curto caminho que temos, de seis jogos, temos que encontrar isso. Voltar o Rafael Papagaio que está voltando de lesão, que possa já num momento melhor da sua lesão e outros jogadores que tem também que, em algum momento, minimizar essa dificuldade (de marcar gols). Uma equipe é eficiente quando faz bem feito as coisas. Construir bem e chegar bem no último terço. Quantas vezes vemos uma equipe vai muito bem, cria uma enormidade, tem mais posse e não consegue ganhar o jogo e perde por 1 a 0 numa única chance do rival. O que nós não temos é eficácia. Em todos esses jogos em que poderíamos ter colocado em prática um jogo eficiente, não fomos eficazes.
Autuori participará da comissão interina formada por Fernando Seabra, técnico do Sub-20, e o auxiliar permanente, Vinicius Rovaris. Os profissionais recebem o Cruzeiro na 17ª posição, somando 37 pontos, apenas um ponto abaixo do Bahia, que está fora da zona de rebaixamento. O Cruzeiro enfrentará dois confrontos diretos com times também envolvidos na luta contra o rebaixamento: Vasco e Goiás. Após a derrota para o Coritiba, virtualmente rebaixado, esses jogos ganharam ainda mais importância para a permanência do clube na Série A.