Autuori reconhece erros, defende Wesley e diz contar com todos: “Não vou dar ao luxo de abrir mão de jogadores”

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O técnico Paulo Autuori falou após o empate do Cruzeiro em 2 a 2 diante do Vasco, no Mineirão, em partida adiada da 33ª rodada do Campeonato Brasileiro, que mantém o clube em 16º, com 41 pontos, agora com 3 pontos de distância para o Bahia, primeiro dentro da zona de rebaixamento, com 38 pontos. O treinador evitou personificar os erros defensivos cometidos pela defesa celeste e atribuiu os gols sofridos a todo o sistema da equipe, dizendo que a equipe sabia que o Vasco iria alçar bolas na área e que pagaram o preço pelos erros cometidos:

“Os erros no futebol não podem ser personificados. Os sistema como um todo tem que assumir isso. Nós sabíamos que o Vasco ia começar alçar bolas na área, estávamos preparados pra isso. E bola parada muito mais, porque sabíamos que ou vem no primeiro ou no segundo para preparar pra dentro. E aí erramos. Quando se erra, paga-se o ônus por isso. Iniciamos bem o segundo tempo de fazer o gol e terminamos com chance clara em que não fomos efetivos e muito menos eficazes. É isso, leitura simples, tranquila e objetiva.”

O jogador também foi questionado sobre a utilização de Wesley, que não foi relacionado para o duelo diante do Fortaleza e hoje entrou em campo, tendo desperdiçado duas oportunidades, dentre elas uma clara no último lance do jogo. O treinador ratificou que conta com todos os jogadores e que sua escolha foi devido a características que o jogo exigia:

“O critério é o de sempre, conto com todo mundo. O fato de não ir pro jogo não tem nada a ver, é característica. É um jogador que poderia entrar no lugar do Arthur e manter uma intensidade de jogo nos “sprints” pra frente, com velocidade. É um jogador que no histórico tem gols importantes. Não conseguiu fazer o gol, vai fazer em outros momentos e vai perder. Ali é característica do jogador, e nós sabíamos desde sempre, queríamos explorar a velocidade, você joga com tudo no futebol. Temos que jogar o jogo mental, e todos sabem que tipo de jogo o Wesley faz. Então a preocupação era com a sua velocidade. Ele podia ter aproveitado mais, mas ele e outros vão perder e fazer.”

O treinador também explicou a não utilização do zagueiro João Marcelo para tentar evitar a quantidade de bolas aéreas vencidas pelo Vasco e, novamente, saiu em defesa dos jogadores mais questionados pelo torcedor nesse Campeonato, que são Mateus Vital e Wesley:

“Mateus fez um bom jogo em todos os sentidos pra mim. O Mateus saiu porque tomou um pisão forte e se machucou. Na minha perspectiva fez um jogo esperado. O Wesley, todos falam isso (…). As palavras são opiniões, eu falo de fatos. O Adriano Gabiru, na época do Inter, estava sendo execrado. O treinador acreditou, ele foi pro Mundial e fez o gol. Virou ídolo e esquecem tudo que falaram. O jogo do Mundial é em dezembro, final de temporada. Dentro desse calendário horrível do Brasil, em janeiro começou o estadual, fez dois, três jogos e já não valia nada. Ou nós somos o que somos ou vamos viver indo pra lá e pra cá. Conto com todo mundo e nesse momento não vou dar ao luxo de abrir mão dos jogadores. Todos eles são importantes e vamos em frente.

“Do João Marcelo, é muito cedo pra fazer aquilo. Ele entrou naquele momento do jogo lá porque já estava no final e era uma situação prevista. Se entro com uma linha de cinco, ao invés de subirmos a marcação, retrocedemos e permitir os cruzamentos. Estava previsto, seria feito após passar o tempo, mas se naquele momento se entra e o time vem pra trás e leva o gol. A minha resposta é que não entrou porque se entra naquele momento íamos baixar muito o bloco e o adversário ia pra frente nesse jogo aéreo forte. Não foi só o segundo, o primeiro era evitável. Erramos como equipe. Temos que usar “nós”, errou o sistema.”

Confira outros trechos da coletiva:

Equilíbrio emocional para confronto diante do Goiás e equipes da parte de cima da tabela:

“Prefiro enfrentar equipes que vão jogar e podem nos gerar vantagens em relação a característica de jogadores que temos. Sair de Curitiba e enfrentar o Fortaleza fora, que é muito complicado para qualquer equipe. Se conseguimos aquilo é um sinal positivo. E nós vivemos de sinais, talvez não com a velocidade que gostaríamos, mas se são sinais, geram uma tendência. Espero te dar essa resposta no final do jogo contra o Goiás. Eles (jogadores) me deram uma resposta muito boa depois do jogo contra o Coritiba num grau de dificuldade enorme. Na prática, respondo melhor depois do jogo.”

Exagero de cruzamentos na área e utilização do Papagaio só nos acréscimos:

“Foi uma situação planejada porque os cruzamentos saíram do lado direito em grande maioria visando a bola entrar entre o goleiro e a defesa dele. No primeiro tempo duas bolas entraram ali e poderíamos ter aproveitado melhor, era esse o objetivo. Não eram da maneira que o Vasco usa para aproveitar o Vegetti. Analisamos que o Vasco tem a dificuldade nesse espaço entre o goleiro e a defesa. O Rafael entrou e não tem estratégia nisso, naquele momento precisávamos fazer alguma coisa. Quantas vezes já vimos jogos serem decididos no último minuto e a partir dali tivemos duas situações claras de gol e poderiam ter sido melhor aproveitadas. É isso.”

Utilização dos jogadores oriundos das categorias de base:

“Claro que sim. Não é a minha vontade, é a ideia que o clube tem. Mas é aquilo que falei, quantas vezes já vimos que tem que colocar da base, entra em alguns jogos mal e se descarta o jogador. Eles vão continuar porque é uma ideia clara da política de futebol do clube, não porque é pedido. Quando cheguei o que mais escutei é que não tinha ninguém na formação. Entra o Ian, o Kaiki, que tem condições de jogar, o Japa entrou e mostrou o mesmo tipo de personalidade que apresentou contra o nosso rival e é um jogador que eu conto. Não só com ele, hoje tinha o João Pedro no banco, então a ideia é essa. É uma ideia que precisa ter convicção e coragem.”

Falta de oportunidades para o Fernando, artilheiro do Sub-20:

“Ele já esteve no banco. Não é porque tem 20 gols, estava sendo analisado. Isso é uma análise simplista, futebol é outra coisa. No dia a dia é preciso ver a maturidade futebolística dos jogadores. O Fernando tem uma capacidade de ler o jogo interessante, só que temos de ter atenção. A quantidade de jogadores novos no momento que poucos o utilizariam, estamos analisando no dia a dia e aí entram os quatro pilares: físico, técnico, tático e mental. É isso que nos mostra se o jogador está com a maturidade futebolística ou não. Se ele entra e não faz gol, o que vão dizer? O mundo do futebol precisa de um jogador que faz gol. Nós temos o Rafael, teve uma lesão e está voltando. Tem uma experiência pra nesse momento que o emocional é algo que condiciona e temos que pensar nisso tudo.”

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