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Caso Vitor Roque: outras partes se manifestam após nota do Cruzeiro

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FOTO: GUSTAVO ALEIXO / FLICKR / CRUZEIRO E.C.

Após a nota divulgada no início da noite da última terça-feira (12), em que o Cruzeiro alega que a negociação do atacante Vitor Roque com o Athlético-PR não seguiu corretamente os trâmites, inclusive com o clube paranaense pagando um valor abaixo do que o devido, na visão do clube mineiro, foi a vez das outras partes envolvidas se manifestarem.

Em veículos diferentes, Alexandre Mattos (CEO do Athlético-PR), Mario Celso Petraglia (presidente do Athlético-PR) e André Cury (empresário e agente do jogador Vitor Roque) falaram sobre os bastidores da negociação, desde a época da negociação com o Cruzeiro até a oferta do jogador ao Furacão. Embora exista pontos convergentes nas falas das outras partes, em diversos momentos é possível notar contradições sobre as versões.

O primeiro a se manifestar foi Alexandre Mattos. O ex-diretor de futebol do Cruzeiro falou à Rede 98, onde deu a versão mais longa e detalhada dos fatos. Mattos alegou que foi procurado inicialmente por Ronaldo e Paulo André, para comprar o Vitor Roque por R$40 milhões, valor que considerava alto para o Athlético, mas que depois foi informado pelo empresário André Cury sobre a multa de R$24 milhões. Mattos ainda informou sobre o papel de André Cury e disse que o próprio empresário revelou que ficou sabendo da multa, considerada baixa, pelo Cruzeiro, que buscava aumentar o salário porque estava “fragilizado”.

Confira os argumentos de Alexandre Mattos à Rede 98

“No domingo agora, no último dia 10, recebo uma ligação do Ronaldo, junto do Paulo André, tentando fazer uma contratação do Jajá, que tinha um acordo formalizado pra ir pro Bahia. A gente liberou o Zé Ivaldo e o Ronaldo me pediu o Jajá. Nesse momento, o Ronaldo me disse ‘Alexandre, você quer comprar o Vitor Roque? Vamos fazer o seguinte, me paga 40 milhões de reais, me empresta o Zé Ivaldo e o Jajá.’ Eu falei ‘Ronaldo, acho um pouco acima do meu orçamento 40 milhões de reais, mas eu vou conversar com meu presidente Petraglia’, ele disse até que parcela.”

“O Petraglia falou que era muito e perguntou se eles (Cruzeiro) conseguiriam melhorar alguma coisa. Eu falei ‘vamos fazer uma proposta’ e ele ‘mas o menino tem o interesse de vir pra cá?’ Eu falei ‘olha, o André Cury é o responsável pela participação da venda do jogador. Ele que levou do América para o Cruzeiro’. Liguei pro André Cury, por volta de 11:30 da manhã, ‘André, o Cruzeiro me ligou agora querendo vender o Vitor Roque, dá pra gente fazer um acordo, você vê com bons olhos?’ a reposta do André Cury: ‘Alexandre, o menino vai sair amanhã do Cruzeiro. Porque eles vão pagar a multa. A multa é 24 milhões de reais.’ aí eu falei ‘então eu quero’.”

“O Petraglia disse ao Ronaldo que não pode pagar mais que os 24 milhões, porque tá na multa. Como vou justificar que estou comprando um jogador maior que a multa? Ali ficou o silêncio e não falamos mais. Por volta de 22h, veio a informação do empresário do jogador que disse que comunicou via e-mail, para o Cruzeiro, que iria fazer a rescisão unilateral. Aí eu tive que convencer o André, o Ehler e o Sandro de que o melhor caminho era o Athlético-PR. E aí a gente fez o acordo.”

“O senhor André Cury, que me falou da multa, me disse que ficou sabendo da multa porque o diretor do Cruzeiro, Pedro Martins, informou ele. O Cruzeiro, através do Pedro, começou a ligar muito pro André. O Pedro disse a ele que o Cruzeiro estava fragilizado e que precisava de aumentar o salário do menino (Vitor Roque).”

Confira trechos da fala de Mario Celso Petraglia sobre a situação ao Superesportes

Em entrevista ao portal Superesportes, o presidente do Athlético-PR, Mario Celso Petraglia, reforçou algumas das falas de Mattos, mas se contradisse sobre a participação do empresário André Cury. De acordo com Petraglia, Ronaldo teria procurado o presidente com a oferta de venda de R$40 milhões pelo Vitor Roque, mas que no momento ele já tinha conhecimento da multa.

“Eu conversei com o Ronaldo, e o Ronaldo me pediu um valor considerando o valor do jogador em R$ 40 milhões. Neste momento já tínhamos o valor da multa, os percentuais (divididos dos direitos econômicos de Roque), eu disse que não tinha sentido. Expliquei que a multa estabelecida estava baixa, porque o atleta se revelou um possível atleta de nível internacional. E disse que nós iríamos exercer o que a lei permite”.

“Não tem absolutamente nenhum envolvimento do Alexandre, além de sua função que ele exerceu do contrato que tem conosco, observando todas as oportunidades do mercado. E não me consta que esse jogador é do André Cury”

“Eu conheci os agentes do jogador agora, não foi através de André Cury da vida. São dois rapazes de Belo Horizonte, o ex-jogador loiro (neste momento, a reportagem pergunta se ele se refere a Sandro e Ehler Pessoa. Petraglia confirma). São pessoas simples, gente boa, que conversei com eles. Eles estavam dispostos. Depois, ficamos sabendo que o América tem um percentual, que o jogador foi descoberto pelo América. Também ficamos sabendo que o jogador tinha um percentual”.

A versão de André Cury ao GE.globo

Ao site ge.globo, o empresário André Cury falou sobre a situação e novamente houve contradição entre as versões de Alexandre Mattos e Petraglia. André Cury alegou que ele foi o responsável por procurar o Cruzeiro em busca do reajuste salarial – e não somente exerceu o papel de quem vende o atleta – inclusive chamando a diretoria de incompetente por não realizar o reajuste salarial, enquanto o clube buscava por um novo contrato.

“Quem procurou o Cruzeiro para aumentar o salário do Cruzeiro foi eu. Não foi o incompetente do Cruzeiro. Eles não deram e sabiam da multa (de R$ 24 milhões). Tanto é que exigiam um contrato novo.”

O agente também atacou o clube, dizendo ser “caloteiro” e contestou o processo de aquisição da SAF realizado por Ronaldo Fenômeno.

“O Cruzeiro é o maior caloteiro do futebol em 100 anos. Ética é a venda que entregaram tudo para o Ronaldo de bandeja? Isso é ético?”