Outro dia desses, numa dessas redes sociais (twitter, essa é legal, mesmo com os fakes), fiquei numa tristeza danada.
Estava falando sobre o nosso Diabo Loiro – Natal – e um torcedor me perguntou: “e quem é Natal?”
Meu! Olha… fiquei chateadão! Cresci ouvindo meu avô, que também se chamava Natal, contar as diabruras do ponta que “apenas um soco poderia parar”.
“‘Rudrigo’, era impossível marca-lo. Corria até, ia para cima dos zagueiros e passava por eles como queria e ó… o danado fazia gol até.”
Sabe pessoal, antigamente jogador de futebol era encontrado no futebol amador, na várzea, no terrão. Não era como acontece hoje, que basta ter um bom empresário e saber a quem pagar que vinga, mesmo sendo ruim. NÃO, tinha que ser BÃO! Nem o “mais ou menos” tinha espaço.
Foi o caso do nosso Ídolo Eterno. Ele jogava pelo time do Barreiro, clube amador da Cidade Industrial. Um olheiro do Cruzeiro o encontrou e ficou impressionado com a velocidade do garoto, mesmo franzino, levava o galegão que fosse na habilidade.
Chegou para a base do clube e rapidamente já estava fazendo sucesso com os profissionais. Fez parte daquele time mágico de 1966, campeão da Taça Brasil, que trucidou o Santos de Pelé. No Mineirão o épico 6 a 2 para o Cruzeiro. No Pacaembu o 3 a 2. E se você não conhece essa história, pare tudo que está fazendo e vá estudar o capítulo 1 do Cruzeiro Esporte Clube.
Só pra lembrar: o primeiro tempo terminou 2 a 0 para o Peixe. Natal incendiou a partida no 2º tempo. Tostão fez de falta o primeiro gol celeste, Dirceu Lopes, o príncipe, empatou. 2 a 2, resultado que já nos dava o título, mas o nosso diabinho queria vencer – e já conto o porque – fez o gol que nos deu a virada histórica e nosso primeiro título de Campeão Brasileiro.
Agora, o motivo: no intervalo do jogo no Pacaembu, dirigentes do Santos e da extinta CBD, foram até vestiário da Raposa para combinar onde seria a terceira partida, desprezando todos os jogadores. Natal e companhia colocaram todos do staff santista pra correr do vestiário e aí, o mundo que já tinha ficado estremecido com o massacre azul na Toca III, rachou de vez, ao ver o Maior de Minas implodir o Santos dentro dos seus domínios.
Em um papo que eu e o Stefano Poke tivemos a honra de ter com Natal, ele revelou que era meio danado, aprontava algumas as vezes, gostava de uma farra. Furletti, presidente do Cruzeiro naquela época, várias vezes pensou em vender o ponta. Mas sabe quem comprava a briga do Diabo Loiro? A esposa do presida, não aceitava que o talentoso ponta deixasse o Gigante Azul.
Natal chegou a Seleção Brasileira, quando ainda era um pouquinho séria. Mas minha seleção veste azul e tem no peito cinco estrelas! Na amarelinha, Natal chegou por merecimento e foi injustiçado como sempre fazem com nossos craques. Tô nem aí!
AQUI ELE FOI E SEMPRE SERÁ O NOSSO DIABO LOIRO, O CARA QUE IMPLODIU O SANTOS DE PELÉ. O divertido atleta que gostava de carrões, pegava no pé dos companheiros e levava alegria para a torcida mais fantástica do BRASIL.
Detalhe, eu e o Stefano Poke quando o entrevistamos, fomos recebidos com a cerveja gelada, linguicinha frita e sem direito a não aceitar.
Iluminados somos. Ficamos embreados com um ídolo.
Torcedor Cruzeirense. Toda vez que tiver a oportunidade de encontrar esse Ídolo Eterno, seja onde for, faça uma homenagem a esse boa praça, esse cracaço de bola, que levou o nome do Cruzeiro bem além das montanhas de nossa Minas Gerais.
Para meu avô, Seu Natal
CRUZEIRO 3 X 3 ATLÉTICO-MG – MINEIRO DE 1967
Em 1967 Cruzeiro e Atlético se enfrentaram no Mineirão. Uma vitória dava o título antecipado para o nosso rival e eles estiveram próximos do feito mas… O empate forçou uma final, que seria disputada em uma melhor de três partidas. O Cruzeiro não deu mole, venceu logo as duas primeiras e sagrou-se campeão