FOTO: REPRODUÇÃO / CRUZEIRO
O início da noite da última sexta-feira (28) foi marcado por discussões e problemas no conselho do Cruzeiro, que discutiu a aprovação das demonstrações financeiras da associação no clube do Barro Preto. Com a presença de pouco mais de 100 conselheiros, o balanço que apresentou uma dívida de pouco mais de R$1 bilhão foi aprovado com ressalvas.
Ao todo 109 conselheiros votaram pela aprovação das contas do Cruzeiro, que não enviou aos seus conselheiros um balanço financeiro com notas explicativas, como era de costume até a temporada passada. Foram enviados balancetes com os números frios da situação do clube, que mostra o atual perfil da dívida do Cruzeiro.
Isso se dá por conta de dois processos pelo qual a associação vem lidando, o primeiro por conta da transição do futebol do Cruzeiro para a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) que desvinculou alguns ativos e alguns patrimônios da associação, como eram os casos dos atletas e dos centros de treinamento (Toca da Raposa I e II). O segundo é a Recuperação Judicial, pela qual o Cruzeiro aguarda por uma homologação para poder diminuir o montante da dívida e enfim conseguir honrar seus compromissos.
Durante a reunião e a apresentação dos números por parte do atual presidente da associação, Sérgio Santos Rodrigues, muito se questionou sobre os repasses da SAF, que no discurso do presidente serão destinados diretamente para o pagamento de dívidas trabalhistas e cíveis. Houve também confusão por conta de posicionamentos políticos contrários, com uma parte do conselho já pensando na eleição ao cargo de presidente, que ocorrerá no final deste ano.
Perfil da dívida
Atualmente, o clube tem um perfil de dívida problemático e que, mesmo com a aprovação da Recuperação Judicial por parte dos credores, vai depender dos repasses da SAF para poder sair de uma situação deficitária – o clube apresentou um deficit de R$65.486.393,79 – ressaltando que, por lei, a gestão de Ronaldo terá que repassar 20% das suas receitas na SAF para o abatimento de dívidas na associação.

Um dos pontos que mais incomoda a associação atualmente são as dívidas de curto prazo, identificadas no balance como “passivo circulante”. Essas dívidas são as que mais atrapalham o fluxo de caixa da associação e geram, além de execuções, uma dificuldade operacional. No balance consolidado, esse valor aparece com o saldo atual de R$383.987.890,41, mostrando que o perfil da dívida do clube vem mudando ao longo dos últimos anos.

Do outro lado, o clube ainda tem uma grande dívida a ser paga e esse número é visível quando analisamos o “passivo não circulante”, ou seja, as dívidas de longo prazo, que geralmente se encontram parceladas. Ao todo, o clube deve R$715.194.750,29.

Vale ressaltar que o clube, enquanto ainda vive todo o processo de Recuperação Judicial, tem as possíveis execuções, por conta de cobranças, suspensas. Da mesma forma, é preciso dizer que ao adquirir as ações majoritárias da SAF e fazer o acordo pelos centros de treinamento, a gestão de Ronaldo também assumiu as dívidas tributárias da associação (valor próximo ao de R$190 milhões) que tinham as Tocas como garantias.
De toda forma, as contas do Cruzeiro só estarão definidas a partir do momento em que houver uma definição em relação ao processo de Recuperação Judicial. Hoje, o valor da causa está estipulado em R$537 milhões.