BRASILEIRÃO SE GANHA NO ATAQUE OU NA DEFESA?

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”O campeonato não é por gols feitos, o campeonato é por pontos corridos” – Esta foi uma das frases do técnico Mano Menezes após a vitória fora de casa contra o Ceará, a 3ª vitória seguida conquistada pela Raposa Baguda no Brasileirão. O time celeste hoje é o vice-líder e torce por um empate ou derrota do Fluminense contra o Paraná hoje, para terminar a rodada na posição.

O Cruzeiro vem voando baixo nos gramados, apesar da maratona desgastante de praticamente 1 jogo a cada 4 dias. Nas últimas 16 partidas, foram 10 vitórias, 3 empates e apenas 3 derrotas (uma delas com equipe totalmente reserva). Foram 23 gols marcados e apenas 5 gols sofridos no período, num contexto geral vem passando o falo em riste sem cerimônia na face dos adversários, números espetaculares dada a pesada sequencia de jogos. Some a isso ainda alguns desfalques importantes, como o meia Arrascaeta, que se prepara para jogar uma Copa do Mundo.

Mas quando o assunto é apenas Brasileirão, o recorte é um pouco diferente. Em 9 rodadas foram apenas 6 gols marcados, o que torna o ataque celeste o 3º pior do campeonato, apenas Paraná e o Ceará, os 2 lanternas do campeonato, fizeram menos gols. Questionado a respeito disso, o técnico Mano Menezes respondeu com a frase citada no inicio desta coluna.

 

”O campeonato não é por gols feitos, o campeonato é por pontos corridos” – MENEZES, Mano

Mano Menezes não falou nenhum absurdo. No Brasileirão, o número de gols marcados é o apenas o 3º critério de desempate, número de vitórias e saldo de gols tem maior relevância. Porém se fizermos uma análise da era pontos corridos, vamos chegar à uma conclusão mais complexa do que a célebre frase ”ataques ganham jogos, defesas ganham campeonatos”.

Fiz uma análise de todos os campeões brasileiros desde 2003 e seu desempenho ofensivo e defensivo durante a campanha. O critério é uma relação entre os gols marcados/sofridos dos clubes e a sua classificação final no campeonato. Se 2 clubes marcaram ou sofreram o mesmo número de gols, a posição na tabela foi critério de desempate para termos um melhor colocado em cada quesito.

2003 – Cruzeiro
100 pontos, 102 GP (1º melhor ataque), 47 GC (2ª melhor defesa)

2004 – Santos
89 pontos, 103 GP (1º melhor ataque), 58 GC (8ª melhor defesa)

2005 – Corinthians
81 pontos, 87 GP (1º melhor ataque), 59 GC (5ª melhor defesa)

2006 – São Paulo
78 pontos, 66 GP (1º melhor ataque), 32 GC (1ª melhor defesa)

2007 – São Paulo
77 pontos, 55 GP (10º melhor ataque), 19 GC (1ª melhor defesa)

2008 – São Paulo
75 pontos, 66 GP (2º melhor ataque), 36 GC (2ª melhor defesa)

2009 – Flamengo
67 pontos, 58 GP (6º melhor ataque), 44 GC (2ª melhor defesa)

2010 – Fluminense
71 pontos, 62 GP (4º melhor ataque), 36 GC (1ª melhor defesa)

2011 – Corinthians
71 pontos, 53 GP (8º melhor ataque), 36 GC (1ª melhor defesa)

2012 – Fluminense
77 pontos, 61 GP (2º melhor ataque), 33 GC(1ª melhor defesa)

2013 – Cruzeiro
76 pontos, 77 GP (1º melhor ataque), 37 GC (2ª melhor defesa)

2014 – Cruzeiro
80 pontos, 67 GP (1º melhor ataque), 38 GC (4ª melhor defesa)

2015 – Corinthians
81 pontos, 71 GP (1º melhor ataque), 31 GC (1ª melhor defesa)

2016 – Palmeiras
80 pontos, 62 GP (1º melhor ataque), 32 GC (1ª melhor defesa)

2017 – Corinthians
72 pontos, 50 GP (4º melhor ataque), 30 GC (1ª melhor defesa)

LEGENDA: GP = Gols Pró, GC = Gols Contra

Contra fatos não há argumentos. Em 15 edições do campeonato Brasileiro por pontos corridos, tivemos um ataque TOP3 da temporada levando o título em 10 edições (66%). Ter uma das 3 melhores defesas do campeonato é uma característica presente entre quase todos os campeões, mas nas poucas vezes que não esteve (3 temporadas) o que garantiu a taça foi ter o MELHOR ATAQUE do campeonato. Para ser campeão brasileiro é preciso ter um ataque forte, os números estão aí.

Quando se disputa 3 competições simultâneas e com pouco tempo de intervalo entre os jogos, o desempenho é comprometido. O Cruzeiro adota a estratégia correta, se mantendo entre os primeiros colocados no Brasileirão na medida do possível e aumentando o ritmo nos jogos de mata-mata, onde não se pode errar. Mas o desempenho ofensivo tem sim que ser melhorado: o líder Flamengo (16 gols marcados no Brasileirão) disputa as mesmas competições que o Cruzeiro e veja a diferença de rendimento no ataque.

A parada para a Copa do Mundo veio em bom momento. Além do merecido descanso depois de uma pesada maratona de jogos, é a hora de fazer os ajustes para o restante do ano. O Cruzeiro tem condições de fazer uma temporada histórica, estamos vendo dentro de campo o melhor desempenho celeste desde o dia 26 de julho de 2016, quando Mano Menezes retornou ao clube. E a tendência é melhorar ainda mais.

#VamoQueVamo

FOTOS: Bruno Haddad/Cruzeiro E.C.

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