
Foto: Flickr Oficial / Cruzeiro
O conselho deliberativo do Cruzeiro discutiu nesta segunda-feira, 11 de fevereiro, sua situação econômica e seu planejamento financeiro e votou, por quase unanimidade, um empréstimo que gira em torno dos 300 milhões de reais. Conforme já noticiando anteriormente a ideia é contrair o empréstimo a partir de uma única instituição financeira, com juros compostos e valor a ser quitado de forma parcelada pelos próximos quatro anos, além de uma carência de até um ano e meio. 314 dos 316 conselheiros que estiveram presentes, votaram a favor do empréstimo.
O planejamento proposto agradou aos conselheiros. De acordo com a apuração do portal Deus Me Dibre, a reação antecipada de grande parte do conselho durante as reuniões extra-oficiais que aconteceram ao longo das últimas semanas já davam indícios e apresentavam o otimismo da diretoria em relação ao proposto.
Muito discutido nas redes sociais, a condição do empréstimo como proposto chamou atenção até de especialistas da área, caso do Júlio Reis, torcedor cruzeirense e dono da Smart Valor, voltado ao ramo da economia e administração, que fez uma sequência de vídeos no twitter explicando sobre o processo de empréstimo e como isso deveria ser feito em relação direta ao pagamento das dívidas e do investimento futuro, para que o clube não fique a mercê do dinheiro em um médio/longo prazo. Você pode conferir essa sequência de tweets clicando aqui ou indo ao perfil @julioreis78.
Antes mesmo ter o plano aprovado nesta noite, Júlio diz que gosta da ideia do empréstimo, mas discorda dos valores estipulados e da quantidade de parcelas, ainda comenta sobre a necessidade de ser fazer um planejamento para o custeamento desses valores a longo prazo: “o Cruzeiro está se utilizando de um mecanismo bom, boas práticas de mercado, transformando uma dívida cara, que pode trazer problemas operacionais e correndo o risco de trazer sanções pro clube, com juros muito altos que podem corroer o patrimônio do clube por uma outra dívida, mais bem escalonada, com uma carência, com uma taxa muito razoável pro mercado nacional.”
Júlio cita suas preocupações, sendo duas: “a primeira sobre o valor. Se está captando 300 milhões, é porque acreditam que há uma dívida emergencial a ser quitada na ordem de 350, 400 milhões. Será que realmente precisa quitar todo esse valor de dívida? Tem dívida que é mais saudável, pode ser quitada mais tarde, que pode rolar pra um segundo momento? E o segundo é que o clube não tem como alienar seus recebíveis pra pagar na ordem de 57 milhões por semestre e montar um fluxo de pagamento sem planejar como obter esse fluxo de pagamento. Seria mais racional apresentar um projeto desse aliado a um projeto de otimização dos gastos e otimização das receitas, já que há potencial pra alavancar a receita do clube por umas análises prévias que eu fiz diante da grandeza do clube e da torcida, as receitas ainda são modestas do que a gente observa em outros clubes.”
Diante do cenário de que não existiu oposição e outras propostas não foram apresentadas, fica evidente que a opção, sendo a única, deverá atender às necessidades do Cruzeiro no mercado, partindo da quitação das dívidas e retomando a boa imagem do clube no mercado, atraindo ainda mais investimentos e consolidando uma força a ser vista também nas contratações e na manutenção de um time forte para o futebol.
Com a aprovação, fica o apelo da torcida para que as condições reais desse empréstimo sejam esclarecidas e a publicidade do contrato seja possível. De fato, o clube necessitava de uma ação mais enérgica para que as contas começassem a fechar depois de anos de desmandos na administração, conforme eu já publicado no portal. Que o conselho, responsável por aprovar o plano, continue a exercer seu papel e fiscalize o clube com a mesma prontidão em que aprovou essa negociação envolvendo o plano financeiro.