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Mano Menezes conheceu na noite de ontem a teoria profetizada pelo histórico treinador húngaro entre os anos 30-70, Béla Guttmann: “O terceiro ano de trabalho é fatal”. Para ele, este era o tempo antes de seus jogadores se desgastarem e perderem a motivação para seguir acreditando que o trabalho executado é o correto. Os resultados – ou a falta deles – demonstram como essa tese atingiu em cheio o Cruzeiro. Nos últimos 18 jogos, seu time empatou oito e perdeu nove. A única vitória foi conquistada sobre o Atlético, por 3 a 0, no Mineirão, pelo jogo de ida das quartas de final da Copa do Brasil. Também foi a única partida onde a equipe conseguiu marcar gols, jejum que perdura há oito pelejas ou 825 minutos. Surreal.
É verdade que a teimosia do técnico com algumas peças e falta de oxigenação de um time experiente (média de 31 anos da equipe titular) com jogadores que já passaram do seu auge técnico e físico cobraria o preço em algum momento. Esse elenco conseguiu feitos incríveis, como o bi-campeonato da Copa do Brasil, mas já sinalizava um esgotamento. Exemplo disso são os resultados recentes e a conquista do Mineiro com um pênalti sinalizado graças ao VAR. Os adversários passaram a estudar melhor os problemas táticos e notaram a imensa dificuldade que os comandados de Mano Menezes possuíam para propor jogo. O motivo é extenso: pouco apoio e suporte dos volantes, falta de movimentação, tabelas e infiltrações dos pontas e péssima fase vivida por Thiago Neves e Fred. A lesão de Rodriguinho apenas ajudou a agravar o quadro.
Gostando ou não dos seus métodos, Mano entregou resultado, mas o momento exigia uma troca imediata de comando para chacoalhar o ambiente e mexer com o brio dos atletas. O esgotamento tático, a saturação de métodos aplicados há três anos somados com o caos político, administrativo e financeiro, além de um esvaziamento do elenco contribuíram diretamente para a aceleração do fim que sinalizava ocorrer apenas em dezembro. É preciso agir rápido e estancar a sangria. Dorival Júnior surge como um nome interessante pelo seu último trabalho recente no Flamengo, onde conseguiu 72% de aproveitamento (11 jogos: 7 vitórias, 3 empates e 1 derrota). Abel Braga também agrada a importe alas do conselho segundo o jornalista Vinicius Dias.
A saída do técnico Mano Menezes encerra um dos ciclos mais vitoriosos da história do clube com duas conquistas da Copa do Brasil, em 2017 e 2018, além de dois títulos estaduais, em 2018 e 2019. Seus três anos de trabalho permitiram que alcançasse a quarta posição entre os técnicos que mais dirigiram o Cruzeiro, com 235 partidas. Contando os números da primeira passagem, no segundo semestre de 2015, foram 112 vitórias, 69 empates e 53 derrotas. 333 gols marcados e 205 sofridos. No fim das contas, Béla Guttmann tinha razão.
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