
IMAGEM: MONTAGEM / REPRODUÇÃO
No domingo do dia 26 de maio, o Fantástico, da TV Globo, exibiu em pleno horário nobre uma reportagem de mais de 10 minutos, apresentando diversas irregularidades, denúncias de falsificação de documentos, lavagem de dinheiro, falsificação ideológica e levantando os desmandos que vem acontecendo e hoje colocam o Cruzeiro num quadro caótico administrativo e financeiro.
A maioria do conteúdo da matéria não é novidade, ao menos não pro leitor deste portal. Em nosso editorial especial (clique aqui) explicamos e deixamos claro que nosso objetivo sempre foi fazer o bom jornalismo e, ao mesmo tempo, cobrar por um Cruzeiro limpo e saudável. Na sequência, todos os tópicos trazem links de matérias publicadas aqui no portal, basta clicar nas palavras destacadas para acessá-las.
O balanço e a dívida:
Grande parte do problema começou após a divulgação do balanço do Cruzeiro. Após um ano da gestão Wagner Pires de Sá, a dívida aumentou mais de 135 milhões. O déficit anual apresentado foi de R$27 milhões. O balanço apresenta aumentos consideráveis em gastos pessoais e até aumento de comissões a empresários. Contraria a própria política de saúde financeira que vinha sendo dita pelos diretores. Aqui é importante ressaltar que a retórica de apontar todas as mazelas pras diretorias anteriores era uma prática comum nas entrevistas exclusivas e também coletivas.
Vale ressaltar que por quase unanimidade, junto do conselho, o clube aprovou um empréstimo de 300 milhões junto a fundos internacionais para quitar parte das dívidas imediatas. Entretanto, até hoje esse dinheiro não chegou à Toca – ou se chegou, foi feito de forma obscura, sem transparência e sem divulgação. Se os valores assustam por si, saber as “manobras” que foram feitas pra chegar nesses valores trazem ainda mais dúvidas e apontam mais irresponsabilidade com o clube.
A mais gritante dessas manobras e irregular diante do código contábil, foi colocar a venda do meia uruguaio Arrascaeta como se tivesse sido ocorrida em 2018, sendo que notadamente foi realizada em 2019. O objetivo por trás disso foi evitar sanções (que ainda podem vir a acontecer) com o PROFUT e diminuir o mesmo déficit.
A falta de transparência:
Diante do cenário descrito, o conselho fiscal que não vinha recebendo os documentos necessários para fiscalizar as contas do clube e o balanço divulgado, pediu a renúncia. Uma carta foi enviada a Zezé Perrella cobrando mais transparência. Aqui, o ex-presidente do clube atual presidente do conselho deliberativo passa a ser figura central. O mesmo já tinha sido notificado das irregularidades que vinham acontecendo com o clube e não tomou partido da situação.
O conselho fiscal não aprovou as contas e deixou em evidência que haviam muitas irregularidades com o dinheiro que o clube movimentava. Até o momento, o clube segue sem um conselho fiscal eleito, não podendo aprovar o balanço e deixando o Cruzeiro exposto a sanções esportivas. Para analisar os documentos Zezé Perrella propôs criar uma sindicância, mas até o momento nada pôde ser feito: o primeiro nome indicado por Perrella foi preso numa operação da Polícia Federal; o segundo nome foi barrado pela CNJ (comissão nacional de justiça) por ser réu e apresentar um histórico de irregularidades.
Itair Machado e o aparelhamento:
Toda a repercussão dos últimos 15 dias deixaram em evidência a força do atual vice-presidente de futebol Itair Machado. Dono de um salário astronômico, num cargo criado só para alocar o cartola, o ex-presidente do Ipatinga indicou a maioria dos seus “homens de confiança” para trabalhar no Cruzeiro. O organograma de tudo pode ser conferido no portal superesportes (clique aqui) e dá a dimensão real de que o Cruzeiro, hoje, está na mão de uma única pessoa.
Mesmo com um histórico de condenações na justiça por sonegação de imposto, diversos processos trabalhistas e estar envolvido em todas as investigações policiais, com ligações suspeitas a empresários e agentes (muitos nem cadastrados pela CBF) Itair segue prestigiado pelo presidente Wagner Pires de Sá. Itair tem usado de um discurso populista para tentar ganhar a confiança da torcida – ao mesmo tempo que rompe com instituições e queima a imagem do clube.
Vale ressaltar aqui a política de oito ou oitenta que se instalou no clube quando Itair assumiu. Nomes técnicos e de respeito chegaram a aceitar cargos estratégicos no clube. Mas nenhum deles durou sequer um ano inteiro. Casos como o do ex-vice-presidente financeiro, Divino Lima, de currículo irreparável e reputação ilibada, que deixou o clube com pouco menos de três meses alegando incompatibilidade com as “práticas” que estava sendo feitos, um indício forte do que viria a seguir.
A solução, a torcida e o conselho:
Diante de tudo que foi exposto, o conselho através de mais uma centena de conselheiros resolveram se posicionar. Abrindo mão de qualquer “lado político”, conselheiros e associados se juntaram pra criar um movimento “Pró Cruzeiro Transparente” e até então tem cobrado por explicações e ações – entre elas, o afastamento dos envolvidos nas irregularidades apontadas.
Ao mesmo tempo, a torcida cobra nas redes sociais por uma limpeza imediata e uma reestruturação do clube. Não deixando que os resultados em campo causem alguma influência essas decisões. Já não há apoio público orgânico por parte dos que, hoje, querem que essa diretoria não só deixe o clube, como pague por tudo. Em contraponto, uma horda de perfis bots e fakes tentam distorcer as informações publicadas para cooptar torcedores a ficar ao lado dos que hoje mandam no clube. A tentativa, até então, parece ter sido em vão. O cenário é complicado e fica evidente quem de fato quer o bem para o clube e quem tem interesses pessoais na manutenção dos que hoje estão lá.
As denúncias ainda não acabaram. A situação do Cruzeiro é complicada e mesmo com todo contorcionismo, a diretoria do clube ainda está em xeque. Não há mais ambiente, o cenário financeiro é caótico (a premiação para a classificação das quartas-de-final da Copa do Brasil, por exemplo, já está comprometida) e os que estão lá, hoje, apostam na morosidade e na burocracia das instituições para deixar que tudo caia no esquecimento.
O futuro do clube segue na mão da torcida, que mesmo diante desse cenário caótico, segue mostrando ser o maior patrimônio desse clube. E isso ficou visível na partida de ontem contra o Fluminense. E que os conselheiros assumam a postura de proteger e livrar o clube daqueles que só usufruem dele em benefício próprio, estão ali representando milhões de apaixonados.