
FOTO: BRUNO HADDAD/CRUZEIRO
Que o momento do Cruzeiro é horrível, já não é novidade para ninguém. Se não bastasse os problemas dentro de campo, péssima campanha na série B (1 ponto em 3 jogos) e eliminação na Copa do Brasil para o Juazeirense, os extra campo tem causado cada vez mais dor de cabeça nos torcedores. É áudio de diretor pedindo ajuda a empresário, presidente “sumido”, dívidas novas aparecendo todos os dias… É problema que não acaba mais.
Mas e soluções, existem? O que pode ser feito para tirar a Raposa desta situação? Quais deveriam ser as principais pautas deste momento dentro do clube? O que é viável e o que não é?
Visando esclarecer e debater sobre o atual momento cruzeirense, no último domingo (13), Carlos Ferreira, conselheiro do Cruzeiro e ex-membro do conselho gestor, participou do programa Camisa de Força, no YouTube. Lá, foi sabatinado sobre os mais diversos temas de interesse do torcedor. Um dos principais responsáveis por cuidar do futebol celeste, no período em que Vittorio Medioli “presidiu” o time, Carlos falou sobre o estatuto, Cruzeiro S/A, expulsão de conselheiros, entre outros temas.
Estatuto atual e ação da torcida
O estatuto do Cruzeiro hoje, protege toda diretoria, ele protege toda uma organização que está corrompida e aparelhada. O estatuto é o maior protetor deste pessoal. E não é de hoje que é assim. Desde a época do Zezé, que houve aquela mudança do estatuto que há essa proteção.
Dentro do conselho do Cruzeiro há muitas pessoas boas. Nem todos lá são corruptos ou vivem do Cruzeiro. Pelo contrário, tem muita gente boa e que ama verdadeiramente o Cruzeiro. Então, essa movimentação, essa mobilização da torcida, ela foi de suma importância para virar a página do Cruzeiro. Nós estamos em um ponto em que o clube tem um passado brilhante e gigantesco, mas um futuro em que você não sabe o que vai acontecer. Um futuro incerto. Essa participação da torcida agora é muito importante, e somente a torcida pode hoje, devido as limitações do estatuto, que impede que os conselheiros de bem ajam com eficácia, para que pudesse, por exemplo, afastar o presidente… O caso do Sérgio, até que se prove o contrário, é incompetência.
Emilio Brandi, desistência e os conchavos do conselho
Em maio de 2020, o Emílio Brandi seria (candidato a presidência). Mas ele falou “eu não vou, não tenho estômago para ficar ligando para conselheiro para pedir voto. Eu não consigo mexer com essa turma.”. Ele é de uma grandeza tão espetacular, que ele falou: “Não vou! Vamos aqui formar uma chapa única, eu assumo o Cruzeiro e a gente vai…”. Então assim, existe tanto conchavo, tanta coisa obscura, que na calada da noite tem decisões tomadas, que acaba afastando os bons cruzeirenses desse sistema.
Cruzeiro S/A
O Medioli foi brilhante na sua colocação, no vídeo que está rodando (onde fala que é preciso fazer uma limpa no Cruzeiro e transformar o clube em uma S/A). É importante lembrar que o estatuto atual permite a venda de ações de apenas 49%. Os outros 51%, o presidente é quem vai gerir. Eu acho que o Portela (Léo Portela – Deputado Estadual e conselheiro do clube) foi muito feliz nessa colocação; quem vai colocar R$ 300 milhões para essa diretoria do Cruzeiro administrar? É muito difícil isso. E aí, passamos pelo estatuto novamente. Precisamos mudar o estatuto!
O que fazer? Renúncia do presidente é a salvação?
O que eu acho? Acho que se é pra renunciar, tem que sair todo mundo. Tem que renunciar a mesa diretora e renunciar o executivo. Não tenho dúvidas disso. Se houver renúncia, que eu não acredito que o Sérgio vai fazer, mas se acontecer, dele sozinho não adianta. É igual “erva daninha”, se ficar uma raiz, contamina o resto.
Expulsão de conselheiros
Em relação aos 29 conselheiros, o Dr. Dalai (Dalai Rocha – conselheiro e ex-presidente) por conta da pandemia passou por cima de apenas um rito. Que é a necessidade de levar a votação em assembleia. Só isso! Só que ele expulsou e os caras foram lá e retomaram a condição de conselheiro deles. Mas o que deveria ter sido feito, se houvesse vontade política pra isso: anula-se o processo administrativo que foi irregular e automaticamente na justiça se perderia o objeto. Comunicava a justiça que o processo foi cancelado e poderia ter começado outro imediatamente. Nesta altura do campeonato, não era para ter mais esses caras no conselho do Cruzeiro.
Sobre os 6 pontos
Eu seria incoerente de acusar alguém, tanto Sérgio, ou seja lá quem for, de acusar diretamente pois não tenho provas concretas. Para que eu fale alguma coisa, eu tenho que provar. Mas havia sim, o Alexandre Farias tinha no SICOOB algumas situações adiantadas de empréstimo e eu estava operacionalizando junto ao Hissa do Coimbra e o Ricardo Drubscky, através de reuniões online e presenciais, onde chegamos a falar sobre jogadores que poderiam ser emprestados ao Coimbra, porcentagem de passe de atletas… O Hissa me respondeu que o Sérgio já estava conversando com eles, já que ele seria o próximo presidente.
Qual o modelo de gestão para o Cruzeiro atual
Para resolver a questão hoje, primeira coisa é que eu acho que o Sérgio perdeu vestiário, perdeu credibilidade com jogador. Hoje o Cruzeiro não tem credibilidade! Tem que ter alguém lá hoje que recupere a credibilidade moral do Cruzeiro. Esse é o primeiro passo. Uma vez readquirida esta credibilidade, mudar o estatuto, reformar o estatuto, com a mais urgência possível. Tem que reformar o estatuto pra hoje. Só desta maneira conseguiremos ir quebrando esse ciclo vicioso de transferência de responsabilidade. A gestão do Zezé deixou R$ 130 milhões pro Gilvan pagar. A gestão do Gilvan deixou R$ 420 milhões pro Wagner. O Wagner deixou R$ 860 milhões pra frente. A transferência de responsabilidades é um absurdo.
A entrevista completa com Carlos Ferreira está no link a seguir. Não perca!